Por Rogerio Ruschel (*)
EXCLUSIVO – Na Europa de hoje uma vinícola tem que ser um local atraente, luminoso e que oferece cultura e produtos a seus visitantes - um local de primeira classe, quase um museu que vende imagem, vinhos e serviços turísticos como gastronomia, degustações, cursos, palestras, debates, as vezes hospedagem e até desfiles de moda. Este é o unico jeito de competir pelos milhões de turistas anuais, e assim são as vinícolas espanholas criadas pelo arquiteto espanhol Jesus Marino Pascual, que estão ajudando o país a bater recordes de turismo e venda de vinhos, e que In Vino Viajas apresenta nesta entrevista exclusiva. Por exemplo, veja acima uma foto do projeto para o Centro de la Cultura de La Rioja; abaixo, foto da área de uso operacional da Vinicola Darien, concebida também para ser visitada pelo turista. Não são duas obras com o mesmo DNA artístico?
EXCLUSIVO – Na Europa de hoje uma vinícola tem que ser um local atraente, luminoso e que oferece cultura e produtos a seus visitantes - um local de primeira classe, quase um museu que vende imagem, vinhos e serviços turísticos como gastronomia, degustações, cursos, palestras, debates, as vezes hospedagem e até desfiles de moda. Este é o unico jeito de competir pelos milhões de turistas anuais, e assim são as vinícolas espanholas criadas pelo arquiteto espanhol Jesus Marino Pascual, que estão ajudando o país a bater recordes de turismo e venda de vinhos, e que In Vino Viajas apresenta nesta entrevista exclusiva. Por exemplo, veja acima uma foto do projeto para o Centro de la Cultura de La Rioja; abaixo, foto da área de uso operacional da Vinicola Darien, concebida também para ser visitada pelo turista. Não são duas obras com o mesmo DNA artístico?
J. Marino Pascual tem procurado ampliar seu trabalho no Brasil, onde já começa a tirar projetos do papel,
através de uma parceria com a arquiteta brasileira Vanessa Falcochio Rivera. Veja a seguir entrevista
exclusiva que Marino Pascual concedeu para In Vino Viajas, com tradução para o
português de Vanessa Rivera. Abaixo, foto do Centro de la Cultura de La Rioja, inaugurado em 2011.
R. Ruschel: Comente a concepção e as soluções desenvolvidas para cada um destes seus grandes projetos: Museu Vivanco, Bodegas Darien, Irius e Antion.
J. Marino Pascual: "São quatro projetos muito diferentes. O primeiro é um
complexo museológico ao lado da Vinícola Vivanco, unidos pelo subsolo, com a criação de uma sala de barricas
muito visitada. É um museu que descreve, desde a antiguidade até os nossos
dias, um percurso completo de todas as manifestações culturais no entorno do
cultivo da videira e da elaboração do vinho e arquitetonicamente está concebido
para gerar uma contínua referência à tradição vitivinícola. O projeto tem como
objetivo ajudar a tornar a visita prazerosa, variada e dinâmica, visualizando
espaços sem deixar a sala anterior e surpreendendo o visitante com dinâmicas e
cores." Veja abaixo algumas fotos do projeto do Museu Vivanco.
"Os outros três projetos já tratam de vinícolas
para elaboração de vinhos e enoturismo, mas são muito diferentes entre si, dada sua localização
geográfica e seu diferente entorno paisagistico.
A Irius (inaugurado em 2008, em Barbastro - veja fotos abaixo) é projetada como o centro de um
grande vinhedo (90 Hectares) e para produzir cerca de 3 milhões de litros, no topo de uma suave colina de uma paisagem
protegida (e aquí protegida significa patrimônio) e portanto, fazendo das limitações
uma virtude."
"A Darien (Logroño, 2007) está localizada em
uma encosta (desnível entre duas plataformas muito próprias da paisagem de La
Rioja) e foi projetada para produzir 600 mil litros, acompanhada de um entorno
paisagísticorepleto de vinhedos (as Bodegas Marqués de
Murrieta, Marqués de Vargasw e outras)." Veja fotos mais abaixo.
A Antión (2008) por sua vez se
encontra em um entorno edificado de um povoado chamado Elciego, de grande tradição
vitivinícola, com marcas como Marqués de Riscal e Domeq. Se trata de um terreno
de forma muito irregular e cuja formalização tem a ver com essa configuração.
No entanto, conseguimos uma
grande e avançada funcionalidade e resultou,
por sua vez, muito atraente."
Veja abaixo fotos do projeto para a Vinícola Darién.
Veja abaixo fotos do projeto para a Vinícola Darién.
R. Ruschel: Existe algum elemento ou característica que relacione estes
projetos entre si? Algum elemento que identifique o perfil do criador?
J. Marino Pascual: "Efetivamente dentro de
grandes diferenças arquitetonicas que os quatro projetos oferecem, todos os
quatro têm em comum um legado que vem do grande impulso que o Museu Vivanco
gerou ao Enoturismo. Um conceito que agora é comum, mas não foi assim no início
do século XXI na Europa. Os projetos das três vinícolas não atendem somente de
maneira excepcional e com avançada funcionalidade a operação da vinícola e a qualidade
de sua construção, mas também criaram uma nova concepção da vinícola como
expressão cultural e a consequente reorganização dos seus espaços para
atender ao visitante sem interferir nos processos de trabalho.
Definitivamente, foram preparadas para o enoturismo, hoje um conceito popular
que mudou de certo modo as regiões
vitivinícolas e que gerou uma nova economia." Veja abaixo fotos do projeto para a Vinícola Antión.
R. Ruschel: Qual o papel
da arquitetura no desenvolvimento dos negócios de empresas vinícolas e no
desenvolvimento do enoturismo?
J. Marino Pascual: "Quando uma vinícola
opta por abrir ao visitante, decide se expor publicamente e deve mostrar como
elabora seus vinhos e o amor e cuidado com que trabalha. E deve fazê-lo pensando
também no visitante, para que a visita seja agradável e confortável e que
permita interpretar bem aquilo que se descreve. Portanto, a estrutura espacial
deve estar muito bem tratada. Este é o lugar onde aparece o valor da
Arquitetura, na necessidade de mesclar boa construção, funcionalidade e beleza
de seu marco, de seus espaços, para preparar o visitante para uma adequada e
emocional apreciação dos vinhos que ali e elaboram. Não sei se existem pesquisas sobre o impacto
da qualidade arquitectonica na avaliação da experiência pelos turistas, mas
lembro que em 1999 no Vale do Napa (Califórnia), 30% da produção já era vendida
diretamente aos visitantes. Não temos nenhuma dúvida de que a boa arquitetura é
um valor inquestioável que reforça o atrativo e o valor de um bom produto. Mas,
obviamente, o vinho deve ser de qualidade."
(Abaixo, detalhe de corredor do
Centro de la Cultura de La Rioja).
Centro de la Cultura de La Rioja).
R. Ruschel: Aparentemente arquitetos da Espanha parecem estar pensando de
maneira mais criativa na arquitetura relacionada ao vinho e ao turismo. Existem alguma razão
para isso?
J. Marino Pascual: "Na Espanha ocorreu o
fenômeno Museu Vivanco em La Rioja (que recentemente comemorou o milionésimo visitante) e imediatamente foi seguido por outras vinícolas.
Mas é conhecida a qualidade dos arquitetos espanhóis e o quanto é exigente a sua formação. Acredito que
diante da nova concepção de vinícolas, como um laço que combina produção com
expressão cultural, vinho e arquitetura, os espanhois estão mesmo destinados a se
apaixonar..."
R. Ruschel: Seu escritório trabalha no Brasil desde quando? Como funciona a
parceria com a arquiteta Vanessa Falcochio Rivera?
J. Pascual: Marino. "Em 2012 vim ao Brasil
ministrar algumas palestras e tive a oportunidade de conhecer várias cidades.
Apreciei o universo de diversidade que constitui este grande país, gostei de seu povo e das
pessoas que conheci. Depois, com sucessivas viagens, pude conhecer mais a fundo
e decidir investir esforços e
contribuir com conhecimento, experiência e também aprender, já que não pode ser
de outra forma, para compreender e entender novas culturas. Os dois
escritórios, Espanha e Brasil, se coordenam muito bem e com fluidez. Estamos
muito felizes com Vanessa Rivera e no desenvolvimento deste novo caminho. O
espectro de trabalho no Brasil se assemelha ao da Espanha, onde somos
reconhecidos por nossa amplitude de campos e o amplo
espectro de seus trabalhos." Abaixo a fachada da Vinícola Antión.
R. Ruschel: Quais os projetos em realização e realizados? Como está o projeto do Memorial da Cultura do
Vinho para o Instituto R. Dal Pizzol?
J. Pascual Marino: "Neste momento, concluímos um projeto residencial para
120 apartamentos e estamos trabalhando em um segundo projeto de 60
apartamentos, ambos no litoral norte de São Paulo. Estamos envolvidos com um
hotel em Bento Gonçalves e na gestão de outros projetos ambiciosos relacionados
com a cultura, mas em estágios preliminares, que no momento, não podemos
anunciar".
"Quanto a Dal Pizzol está pendente o processo
de captação de recursos. A abordagem básica para o Centro de Interpretação do
Instituto foi realizado e apresentado. Uma das nossas áreas reconhecidas é
precisamente o nosso compromisso com o patrimônio histórico e artístico e a
recuperação, reconversão e adaptação para novos usos, de edifícios de valor
patrimonial protegido. Como o caso dos projetos para o Palácio dos Yanguas
(Século XVI), o Palácio Argaiz (século XVIII), o palácio Manso de Zuniga
(século XIX), a Estação Enológica de Haro (1901), os vestígios arqueológicos da
Noguera (III e do século XIV - Roma e Cister) e seu centro de interpretação, em
todos os casos a administração pública está envolvida." Abaixo, J. Marino Pascual.
"Porém, iniciativas privadas como é o caso de
Dal Pizzol, não ocorrem na Espanha. É evidente que é necessário potencializar
este suporte cultural no Brasil, pois a população está ansiosa para desfrutar de
um centro de interpretação como o de Dal Pizzol onde muito conhecimento pode
ser transmitido. O Brasil é um país muito jovem e tem muito a oferecer. Pude
notar que há uma grande carência deste tipo de equipamento cultural ligado a processos produtivos. Na
Espanha, o turismo interno cresceu significativamente nos últimos anos
certamente derivado de instalações como as relacionadas ao enoturismo."
Prezado leitor: faço um brinde ao turismo de qualidade e as empresas que abrem suas portas para conviver com seus clientes. E desejo que muito em breve tenhamos no Brasil exemplos de equipamentos arquitetonicos e culturais que valorizem aqueles que vivem de produzir vinhos cada vez melhores. Tim-tim!
Prezado leitor: faço um brinde ao turismo de qualidade e as empresas que abrem suas portas para conviver com seus clientes. E desejo que muito em breve tenhamos no Brasil exemplos de equipamentos arquitetonicos e culturais que valorizem aqueles que vivem de produzir vinhos cada vez melhores. Tim-tim!
(*) Rogerio Ruschel é jornalista e edita In Vino Viajas em São Paulo, Brasil, com a proposta de difundir um pouco de cultura para milhares de leitores de 115 países que prestigiam nossa dedicação, para que o vinho seja mais do que uma receita de bebida alcoólica.
Tive contato com sua matéria e como aprecio
ResponderExcluirVinho e sou professora de turismo, amei!
O enotorismo é significativo para quem admira a vitivinicultura... e visitarlugares com essa arquitetura então, é magnífico e inebriante! Um brinde à sua reportagem!
Obrigado Celia, vindo de você é um grande elogio!
ExcluirTive contato com sua matéria e como aprecio
ResponderExcluirVinho e sou professora de turismo, amei!
O enotorismo é significativo para quem admira a vitivinicultura... e visitarlugares com essa arquitetura então, é magnífico e inebriante! Um brinde à sua reportagem!
Obrigado, de novo
ResponderExcluirR uschel, não vejo tanta distância assim no Brasil não. Muitas vinícolas Gaúcha e catarinenses já estão com essa prática. Certamente precisando melhorar
ResponderExcluirEstamos melhorando, sim, Padua. Abraços
ResponderExcluir