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sexta-feira, 28 de junho de 2013

A bela e rural Toscana


Por Horácio Barros (*)
O engenheiro de Belo Horizonte Horácio Barros e seus filhos Pedro e Natália (abaixo) estão há 16 meses realizando uma volta ao mundo do vinho em 170 regiões vinícolas de 24 países, percorrendo 100.000 kms em um motor-home.

 
In Vino Viajas fez uma parceria com eles e vai publicar posts com alguns dos melhores destinos de enoturismo desta que é a maior enovolta ao mundo. Em março  abril de 2013 publicamos uma entrevista com os aventureiros e alguns posts de destinos. Neste post agora publicamos um texto do Horácio sobre a Toscana, incrementado por fotos de autoria deste repórter, Rogerio Ruschel, editor deste blogue. Um brinde à Toscana.
 
“O sonho de todo enófilo ou amante do vinho é percorrer as estradas rurais da Toscana entre as cidades satélites de Montalcino, Siena e Florença e outras pequenas cidades históricas, Pisa, San Gimignano, Arezzo e Montepulciano. Sonho nosso também. Por cerca de 10 dias percorremos com o motorhome (abaixo, o trailer em Sorrento) pelas vinícolas localizadas em diversas rotas da Toscana.
 
Turísticamente falando, a Toscana pode ser dividida em cinco rotas: rota em torno da cidade de Montalcino com os seus famosos vinhos tintos; Brunellos de Montalcino e o Rosso de Montalcino, a rota dos vinhos Chianti em torno das cidades de Siena, Arezzo e Florença, a rota dos vinhos Supertoscanos, em torno de Bolgheri, próxima a costa, a rota de Montepulciano e a rota do novo eldorado da Toscana, Marema. 
 
Descrever a beleza do meio rural da Toscana é uma tarefa árdua, mas que pode ser expressa por cinco palavras: videiras, oliveiras, cozinha, arte e ciprestes.
Buscando carona em seus tesouros artísticos de seus patronos: Michelangelo, Botticell e Donatello, juntamente com as cidades históricas medievais, museus  repletos de artes do período renascentista, belas paisagens, excelente gastronomia, ótima estrutura turística, conduziram esta região a ser a precursora do enoturismo na Itália e uma das mais importantes do mundo vitivinícola.
Atualmente a rota dos vinhos e da gastronomia da Toscana é considerada um dos principais destinos enoturístico do mundo, apoiado por grandes vinhos tintos de estilos diferentes, tendo como destaque sua uva tinta autóctone, a difícil e caprichosa, Sangiovese, base dos vinhos Chianti, dos Brunellos e dos vinhos Nobile de Montepulciano.
 
Além, castas francesas (Cabernet Sauvignon, Merlot e Syrah) estão entrando em corte com a Sangiovese gerando vinhos tintos extraordinários, os chamados “Foras da Lei ou Supertoscanos”, ou mesmo nos modernos Chiantis que estão misturando a Sangiovese com tintas francesas (até no máximo 20% de acordo com a legislação da denominação).

A Toscana é a terra dos vinhos tintos, com poucos brancos sobressaindo, exceto alguns elaborados com as uvas Trebbiano e Vermentino. Além dos espetaculares tintos a Toscana apresenta ao mundo um vinho de sobremesa, diferenciado e com grande tipicidade: o Vin Santo, tradicionalmente acompanhado de biscoitos de amêndoas, típicos da Toscana, os Cantucci, molhados no vinho. Uma maravilha de harmonização e sabores.

O volume de vinhos produzidos pela Toscana é imenso e de diferentes níveis de qualidade e tipicidade, podendo gerar vinhos simples para atender o consumo de massa, bem como gerar vinhos extraordinários. O interessante da Toscana é perceber a tipicidade de cada vinho gerado nos seus diversos e diferentes “terroirs”. 
Mas a Toscana não vive somente das uvas autóctonas. Vários vinhos são elaborados com as uvas tintas Cabernet Sauvignon, Merlot ou Syrah com a Sangiovese ou mesmo em varietais tintos. Alguns brancos varietais se destacam com as francesas Chardonnay, Sauvignon Blanc e as italianas, Pinot Grigio e Pinot Bianco. O “terroir” da Toscana é muito variado, predominando colinas e diferentes tipos de solos o que obriga a uva tinta Sangiovese a se adaptar a cada zona e apresentar vinhos diversos em cada microclimas de cultivo. O clima da Itália central é mais fortemente influenciado pela altitude do que pela latitude.

  A Toscana é o berço da uva Sangiovese, uma das melhores tintas do mundo. Além, são plantadas na região várias uvas autóctonas: Gentile, Prugnolo, Canaiolo. As castas francesas também estão presentes: Merlot, Cabernet Franc e Cabernet Sauvignon e um pouco de Syrah. A principal uva branca é a Malvasia, seguida pela Trebbiano, Vernaccia, Verdicchio e Vermentino e alguns vinhedos de Chardonnay.”
Saiba mais sobre a viagem de Horácio Barros e seus filhos em
--> http://www.wineworldadventure.com/


segunda-feira, 24 de junho de 2013

Feira livre de Genebra: especialidades, queijos, vinhos e diplomacia no cardápio

 
Por Rogerio Ruschel (*)
Quem me dá a honra de ler meus posts sabe que uma das coisas que gosto de fazer é visitar as feiras livres das cidades que visito. Acho que é nas feiras livres que se encontra o essencial da alma e da cultura gastronômica da comunidade, porque é lá que as familias se encontram, e é lá que se conhece realmente os hábitos alimentares das pessoas. 
 
Estive algumas vezes em Genebra, e em uma destas vezes fui com minha filha fazer compras na feira livre do bairro Les Eaux-Vives (bem à direita, no centro da foto abaixo) e aproveitei para tirar algumas fotos. 
  Mesmo com menos de 200 mil habitantes, Genebra é a segunda maior cidade da Suiça; destes, pelo menos um terço são estrangeiros, o que a torna uma das mais globalizadas da Europa. 
 
Isto porque a Suiça é a sede de mais de 20 organizações multilaterais da rede da ONU e de 250 organizações internacionais de primeiro time. E embora a capital seja Berna, muitos diplomatas ficam em Genebra, onde se fala francês como idioma oficial e principal, um pouco de alemão e italiano (outros idiomas oficiais da Suiça) além do inglês, e onde se pode comprar especiarias como cogumelos (abaixo) em vários idiomas.  
 
Então fiquei curioso: o que esta população de estrangeiros consome para comer na sua residência, ou ainda: o que poderia encontrar na feira livre? As fotos neste post mostram um pouco disso.
 
A feira fica próxima de vários restaurantes onde você vê amigos confraternizando, pedindo queijos e vinhos – ou comprando azeite de primeira qualidade por litro, como na máquina abaixo.
 
Aqui no Brasil a gente vai à feira para fazer compras e volta para casa. Lá – pelo menos na primavera e verão - este momento é transformado em uma oportunidade de bater papo e encontrar amigos. Suíços e estrangeiros pedem o cardápio especializado de queijos para fazer deliciosas harmonizações com taças de vinho branco.
 
É claro que você pedir vinho branco de qualquer pais, mas se quiser prestigiar os suiços, tem muitas oportunidades para conhecer novos rótulos. Só na loja Vinorama (veja foto abaixo), existem vinhos de mais de 150 produtores locais!

Os vinhos brancos suíços da denominação Lavaux, região mais próxima de Genebra (depois de Satigny) e mais importante do pais, são produzidos com uvas Chasselas (68% da produção, uma cepa suíça), Pinot Gris, Viognier, Sauvignon, Chardonnay, Silvaner ou Doral numa região debruçada sobre o Lago Leman, tombada como Patrimônio da Humanidade – veja abaixo.
 
Então já sabe: a feira livre pode apresentar parte da alma do morador.
Um brinde à feira livre de Genebra e à diplomacia do queijo com vinho.
(*) Rogério Ruschel é jornalista de turismo e enoturismo e consultor especializado em sustentabilidade. Esteve em Genebra por conta própria






sexta-feira, 21 de junho de 2013

A surpreendente arquitetura Art Nouveau nas ruas de Praga



Por Rogerio Ruschel (*)

A pedido de leitores do post “A Art Nouveau nas ruas de Praga: a arquitetura kafkafiana”, publicado aqui no In Vino Viajas dia 3 de junho, procurei nos meus arquivos mais algumas fachadas e detalhes arquitetônicos dos prédios de Praga. 


A arquitetura art nouveau é criativa e inventiva, e em Praga e na República Tcheca (então ainda Thecoeslováquia) foi realizada por arquitetos como Ohmann, Bedrich Bendelmayer, Alois Dryak, Oskar Polivka, Antonin Balsanek, Josef Fanta e Alois Korda. Veja neste post fachadas e detalhes arquitetônicos, como os abaixo.
 
Praga é realmente uma cidade muito interessante. É diferente de outras cidades européias pela história, cultura, idioma, arquitetura - pela cor, avermelhada.
 
Praga é criativa, colorida, simpática, fácil de se locomover, mas acho que o traço mais marcante de Praga é sua “cara art-nouveau”: a cidade inteira é surpreendente – até mesmo em portas enormes como abaixo (eu e minha mulhere estamos como referência de porte).
 
A Art Nouveau é um estilo de arte, arquitetura, mobiliário e arte aplicada que se tornou muito popular entre o fim do século XIX e o começo do século XX.
 
Talvez o grande influenciador do estilo tenha sido o artista tcheco Alphonse Mucha, a partir de 1895 com seus pôsteres de propaganda das peças de Sarah Bernhardt e outros materiais artísticos, publicitários e para embalagens - veja abaixo.
 
O estilo de Art Nouveau em Praga foi associado com o Renascimento Nacional Tcheco; em Tcheco, Art Nouveau é conhecido como Secese, um nome adotado do termo Austríaco “secessionismo”. Secções “fin du siècle” de Praga revelam prédios modestos incrustados com imagens de folhas e mulheres que curvam e giram através das fachadas. 
 
Exemplos de Art Nouveau na cidade, juntamente com os exteriores de muitos prédios de apartamento e comerciais, são a Casa Municipal, o Hotel Pariz, o Mercado Municipal de Smíchov, Hotel Central, as janelas da capela St.Wenceslas na Catedral St. Vitus, a estação de trem principal, o Hotel Grand e a “Jubilee Synagogue” – mas também os detalhes de alguns prédios como abaixo.
 
A Art Nouveau foi mais popular na Europa, mas sua influencia foi global. Na França, as entradas do metro em Paris feitas por Hector Guimard eram do estilo Art Nouveau (veja na foto abaixo) e em Nancy, pelo arquiteto Emile Gallé. 
 
Victor Horta foi importante na arquitetura Art Nouveau na Bélgica: seu projeto de quatro casas de campos em Bruxelas e outras obras como o prédio abaixo, foram incluídas em 2002 como “obras de criatividade humana genial” em relatório da UNESCO.


Apesar de o Art Nouveau ter sido substituído pelos estilos modernistas do século 21, é atualmente considerado uma importante transição entre o historicismo do neoclassicismo e o modernismo.

 
Monumentos Art Nouveau são agora reconhecidos pela UNESCO em sua lista de patrimônio mundial como contribuições significativas para o patrimônio cultural, como o centro histórico da cidade de Riga, na Letônia (foto abaixo), com “a melhor coleção de construções Art Nouveau na Europa”.

 
(*) Rogerio Ruschel rruschel@uol.com.br - é jornalista de turismo e consultor especializado em sustentabilidade e foi a Praga por conta dele mesmo.