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quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Portugal inova com concurso que premia vinhos e os territórios onde foram produzidos, promove as comunidades e vale por dois

 

Por Rogerio Ruschel

Veja porque o Concurso Cidades do Vinho 2020 de Portugal, da Associação de Municípios Portugueses do Vinho - AMPV mereceu a chancela da Presidência da República.

Meu prezado amigo ou amiga, existem muitos concursos para vinhos no mundo, dezenas deles, com ou sem quarentena. Mas você vai conhecer um concurso realmente diferente, que vale por muitos: o Concurso Cidades do Vinho 2020, da Associação de Municípios Portugueses do Vinho. Explico porque.

Quando um concurso premia um vinho, o destaque é dado ao rótulo (uva, safra e marca); depois à vinícola/adega, ao enólogo, ao produtor e bem depois de tudo isso poderá ou não ser apresentada alguma informação sobre o território no qual foi produzido.  E só vai ser citado se o território tiver uma IG – Identidade Goegráfica. E mesmo quando se destaca o vinho por causa do terroir, não se fala no território, só no clima, solo, vento, chuva, calor, etc..Quere dizer: mesmo que o terroir pertença, esteja inserido em um território, o território quase nunca é lembrado.

Pois o concurso da Associação de Municípios Portugueses do Vinho – AMPV é diferente. “O Concurso Cidades do Vinho é o único do mundo que associa vinhos e territórios, porque, para além dos produtores, estão também os municípios envolvidos. Esta ligação é importantíssima num setor onde a concorrência é enorme a nível mundial”, relata José Arruda, secretário geral da entidade e da Associação das Rotas dos Vinhos de Portugal (ARVP). Na foto abaixo, Pedro Ribeiro, presidente da AMPV.

Promover o território em conjunto com o vinho é uma das razões pelas quais o Concurso Cidades do Vinho 2020 de Portugal deu um passo para a frente em termos de inovação. Mas o concurso vai além disso: os participantes também vão se inscrever automáticamente (e de graça) no Concurso Internacional Città del Vino (com realização na tália, em maio de 2021) e os vinhos premiados vão integrar (de forma gratuita ) uma galeria exclusiva de vendas em uma platafroma de internet exclusiva, a smartfarmer.pt.

Mais ainda: o concuso português vai homenagear Paolo Benvenuti, criador e ex-diretor geral da Associação Città del Vino da Itália por muitos anos. Veja entrevista que fiz com Paolo em 2015 quando fomos palestrantes em um congresso internacional de enoturismo na Espanha: http://www.invinoviajas.com/2015/08/citta-del-vino/

Não satisfeitos, Pedro Ribeiro, presidente da AMPV, e José Arruda, secretário geral, criaram uma Comissão de Honra presidida por Vasco d'Avillez (ex-presidente da ViniPortugal e da Comissão Vitivinícola da Região dos Vinhos de Lisboa) composta por quase 90 prefeitos das cidades do vinho de Portugal e 30 personalidades ligadas ao setor do vinho, turismo, enoturismo e gastronomia.

Este show de integração e promoção da Associação de Municípios Portugueses do Vinho (AMPV) recebeu o apoio do presidente da Recevin - Rede Europeia de Cidades do Vinho, José Calixto, do presidente do Município de Lagoa, Luís Encarnação, e de Sara Silva, presidente da Comissão Vitivinícola do Algarve – na foto acima.

Mas agora vem a cereja do bolo: a proposta é tão inteligente e universalizante dos interesses vitivinicolas portuqueses, que recebeu um apoio também inédito e altamente valioso: a chancela de Alto Patrocínio da Presidência da República, concedida pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

José Arruda, secretário-geral da AMPV, Vice-presidente da Itir Vitis e presidente da Associação Mundial de Enoturismo (Ametur) dimensiona o valor desta gesto: “É com enorme satisfação que recebemos este valioso contributo de Sua Excelência o Presidente da República. Vem engrandecer ainda mais esta nossa iniciativa, reconhecer a importância deste concurso nacional para a promoção dos vinhos associados ao território e o trabalho que temos vindo a desenvolver em prol da afirmação de um setor tão fundamental para o nosso país, o setor do vinho, e de uma cultura associada ao vinho que está tão viva e presente e que é transversal a todo o território nacional”.

O concurso recebe inscrições até o dia 30 de outubro e vai ser realizado no Convento de São José, na cidade de Lagoa, Algarve, de 26 a 29 de novembro. A Comissão Técnica Científica é presidida pelo especialista e pesquisador António Curvelo Garcia e António Ventura será o presidente do Júri.

 

Cumprimento meus amigos portugueses e brindo a isso.

 


quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Governo espanhol investe 26 milhões de Reais para promover alimentos da agricultura familiar no mercado externo

 


Por Rogerio Ruschel


Em setembro passado o governo da Espanha iniciou a campanha “Spain Food Nation”, um esforço promocional para promover e dar maior visibilidade aos alimentos espanhóis, principalmente azeitonas, azeite e vinho, que estão entre os produtos mais afetados pela crise da COVID-19 ou pelas tarifas impostas pelo governo norte-americano.

Os Ministérios da Agricultura, Pesca e Alimentação e Indústria, Comércio e Turismo da Espanha se uniram em um acordo de 4 milhões de Euros para a realização de uma campanha promocional em cerca de vinte mercados internacionais para fortalecer a imagem externa do setor agroalimentar espanhol. O Brasil não é um dos alvos.

A campanha “Spain Food Nation” destaca a qualidade e excelência dos alimentos espanhóis e fornece aos agentes de mercado todas as informações necessárias para promover a comercialização internacional dos alimentos espanhóis.
Coordenada pelo ICEX (A cacex dos espanhóis), a campanha que começa esta semana e terá diferentes ações até junho de 2021, desenvolve a imagem da Espanha como um país que alimenta com segurança a Europa e o mundo.

 

Focado na promoção da azeitona e do azeite, do vinho ou do peixe, a campanha terá ainda atividades de destaque na qualidade diferenciada das carnes e produtos curados, frutas e legumes, vinagre, açafrão e outras especiarias espanholas. Será feita uma referência especial à sustentabilidade ambiental do país com a maior produção orgânica do mundo, à segurança alimentar dos produtos e à inovação aplicada à produção agroalimentar.

Além disso, serão destacados os valores empresariais do setor agroalimentar, revelados durante a crise da saúde. Valores que – segundo eles mesmos - têm estado evidentes no esforço que tem feito para garantir o corredor alimentar que tem assegurado o abastecimento na Espanha, na Europa e no resto do mercado externo, bem como na diversificação da sua produção em um momento de alta demanda global.

 

A campanha é dirigida a profissionais e consumidores de alto poder aquisitivo e terá como foco a geração de conteúdo para mídia internacional de grande prestígio (geral, estilo de vida e especializada) e a organização de eventos de relações públicas.


Os mercados onde a comunicação será mais intensa são Reino Unido, Alemanha, Estados Unidos, Canadá, Japão, Cingapura, China, Hong Kong e Coréia do Sul; seguido pela Suíça, Rússia, Holanda, países nórdicos, Irlanda, Taiwan e Oriente Médio. Para além da campanha publicitária, serão produzidos seis documentários para o canal de televisão Euronews, com veiculação em toda a sua plataforma digital, que transmite em 12 línguas e tem presença e alcance em 40 países de quatro continentes: Europa, América, África e na Ásia.

Também haverá ações em eventos organizados pelo ICEX, como o Foods from Spain Middle East and Southeastern Asia Tour, que será realizado no Vietnã, Indonésia, Malásia e Catar; Eat Spain, Drink Spain, no Reino Unido; as feiras de importadores Open Day 2020 Spanish Food & Wine Showroom, na China; ou a Semana do Vinho Espanhola, na Irlanda.

Pois é, meu caro leitor, é assim que se apoia a produção e venda de alimentos locais, pequenos, com identidade e orgiem. Tenho certeza que um dia o Brasil vai estar fazendo ainda melhor que os europeus.

Saiba mais sobre a Espanha em http://www.invinoviajas.com/?s=espanha

 


Conheça o curioso método ancestral de fazer pasta de tomate da Sicília

 


Por Giovanna Germani

 

Meu prezado leitor ou leitora, já imaginou fazer uma pasta de tomate utilizando como ingredientes principais os tomates e o Sol? Isso mesmo, o bom e velho Sol! Pois é o que Giovanna Germani nos apresenta aqui no In Vino Viajas. Giovanna, redatora para social mídia na agência bauc. é brasileira, mas ao que parece o sangue italiano da família Germani ainda se manifesta. Com a palavra, Giovanna.

 

“Recentemente viralizou nas redes sociais um vídeo feito pela autora italiana Elizabeth Minchilli em seu canal no Youtube sobre esse método tradicional (e muito curioso) de produzir pasta de tomate, ensinado na Escola Culinária Anna Tasca Lanz, da cidade de Vallelunga Pratameno, na Sicília. Esse método, por ser tradicional e encontrado apenas nesta parte do mundo, certamente é um produto com identidade e origem e pode ser considerado um grande tesouro no fundo do quintal dos italianos e um ótimo aliado para o comércio dessa parte da Itália. Confira abaixo um pouco do processo!

 

Assim que são colhidos, os tomates ficam de molho por dois dias inteiros (acima) antes de serem enxaguados em água fria e serem cortados ao meio para tirar qualquer impureza ou sujeira que possa ter ficado nas frutas. Logo em seguida, os tomates são colocados em um balde maior, são misturados com alguns temperos como cebola e folhas de louro e cozinhados para começarem a soltar o líquido que retém, o suculento molho de tomate. Essa é a parte mais simples do processo e muito provavelmente você mesmo já fez algo parecido nas deliciosas macarronadas de domingo com a família.

 

Mas é a partir daí que começa a parte diferenciada do processo de preparo de pasta de tomate siciliano. Logo em seguida, os tomates são deixados para secar por 20 minutos em vasilhas especiais como mostra a imagem abaixo.

 

Depois dos tomates serem passados por um moinho de alimentos que separam as peles e sementes da polpa e descansarem por um dia inteiro na sombra, o grosso da pasta é colocado, para a surpresa de todos, em cima de algumas mesas de madeira ao ar livre – veja mais abaixo.

 

Por três dias (isso mesmo, três dias!) o molho de tomate é deixado em cima das mesas e exposto à ação calorosa do Sol, enquanto os responsáveis pela produção espalham a pasta de tomate para drenar o restante da água que não foi retirada antes.

 

De acordo com Elizabeth, cinco mesas cheias de molho de tomate viram uma grande panela de pasta de tomate concentrado. Mesmo depois de já ter ficado três dias embaixo do Sol engrossando, a pasta de tomate final ainda é deixada de molho nas mesmas mesas de madeira por mais um dia antes de ser colocada em jarras e distribuídas para seus consumidores. Está terminado o mágico processo de colocar o calor do Sol dentro de um pote de tomate amassado para o saborearmos em nossas refeições!

 

Como você pode ter observado, este não é um processo comum de produção deste tipo de alimento e tem um valor intrínseco (e provavelmente das papilas gustativas, é claro) muito maior do que um extrato de tomate produzido em uma fábrica. Ele carrega a cultura da comunidade, talvez centenas de anos de saber-fazer. Ele realmente traz toda a história de sua manufatura, de quem fez o alimento e, em especial, onde foi produzido, o que faz toda a diferença para o consumidor.

 

Por isso, minha amiga e meu amigo, a pasta de tomate siciliana é um verdadeiro tesouro no fundo do quintal!”