Meu prezado leitor ou leitora,
estou atualizando este post que publiquei em junho de 2013, agora que estamos
comemorando 40 anos do Julgamento de Paris. O sucesso do Napa Valley e
dos vinhos da Califórnia vem crescendo desde este evento de tal maneira que se
tornou fundamental para a economia da região e dos Estados Unidos. Veja só: produtores
de vinho, hoteleiros, restauranters, guias, lojistas, gestores públicos e
milhões de norte-americanos participantes de cerca de 60 setores da economia comemoram
o faturamento de R$ 4,5 bilhões (US $ 1,27 bilhões) deixados por turistas no
Napa Valley em 2015. Os visitantes suportaram a geração de 13.680 empregos e
geraram US$ 116 milhões em receitas fiscais (R$ 412 milhões) para a Califórnia.
Será que o evento foi importante? Comemoremos!
Por Tânia Canadá (*)
Olá amigos de
Bacco, há alguns dias fui convidada pelo meu amigo, jornalista e enófilo Rogerio
Ruschel, a escrever alguma coisa sobre o tema Julgamento de Paris; então seguem
minhas observações sobre o acontecimento, dicas dos vinhos a serem degustados e
alguma coisa sobre o famoso filme que vale a pena ser visto.
Em 1976 o
inglês Steven Spurrier, um apreciador de vinhos e dono de loja de vinhos em
Paris, decidiu fazer uma prova de vinhos da Califórnia (Região de Napa Valley)
contra os vinhos franceses, já esperando que os vinhos franceses superassem de
longe os vinhos da Califórnia. Afinal na década de 70 os vinhos californianos
ainda não eram conhecidos mundo afora, ele aceitou essa ideia de uma amiga e
funcionária de sua loja, acreditando também que teria um aumento em suas vendas
de vinhos franceses. Porque Califórnia? Aquele era o ano do bicentenário da
independência americana e como sabemos, a França e os EUA tem uma longa
história nesta luta.
Em visita as
poucas vinícolas de Napa Valley na época, o britânico ficou encantado com
alguns rótulos degustados, comprou algumas garrafas e convidou alguns dos
proprietários das vinícolas para uma viagem a França para acompanharem o evento
de degustação (ocorrido em 24/05/76) que seria feita às cegas por alguns
profissionais renomados do setor. Como nem todos os proprietários das vinícolas
americanas tinham condições de viajar a França, os mesmos se reuniram e
escolheram um representante que falaria em nome das vinícolas de Napa Valley. Veja abaixo uma cena do filme.
Na degustação
em um Hotel no centro de Paris, foram reunidos os rótulos de Napa Valley (branco Chardonnay e tinto Cabernet
Sauvignon) e os Franceses
escolhidos um a um por Steven Spurrier, o Château Haut-Brion
(representando a uva Cabernet Sauvignon) e o Puligny-Montrachet Les Pucelles
-Domaine Leflaive's (representando a uva Chardonnay).
Lacrados e demarcados para a escolha do melhor vinho, a ordem dos vinhos foi entregue ao Sr. George M. Taber, que foi o único jornalista que aceitou cobrir o evento (na época Steven, convidou vários jornalistas para o evento, mas todos recusaram). Em 2010 a cena do filme na qual os jurados descobrem que os vencedores não foram os franceses, foi pintada por Gary Myatt - veja abaixo.
Lacrados e demarcados para a escolha do melhor vinho, a ordem dos vinhos foi entregue ao Sr. George M. Taber, que foi o único jornalista que aceitou cobrir o evento (na época Steven, convidou vários jornalistas para o evento, mas todos recusaram). Em 2010 a cena do filme na qual os jurados descobrem que os vencedores não foram os franceses, foi pintada por Gary Myatt - veja abaixo.
Os convidados
seriam o Sr. Aubert de Villaine, proprietário do Domaine la Románee – Conti, Odete Kahn, editora da Revista Le Revue du Vin de France, alguns sommeliers de
restaurantes renomados da época e o jornalista George M. Taber.
Para surpresa
de Steven Spurrier e de todos os profissionais, o vinho branco vencedor da degustação
foi o Chateau Montelena de Nappa Valley
e o tinto vencedor também foi um californiano, o Stag's Leap Wine
Cellars. (Abaixo, residência em Spring, Califórinia).
Segundo relato de George M. Taber houve uma discussão geral, os profissionais
não conseguiam acreditar que tinham escolhido os vinhos californianos.
O evento teve
tal repercussão que colocou os vinhos californianos na carta de inúmeros
restaurantes e lojas no velho e no novo mundo. Algo irreversível tinha
ocorrido. O mapa do mundo dos vinhos tinha mudado a sua geografia e nunca mais
seria o mesmo. Pouco tempo
depois uma garrafa do Chateau Montelena vencedor passou a fazer do acervo do
Smithsonian Museum (que fica em Washington, DC).
30 anos depois, a Califórnia ganhou de novo
Em 24/05/2006,
30 anos após e famoso Julgamento de Paris o britânico e proprietário de Loja
Steven Spurrier decidiu repetir a famosa degustação. Ela foi feita em Londres e
na Califórnia simultaneamente e com os mesmos vinhos, com profissionais
escolhidos de cada região, e para surpresa geral novamente a Califórnia venceu
a competição com o vinho tinto Ridge Monte Belo. (Vinhedos em Napa Valley, abaixo).
O Famoso
Chateau Montelena (Ganhador de 1976) é comercializado no Brasil pela Smartbuy
Wines. Eles possuem o branco e o tinto (safra 2010), preço bem salgado na faixa
de R$ 400,00 a garrafa.
O Ganhador de
2006 o tinto Ridge Monte Belo e comercializado no Brasil pela Mistral, preço
nas alturas na faixa de R$ 750,00.
O Filme
Julgamento de Paris (Bottle Shock, no original em inglês) foi lançado em 2008, no Festival de Sundance, e o diretor é Randall
Miller. Um filme leve, divertido e livremente inspirado no histórico evento, é
perfeito para assistir acompanhado de uma taça de vinho. Lazer prazeroso, fácil de encontrar em
locadoras ou na Netflix.
O britânico
Steven Spurrier, esteve algumas vezes no Brasil nos últimos anos, e degustou
alguns dos nossos melhores vinhos. Será que em breve teremos uma nova
degustação as cegas Brasil/Napa Valley/França? É esperar e torcer para ver. Sem
nenhuma dúvida nossos espumantes do Vale Gaúcho (Vale dos Vinhedos) seriam bons
representantes para o nosso país.
(*) Tânia Canadá é sommelière e coordena a Confratia 4 Est - contatos: taniacanada@gmail.com - Confraria: http://www.facebook.com/groups/196456527096203/
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