Por
Rogerio Ruschel (*)
Tesouros no fundo do mar
Tesouro é o único fabricante de vinhos espanhóis submarinos,
com sua adega localizada no Golfo da Biscaia. Depois do tradicional amadurecimento em barricas de carvalho americano, o
vinho é colocado no fundo do mar
e continuamente monitorado por biólogos
e enólogos. Segundo os fabricantes, no
fundo do mar é onde o rótulo Tesoro adquire o seu caráter único e ao mesmo
tempo ajuda o criar um recife artificial onde foram
identificadas mais de 80 diferentes
espécies de vida marinha.
O cliente recebe uma garrafa praticamente
nua, com um pacote muito especial: três peças perfuradas e uma peça sólida compõem a embalagem na qual a garrafa será alojado.
Duas tiras de borracha protegem o
interior do tesouro – todos materiais simples, reciclados e fora do contexto de
um projeto convencional.
Mas a
Tesoro espanhola não está sozinha. Piero Lugano, um artista, produtor e
comerciante de vinhos em Chiavari, na Riviera Italiana, estoca seus vinhos no
fundo do mar há vários anos (veja na foto que abre este post). Segundo ele "É melhor até mesmo do que na melhor adega subterrânea,
especialmente para o vinho espumante. A
temperatura é perfeita, não há
luz, a água impede até mesmo
um pouquinho de ar de entrar, e a contra-pressão
constante mantém as bolhas de champanhe. Além
disso, as correntes submarinas agem
como um berço, balançando
suavemente as garrafas e mantém
as borras que se deslocam através
do vinho.”
Do outro lado do oceano a Mira Winery, de Santa Helena, no Napa Valley,
Estados Unidos, no começo de 2013 fez experiências envelhecendo
garrafas de Cabernet Sauvignon em uma profundidade de 20 metros no Charleston
Harbor, durante 3 meses. Dizem que o resultado foi ótimo.
Repouso com canções de ninar
vinhos
Winesongs 59H 35 '03 "Wine & Canções vol. 1” é um vinho de
Denominação de Origem (DO) Yecla, da Espanha, um dos mais originais da tradiciponal
vinícola Bodegas Señorio de Barahonda.
A história dele é muito maluca: após o engarrafamento, os vinhos ficaram
descansando em repouso no armazenamento ouvindo música variada durante 59 horas
35 minutos e 03 segundos. Entre os artistas no cardápio do funcionário estavam
Ella Fitzgerald, Louis Armstrong, Franco Battiato, Fatoumata Diawara, Desfile,
Dalila, Nike Drake, Enrique Morente e Célia Cruz – blues, jazz e música
espanhola caliente. A embalagem procura parecer uma caixa de CDs, mas as
garrafas são maiores. O fabricante jura que a música transferiu ao vinho uma
personalidade e bom gosto de notas musicais.
Acho que descansar os vinhos com música combina com o ambiente: a Bodega Señorio de Barahonda, está situada no nordeste da
Murcia, na região do Altiplano, uma zona de transição entre a “meseta” eo mediterrâneo, rodeada por um anel de
montanhas baixas e serras mais altas – sem incomodações… Na foto acima, a
Catedral de Murcia.
Um vinho desesperado
Depois de um verão com muita chuva, a vinícola
The Pawn Wine Company da Austrália
fez um grande esforço para conseguir uma edição limitada de seu vinho rosé.
Este esforço, quase um desespero para o produtor, acabou gerando o nome
"The Desperado" que vem
do jogo de xadrez: no xadrez, é chamado de "The Desperado" o peão
colocado estrategicamente no tabuleiro que fica esperando o momento do ataque.
Por tudo isso, o design do rótulo reflete o nome e a circunstância que trouxe
este vinho para a vida. Não vai dar pra você ver, mas tem uma impressão de
meio-tom que gera uma imagem dupla que muda o rótulo de "bom" e
"ruim" quando a garrafa é inclinada, mostrando a dupla face deste pobre
vinho Desesperado.
Laltre – de ponta cabeça
Às portas dos Pirinéus, abraçado pelas montanhas do norte vento
"Sierra Larga", a meio caminho entre as regiões de Segrià e Noguera,
estão os vinhedos da Vinícola Lagravera, na Denominação de Origem (D.O) Costers
del Segre. Laltre é o vinho mais jovem que a Lagravera produz e seu nome (um
trocadilho com a palavra “o outro”, em italiano) é uma brincadeira baseada em
uma ilusão de ótica de que a imagem representa um homem idoso ou jovem,
dependendo de como você está vendo – representa o outro. Segundo a vinícola,
isto representa os valores combinados da juventude e frescor da uva com a
experiência e a sabedoria dos métodos tradicionais adotados pela adega. É uma
boa história prá contar já na primeira taça...
(*) Rogerio Ruschel é jornalista, enófilo e gosta de mergulhar ... na leitura!
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