Texto Renata
Boni Ruschel, fotos Daniele Raffo (*)
Embora pouco se ouça falar de vinhos suiços, o
pequeno país produz bons vinhos brancos (especialmente Chasselas) e tintos
(especialmente Pinot Noir) em algumas regiões importantes como a parte francesa de Vaud (ao longo
do lago Léman), Valais (região montanhosa ao longo do rio Rhône), Genebra (na
fronteira com a França), e Neuchâtel e 3 Lagos mais ao norte, na região da Suíça
Alemã (região de Zurich, Aargau, Thurgau) e finalmente Ticino, na região italiana dos Alpes – veja o
mapa abaixo.
Perto de Genebra estão sub-regiões
vinícolas, como Satigny, Lavaux, Lully, Peissy, Hermance e Jussy; algumas delas já visitei - veja no fim do
texto um link para matérias já publicadas. Minha filha Renata participou em fins de maio do
badalado evento “Caves Ouvertes 2014” em Genebra e relata suas principais considerações sobre os
bons e desconhecidos vinhos da região francesa da Suiça. Com a palavra, Renata
Ruschel, a moça sorridente da foto abaixo.
"Acordei em um lindo sábado de sol
primaveril com a dura e “dura” missão de escrever um post para o “In Vino
Viajas”; dura por que nunca tive uma experiência como escritora, além de ser
uma responsabilidade pesada já que o blog tem leitores de quase 100 países que
são fãs do meu pai (esse sim, jornalista de verdade) e “dura”, por que muita
gente gostaria de estar no meu lugar e degustar, gratuitamente, direto dos
produtores, vinhos maravilhosos e premiados em locais maravilhosos como gramados, vinhedos, caves e jardins como esse abaixo!
Criado em 1987 em Genebra, o dia das “caves ouvertes”
(“adegas abertas” em português) é um dia para que os produtores
suiços abram suas portas e convidem as pessoas à virem à suas adegas para conhecer,
degustar e comprar seus vinhos. Este tipo de evento também é realizado em outros países europeus e latinoamercianos produtores de vinhos; na Suiça começou em Genebra.
Pierre Dupraz, então Presidente das
vinícolas em 1987, disse que dezenas de pessoas participaram da
primeira edição e a idéia se espalhou pelos outros Estados do país (na Suiça conhecidos como Cantões);
hoje o evento de Genebra reúne uma vez ao ano milhares de visitantes que têm à sua disposição cerca de 700 vinhos a serem
degustados e 89 produtores participantes.
O “caves ouvertes” de Geneva é o mais antigo, mas cada Cantão suiço faz o evento em um final de
semana diferente, normalmente entre os meses de maio e junho e sempre tem o
suporte das empresas de transporte público, que disponibilizam ônibus e vans
gratuitos entre as caves - afinal na Suiça eles levam a sério o “não beba e
dirija”! Para os mais esportistas uma opção também é fazer as caves de
bicicleta, aproveitando o lindo visual desta época do ano, que é primavera virando verão.
No cantão de Genebra as caves são
divididas em três grupos em relação ao Rio Rhône (veja mapa abaixo): “rive droite” (margem direita),
“rive gauche” (margem esquerda) e “entre o Rio Rhône e
o Rio Arve”, mais ou menos como em Bordeaux, França, em relação ao rio Gironde . Eu, feliz vizinha de
algumas adegas na vila de Bernex, escolhi a terceira opção e resolvi, então,
desgutar os vinhos que já eram meus “velhos conhecidos” - afinal eu faço
caminhadas diárias entre essas mesmas vinhas, abaixo.
Comprei na primeira adega a minha “taça
souvenir”, uma linda taça de vidro com os nomes de todas as uvas cultivadas na
região pelo preço de 5 Francos Suiços - cerca de 12 Reais – que você deve usar
durante todo o seu percurso e depois pode levar para casa (veja foto abaixo).
E comecei a degustação. Brancos, rosés,
tintos, espumantes... no meio de tantos vinhos acabei descobrindo surpresas
maravilhosas. Meu “vizinho” Christian Guyot (veja a cave subterrânea, na foto
abaixo) foi o vencedor em 2013 com o melhor vinho feito das uvas Gamay e
Gamaret e hoje está presente na caixa “Espirit de Genève” edição 2014.
O “Espirit de Genève” é uma caixa com
os 15 vinhos de qualidade superior mais premiados do Cantão de Genebra a cada ano. Os
produtores resolveram criar o “Espirit de Genève” para levar a qualidade do
vinho produzido por eles para outras regiões da Suiça e também (por que não?)
do mundo. Com certeza um presente para a alma de qualquer apreciador de vinhos,
para os que não podem visitar pessoalmente as caves.
Sou obrigada a descrever a incrível organização e o carinho por parte das famílias
produtoras durante o evento: banheiros limpos, a oferta de petiscos deliciosos (como os da foto abaixo),
arranjos de flores enfeitando as mesas nos jardins e pátios das adegas, além de
atrações musicais e refeições simples para famílias inteiras que visitam as
adegas (sim! famílias inteiras participam do evento... crianças, adultos de
todas as idades e animais de estimação).
Mas o sentimento real de participar da
“caves ouvertes” desse dia, só participando mesmo no meio do burburinho de centenas, talvez milhares de pessoas, para entender: os sorrisos, o
sol brilhando e a alegria de reunir amigos e parentes em meio às vinhas ao ar
livre, com certeza são momentos inesquecíveis. E tudo sem estresse!
Uma das adegas que visitei, o Domaine
des Pendus (foto da abertura) contava com cerca de 20 pessoas da mesma familia
para que a organização e o bem estar dos visitantes fossem mantidos em “padrão
suiço”. Essa adega também levou o meu “troféu” de melhor vinho das caves
ouvertes de 2014: um ma-ra-vi-lho-so vinho espumante produzido a partir de uva
Gamay, com uma curiosidade: foi a primeira vez que um dos filhos do dono da
vinícola produziu esse vinho, utilizando métodos ancestrais de produção.
O vinho foi batizado de “l'inconnu” (o
desconhecido) e será batizado numa espécie de concurso de sugestões feitas
pelos visitantes da adega. Claro que comprei algumas garrafas para garantir o
sabor único desse vinho na minha varanda em dias de sol no verão que se
aproxima e, quem sabe, conseguir manter em minha memória o gosto de uma
maravilhosa tarde de primavera. Tardes assim que já aproveitei em um restaurante
aqui perto de casa (veja na foto abaixo minha varanda predileta), o Domaine de
Chateauvieux, que também é um hotel de alta qualidade.
Como as adegas abrem das 10hs às 18hs
consegui visitar 5 adegas e degustar cerca de 50 vinhos produzidos na minha
vizinhança. Depois de tantos brindes, fica aqui o meu convite para que você
participe da próxima edição do “caves ouvertes” de Genebra, um evento muito
especial. E apresento abaixo minha lista de rótulos favoritos desse dia
inesquecível: Santé!!
⁃
Christian Guyot Vigneron: Vinho “Tourmaline”
(categoria blanc de noirs) – produzido a partir de uvas tipo Gamay de Soral
⁃
Christian Guyot Vigneron: Vinho “Don Juan”
(categoria tempranillo) – produzido
a partir de uvas tipo tempranillo
⁃
Domaine des Pendus: Vinho "Pascadoux"
(categoria vinho licoroso) – produzido a partir de uvas tipo Muscat
⁃
Domaine
des Pendus: Vinho “L'inconnu” (categoria espumante) – produzido a partir
das uvas tipo Gamay
⁃
Cave du Petit Gris: Vinho “Syrah” (categoria Syrah)
– produzido a partir de uvas tipo Syrah
⁃
Domaine de Beauvent: Vinho “Gewürztraminer”
(Categoria espumante) – produzido a partir de uvas tipo Gewürztraminer
⁃
Domaine de Beauvent: Vinho "L'Anaz"
(categoria rosé) – produzido a partir
de uvas Gamay
⁃
Domaine de Beauvent: Vinho "Les
Bacheroux" (categoria tinto) - produzido a partir de uvas Merlot
⁃
Domain des
Balisiers: Vinho “Chasselas” (categoria branco) – produzido a
partir de uvas Chasselas
⁃
Domain des Balisiers: Vinho “Mélopée” (categoria
colheita tardia) “
Para saber mais sobre os vinhos suiços
acesse http://invinoviajas.blogspot.com.br/2012/05/nos-vinhedos-de-lavaux-suica-um.html e http://invinoviajas.blogspot.com.br/2012/12/o-vinho-suico-vai-encontrar-os-deuses.html
(*) Renata Boni Ruschel se atreveu a fazer um post especial para o blog do pai Rogerio
Ruschel para que ele (e seus leitores) também pudessem desfrutar desse evento. E Daniele Raffo, companheiro da Renata, degustou junto e fez as fotos.
Bravo Re!!! Fiquei com água na boca só de ler seu post! Fiquei de fora por motivos de saúde! Mas no próximo certeza que farei o possível para ir, pois é exatamente como vc descreveu vinhos de alta qualidade e ainda com estas paisagens e o jeito carinhoso e familiar de ser recebidos! Sem dúvida um grande prazer!! :)
ResponderExcluirObrigada por prestigiar meu texto! Ano que vem faremos juntas então as "caves ouvertes"! Combinado?
ExcluirRenata parabéns seu texto ficou ótimo, tive um pouco de inveja dos vinhos do lugar e das pessoas.
ResponderExcluirEspero que nossos vinhos degustados tanto no Sul como em Pernanbuco seja representado também pelo carinho e dedicação das familias que trabalham e vivem desse produto que é um sonho.
Adorei, você pode ter sucesso escrevendo, tal pai tal filha.
Beijos.
Tânia Canadá
Tania, publicando a resposta da Renata pra ti: Muito obrigada Tania! Com certeza os vinhos brasileiros tb sao produzidos com grande carinho e profissionalismo. Gostaria que tivesse caves ouvertes no Brasil também para poder degustar os maravilhosos vinhos da nossa terra (principalmente os colheitas tardias gauchos que são os meus favoritos!). Te convido a degustar os vinhos suiços... que tal fazer uma visita por aqui na época das caves ouvertes ano que vem? Obrigada por acompanhar o blog!
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