Rogerio Ruschel (*)
Sou jornalista de turismo há mais de 20 anos e sempre dou um jeito de
somar o interesse turístico com a possibilidade de experimentar e aprender mais
sobre vinhos. Pratico enoturismo.
Mas enoturismo é mais do que uma viagem para beber vinho. O enoturismo de qualidade
deve oferecer encantamento ao turista pelas paisagens e imersão na cultura da
comunidade visitada através de folhetos, livros, catálogos, posteres, pequenos
museus, música ambiente, artigos relacionados ao vinho para o turista comprar
como lembrança e muitos outros.
Serviços
ligados às necessidades do turista como alimentação e hospedagem devem também
ser tratadas como oportunidades para criar uma atmosfera de experiências
positivas para o turista. Assim, comer significa experimentar os alimentos, doces,
azeites, temperos, condimentos, hábitos alimentares da gastronomia típica – e
dormir deve significar ter recursos hotelaria com mobiliário, colchões,
cobertas, mimos no quarto e outros equipamentos que traduzam o ambiente rural
onde o vinho está sendo produzido.
Indo
mais além, o enoturismo deve envolver o visitante na cultura e até no idioma da
comunidade produtora e transformar-se em uma experiência para os cinco
sentidos. Em muitos locais – na Itália, Portugal, Espanha, Alemanha e França e
na serra gaúcha – o turista pode participar das atividades de trabalho do ciclo
produtivo do vinho, como por exemplo na colheita, ajudando no corte,
transporte, armazenamento e até mesmo na brincadeira de amassar as uvas com os
pés.
Enoturismo
de qualidade não é muito comum no Brasil e a importância do enoturismo só agora está
sendo percebida pelas vinícolas brasileiras, como fator gerador de receita
imediata e futura. Mas vai mais além da venda produtos, como Adriano Miolo, de
tradicional família produtora de vinhos na serra gaúcha reconhece: “O turismo do vinho é uma das mais eficazes
ferramentas de transformação da imagem do vinho brasileiro. O visitante vem,
conhece, degusta, pergunta. Interage com o produto, vê paisagem, o cuidado, entende como é elaborado. Se sente
orgulhoso, orgulho de ser brasileiro e se surpreende. É tocado para sempre.” Um
exemplo: onde mais uma pessoa poderia ver esta carroça carregada de garrafas de
vinho chianti Ruffino, abaixo? Só em uma festa na Toscana.
Nas regiões vinícolas mais desenvolvidas o enoturismo é promovido nas
festas da colheita (em setembro na Europa e fevereiro no Brasil) ou religiosas,
que variam de comunidade para comunidade. Conheça algumas delas a seguir.
Fête des Vendanges (Clos
Montmartre, Paris, França) - veja um post especial sobre isso aqui no In Vino Viajas
Ban des Vendanges
(Saint-Émilion, Bordeaux, França)
Os membros do Jurade de St Emilion – a grande
confraria do pequeno vilarejo da região de Bordeaux - fazem uma procissão com
suas vestes no final do verão europeu, como parte de um festival que prepara a
vila para a próxima safra. Conheça Saint Emillion em outro post aqui no In Vino Viajas.
Mostra del Chianti
(Montespertoli, Toscana, Itália)
Uma celebração em honra
dos Chianti é realizada na cidade de Montespertoli, na Toscana, no final do mes
de maio, com desfiles temáticos, música, comida e muito vinho Chianti.
Haro Fiesta del Vino
(Rioja, Espanha)
A Fiesta del Vino da cidade
de Haro, em La Rioja, Espanha, em 29 de junho, é conhecida porque as pessoas se
lambuzam com guerra de vinho. Moradores e turistas, vestidos com camisas
brancas, enchem baldes com vinho La Rioja e comemoram a festa de São
Pedro.
Bordeaux Fête Le Vin
(Bordeaux, França)
No final de junho, a cidade
de Bordeaux comemora um enorme festival de vinho nas margens do rio Garonne,
que divide a cidade e exporta parte da produção de vinho para todo o mundo. São quatro dias de festa dedicados ao vinho, à
gastronomia e à cultura. Em breve você encontrar vários posts sobre Bordeuax aqui
no In Vino Viajas.
(*) Rogerio Ruschel – rruschel@uol.com.br
- é jornalista de turismo, enófilo e consultor especializado em
sustentabilidade e gosta muito de festas do vinho.
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