Por Rogerio Ruschel (*)
O Jardim
do Luxemburgo é o maior parque público de Paris, com quase 230.000 m².
Localizado no 6º arrodissement, o Jardim do Luxemburgo atualmente pertence ao
Senado da França que funciona (será que funciona?) lá dentro.
O jardim é uma enorme área verde no coraçnao de Paris (veja abaixo), é cercado por prédios bacanas e possui vários setores, muitos parterres (nome que os franceses dão a seções de jardins
delimitados por cercas ou sebes baixas), dezenas de estátuas, pequenos lagos,
um pequeno teatro de fantoches, um pomar, um restaurante (o Pavilhão da Fonte,
abaixo) e uma área de produção de mel de abelhas. No outono fica com aquela cor de Europa com saudades, veja abaixo!
O Jardim surgiu a partir de um ataque de saudade imperial. Explico. Em 1611 Maria de Médicis, de origem italiana, viúva de Henrique IV e mãe de Luis XIII, estava cansada de morar no Palácio do Louvre e com saudade de casa - a Toscana italiana. Decidiu então fazer um palácio que fosse uma réplica do Palácio Pitti, aquele palácio renascentista de Florença que durante muito tempo no século XV foi residência dos Médicis italianos, parentes desta rainha francesa. (veja foto abaixo o Palacio Pitti e logo abaixo fotos do Luxemburgo).
Ao lado do Palácio Maria de Médicis mandou plantar 2.000 olmos –árvores enormes que podem atingir até 30 metros – e mandou um jardineiro recriar os jardins que ela conhecera quando crianca em Florença, na Itália. Em 1625 a rainha se instalou no Palácio ainda em obras, e em 1631, quando o palácio ficou pronto – por ironia do destino - a rainha foi expulsa da corte, quando sua tentativa de derrubar o Cardeal Richelieu não deu certo. Veja abaixo uma planta do Parque e um olmo "em fase de crescimento".
Os jardins nasceram para
completar o palácio: inicialmente a rainha mandou usou o terreno anexo ao
Palácio, de oito hectares, para recriar outra propriedade de Florença, na Itália,
o Jardim Boboli. Na sequencia a rainha comprou novas áreas e os jardins foram
crescendo - chegaram a ter 30 hectares. Jacques Boyceau, o reponsável
contratado pela rainha construiu os primeiros canteiros, com formas simétricas,
circundando uma fonte que era alimentada pela água trazida pelo aqueduto romano
de Arcueil, reconstruído pelo engenheiro florentino Thomas Francini
especialmente para atender os esejos da rainha saudosa.
Com a Revolução Francesa,
o vizinho convento dos Chartreux foi destruído e sua área anexada ao Jardim de
Luxemburgo, o que era o grande sonho de Maria de Médicis desde o início.
Então, agora com 48 hectares, o
jardim vai até o atual Boulevard du Montparnasse. Junto com a área do convento
foi anexado o chamado Jardim Frutífero plantado pelos monges, que com cerca
de mil árvores, produz atualmente 379 variedades de maçãs e 247 tipos de pêras.
Ao lado de milhares de flores, especialmente papoulas.
Os franceses adoram
lagartear no parque na primavera e verão – aliás, os franceses adoram parques!
Segundo dados do Senado, que administra a área, em um domingo de verão, o
Jardim de Luxemburgo já acolheu de uma única vez 100 mil visitantes.
Foi lugar de inspiração de
artistas ilustres como Madame de Sévigné, George Sand, Simone de Beauvoir,
Balzac, Baudelaire, entre outros. Hoje, é possivel ver muitos desses
personagens nas próprias estátuas do Jardim que é um verdadeiro museu a céu
aberto.
O Jardim ainda tem um
apiário criado em 1856 dedicado à preservação das abelhas e ao ensino da escola
de técnicas de apicultura da Société Centrale d’Apiculture (Sociedade Central
de Apicultura) que anualmente (em setembro) realiza uma festa do mel (veja
cartaz).
Ainda bem que a rainha teve saudades de Florença; se eu fosse imperador e tivesse um
ataque de saudade da minha terra natal (Torres, Rio Grande do sul), o castelo
seria semelhante a uma montanha de pedras na beira do mar...
(*) Rogerio Ruschel é jornalista e consultor especializado em meio
ambiente e aproveitou a passagem por Paris para declarar seu amor ao Jardim de
Luxemburgo.
Obrigada por tão informativa e bela postagem!
ResponderExcluirGostei muito!
Maria Inez Ibargoyen Moreira
Obrigado, Maria Inez. Grato pelo prestigio da leitura e espero que nos visite sempre e convide os amigos de bom gosto. Veja matérias sobre Genebra, Berna e Siocilia - basta digitar a palvra no espaço em branco abaixo do logotipo In Vino Viajas. Abs.
ResponderExcluirMuito linda aula....sinceramente nao conhecia por este angulo o Jardim. Parabns . Abc.
ResponderExcluirO Jardim é rico em detalhes - como toda a cidade de Paris, Gilberto. Obrigado pelo prestigio da leitura.
ExcluirQue coisa linda!Fotos maravilhosas.
ResponderExcluirObrigado, Adriana. E muito obrigado pelo prestigio de acompanhar meus posts. Abraços, Rogerio
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