Por Rogerio Ruschel
Meu prezado leitor ou leitora, uma das
imagens mais tranquilizantes é estar em uma montanha e lá de cima olhar para um
vale verdejante com casinhas, rios e vida urbana a seus pés. E se neste vale
tiver também vinhedos e a seu lado existir um moinho de vento lindo, azul e
branco, girando, girando e girando – isso sim é um momento tranquilizante. Tive
um momento assim em Portugal e vou contar a seguir.
Os moinhos de vento foram inventados na China
ou na Pérsia, no Século V, para bombear água para irrigação, e aos poucos foram
sendo utilizados para movimentar moendas de grãos. Durante
o período feudal na Europa os moinhos pertenciam aos senhores poderosos, e só
podiam ser utilizados por servos ou camponeses mediante o pagamento de uma taxa
abusiva.
Talvez esta tenha sido a razão pela qual Miguel de Cervantes colocou há
400 anos atrás seu personagem “El Ingenioso Hidalgo Don Quijote de La Mancha”
com seu cavalo Rocinante a lutar contra moinhos de vento – ele lutou bravamente
contra estes gigantes malvados! Que na verdade, vistos de perto, são
maravilhosas arquiteturas de madeira, como dá para ver abaixo.
Com a industrialização e os novos processos de moagem, os moinhos de vento instalados no topo das colinas perderam a sua missão principal de moer grãos de trigo para fazer farinha, mas nunca deixaram de ser locais simpáticos e até mágicos, que despertam a curiosidade de quem passa.
No Brasil temos poucos registros deles – e muita informação sobre os modernos moinhos de vento para produção de energia eólica, esses gigantes que perturbam a paisagem especialmente no Sul e no Norte. Nosso potencial é avaliado em 143 GW e esta potencialidade da energia eólica é quase uma vez e meia o que se produz atualmente de eletricidade no Brasil.
Em Portugal atualmente existem 26 moinhos de vento recuperados e alguns deles em condições de moer os cereais tal como era habitual há centenas de anos; ficam em Peniche, Cadaval Lourinhã, Torres Vedras, Sobral de Monte Agraço, Arruda dos Vinhos e Alenquer.
Em 2016 visitei um deles, em Cadaval, perto
de Lisboa. E conheci Miguel Luis Evaristo Nobre
– conhecido como Miguel Nobre - o único artesão certificado no oficio de
restauro e manutenção de moinhos de vento em Portugal – e provávelmente o único
que pode ensinar isso no idioma Porguguês. Ele opera moinhos de vento na Serra
do Montejunto, Vilar, Cadaval, distante 72 Km de Lisboa, região com vinhedos de
várias uvas, entre elas a Vilar.
Sua empresa é a Arte ao Vento, dedicada
ao restauro e manutenção de Moinhos de Vento. O local recebe visitantes, e com
seu sobrinho Carlos Bernardino transformou uma pequena casa em um restaurante que oferece comida típica saborosa e uma vista
espetacular da região. Bruno Gomes, gestor de turismo da Quinta do Gradil – a
gloriosa adega que foi do Marquês do Pombal - foi quem me levou lá. Na foto acima, da esquerda para a direita, Bruno Gomes, Rogerio e Miguel Nobre (de camisa vermelha).
Saiba
mais aqui: https://www.facebook.com/arte.aovento/
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