Escavações
em Catal Hüyük na Turquia - talvez a mais antiga cidade da humanidade - em
Damasco na Síria, em Byblos no Líbano e na Jordânia, revelaram sementes de uvas
da Idade da Pedra (Período Neolítico B), de cerca de 8.000 a.C – o que daria
10.000 anos de história de convivência com os homens! Veja nas fotos abaixo
aspectos das escavações em Catal Hüyük e região.
Mas
as mais antigas sementes de uvas cultivadas foram descobertas na Georgia
e datam de 7000 a.C.. Aliás, a Georgia é considerada a pátria do vinho e até
hoje cerca de 500 variedades diferentes de uvas exclusivas do país ainda podem
ser encontradas lá. Na Georgia
foram encontrados jarros de cerâmica para vinho datados com 6.000 anos A.C.,
o que permite que os produtores de vinho da Georgia digam que o país já teve
8.000 safras – em ingles 8.000 Vintages (veja foto abaixo de lançamento de selo
postal sobre o assunto). Imagine uma safra de 8 mil anos atrás! A coisa mais fascinante
ainda é que junto aos sedimentos foi encontrada uma resina de árvores e os
cientistas acreditam que era usada para preservar o vinho.
O ancestral processo de produção de vinho da
Georgia – o “Qvevri”, que consiste em fermentar
as uvas em ânforas enterradas no solo - foi tombado como Patrimônio
Imaterial da Humanidade pela Unesco em dezembro de 2013.
Veja a foto abaixo e saiba mais acessando http://invinoviajas.blogspot.com.br/2013/12/qvevri-cultura-do-vinho-passada-de-pai.html
Já no Oriente Próximo encontramos registros
mais recentes da produção de vinhos: arqueólogos que escavavam um palácio com
idade de cerca de 3.700 anos, perto da
cidade israelita de Nahariya na Cananéia, atual Israel desenterraram o que até agora parece ser a maior
e mais antiga adega de vinhos do Oriente Próximo. A cave media 5 por 8 metros e
guardava 40 frascos grandes (exemplo na imagem abaixo e na foto de abertura
deste post), cada um dos quais poderia guardar cerca de 50 litros de líquido. Fragmentos
de cerâmica foram fervidos em um solvente químico o que permitiu aos
pesquisadores encontrarem vestígios de ácido tartárico e de substâncias
indicadoras da presença de ingredientes como mel, hortelã, casca de canela, zimbro e
resinas de plantas. Veja foto abaixo.
No antigo Egito a produção da uva e do vinho também
fazia parte da agricultura, da cultura, do comércio e da vida quotidiana, como mostra esta
imagem abaixo que retrata o ciclo de produção do vinho com colheita,
engarrafamento e distribuição nos navios.
No Afeganistão
em 2012 foi encontrada uma caixa de garrafas muito antigas, quase sem rótulo.
Removida a sujeira das garrafas uma delas ainda tinha rótulo que dizia Cuvée Canaan, anforado no Domaine Judá, Zebedeu e
filhos, e filhos de filhos e filhos de netos e filhos de bisnetos, millésime 35
a.C. D.O.Arimatéia. Uma gota foi mandada analisar e se tratava de uma uva já
extinta, a Cabernoé da Babilonia, cujos traços tinham se perdido desde a praga
da filoxera de 200 antes de Cristo. Veja abaixo uma antiga anfora de vinho do
Afeganistão, hoje peça de museu .
Estas garrafas do Afeganistão estavam vazias,
mas estas abaixo não: cerca de trinta garrafas do vinho mais antigo do mundo ainda
intacto foram descobertas por mergulhadores num naufrágio no Mar Báltico. As
garrafas são de champanhe e tiveram sua origem estimada entre 1782 e 1788 - portanto anteriores
à Revolução Francesa!
Em Málaga, no sul da Espanha, uma ânfora
romana do século I d.C. foi encontrada durante os trabalhos de catalogação e
limpeza do acervo arqueológico, que estão sendo realizados para a abertura, em
breve, do Museu de História da Cidade. Veja foto divulgada, abaixo. Descoberta
em 1960, a peça foi encontrada nas proximidades da desembocadura do rio Vélez,
nas ruínas da antiga cidade de Maneoba. Na época do achado, foi guardada no
porão do palácio Beniel e lá ficou, esquecida até agora. Redescoberta,
selada com uma mistura de resina e cal, foi submetida a exame e os
especialistas acreditam que o recipiente contém entre 25 e 30 litros do que
acredita-se ser vinho. Um vinho com dois mil anos de idade!
Pois é, caro
leitor: convivemos há pelo menos 10.000 anos com as uvas e há pelo menos 8.000
anos estamos tentando aperfeiçoar o vinho feito com elas, esta bebida que hoje utilizamos para brindar
as coisas boas da vida. Como, por exemplo, ter voce como meu leitor. Tim-tim!
(*) Rogerio
Ruschel é jornalista, enófilo e gosta de vinhos antigos, mas não tão antigos
assim!
ResponderExcluirMuito interessante.
Olá Maria Guerreiro. Grato pelo prestigio da visita; espero que volte sempre. Abraços desde São Paulo
ResponderExcluirGratidão!
ResponderExcluirObrigado pela visita, Silvana. Visite o novo endereço do In Vino Viajas em http://www.invinoviajas.com/
ResponderExcluirAbraços, Rogerio