Por Rogerio Ruschel (*)
Meu prezado leitor ou leitora, imagine uma
comunidade com mais de 2500 anos de história, implantada em uma grande planicie
fértil repleta de construções megalíticas e vinhedos, sobreiros e
olivais e com o céu mais claro do mundo. Imagine que, embora esta comunidade tenha
uma clara vocação para a agricultura, seja uma cidade com castelos, uma vila
romana incrível e belas atrações culturais como a Sala Capitulo do Museu Rainha Dona Leonor da foto
acima. Pois esta comunidade se chama Beja, é a capital do Distrito de Beja e do
Baixo Alentejo em Portugal, um excelente local para conhecer vinhos do centro e sul de Portugal. Na foto abaixo, panorâmica da Herdade dos Grous, uma das
vinicolas de Beja.
Pois se você quiser conhecer Beja uma boa
oportunidade é 6 e 9 de Outubro, quando a cidade estará em festa: é que todos os
anos no mes de outubro
esta comunidade se apresenta para visitantes de todo o mundo na RURALBEJA. Realizada pela prefeitura, a RURALBEJA é talvez a mais
importante feira do sul de Portugal, que além do turismo cultural, vinhos,
azeites e gastronomia, apresenta o Salão do Cavalo Lusitano, a Festa Brava (uma
série de provas com touros), a Avibeja (mostra regional de aves),
a Canibeja (feira de cães) e apresentações de um espetáculo pelo qual sou
particularmente apaixonado, o Cante Alentejano.
Para um visitante que não é criador de
animais, a principal feiras é a Vinipax, a grande mostra de vinhos do sul de Portugal. O diretor
técnico da Vinipax é o enólogo Aníbal Coutinho, critico de vinhos dos jornais
Diário de Noticias e Jornal de Notícias e autor de conhecidos guias de vinhos
de Portugal, os das séries “Copo & Alma” e “Guia Popular de vinhos”. Pois Coutinho
coordena também o Concurso Internacional de Vinhos "PREMIO
FIJEV/VINIPAX" em parceria com a Federação Internacional de Jornalista e
Escritores de Vinhos (FIJEV), provavelmente o mais importante desta região
portuguesa; na edição 2015 cerca de 60 vinhos do Alentejo e das regiões
de vinhos do Algarve e da Península de Setúbal competiram no concurso.
Mas nem só de vinhos vive o homem e Beja
oferece turismo de qualidade. Fundada por celtas cerca de 400 anos AC, Beja foi
invadida e colonizada por lusitanos e cartagineses; foi uma província do
Império Romano por mais de 600 anos, do qual chegou a ser a sede de uma das
quatro chancelarias da Lusitania (o nome do Império Romano na Península
Ibérica), no tempo do imperador Augusto. Depois dos romanos, o território foi ocupado
por visigodos, alanos e suevos. Entre os anos 714 e 1162 esteve nas mãos dos
árabes, foi reconquistada pelos cristãos e finalmente se tornou uma cidade
portuguesa em 1517. Como se não bastasse, Beja ainda sofreu com as invasões
francesas entre 1807 e 1811, mas vamos deixar Napoleão pra lá.
Com 23.000 moradores (foto acima, a vidade
vista do Castelo), Beja atrai milhares de visitantes com seu patrimônio
histórico, religioso, cultural e gastronômico exclusivos. É uma cidade que foca
na qualidade de vida e na valorização do tempo dos seus moradores, oferecendo
lazer e cultura como parte dos serviços básicos, além de água, luz, esgoto,
transporte e habitação. Dois exemplos são uma biblioteca especializada em
historias em quadrinhos, ilustrações, cartuns e cinema de animação e o
investimento em um projeto para ser uma referência regional e nacional no que
diz respeito à sustentabilidade, até o ano de 2020. Na foto abaixo parte das
ruinas da Vila Romana.
Os turistas geralmente dão preferência para o
Museu Rainha Dona Leonor (também conhecido como Museu Regional de Beja)
implantado nas dependências do antigo Convento da Conceição e tombado como
Patrimônio Nacional desde 1922 (foto acima, a Sala do Capitulo); o Museu Jorge
Vieira – Casa das Artes com obras do escultor lisboeta Jorge Vieira, um dos
mais importantes do século XX de Portugal e o Espaço Museológico Rua do
Sembrano, com foco na arqueologia e paleontologia.
Mas além dos museus,
outra visita obrigatória é o Castelo de Beja, parte remanescente dos antigos muros de defesa da cidade construido pelos
romanos entre o século III e o século IV (fotos acima); a Villa Romana dos
Pisões, com cerca de 30 mil metros quadrados (foto abaixo), e igrejas e
abadias, muitas delas.
E por falar em igrejas, foi em Beja que
nasceu a freira Mariana Alcoforado (foto abaixo), em 1640, autora de cinco
cartas de amor dirigidas ao Marquês de Chamilly (o bonitão da foto abaixo), um
marechal do exército francês que lutou em Portugal durante a Guerra da
Restauração. As tais cartas de amor da freira foram passadas para fora do
convento por uma janela, “vazaram na rede”, como se diz nestes tempos de internet,
e acabaram se tornando um clássico literário de amor proibido com o titulo de
“Cartas Portuguesas”.
Então já
sabe, estimado leitor ou leitora: se você quiser conhecer os vinhos do sul de
Portugal, se divertir, conhecer coisas bonitas e sentir no coração um vento que já soprou em amores clássicos, aproveite e visite a RuralBeja, em outubro; conheça
detalhes aqui: http://www.cm-beja.pt/homepage.do2
(*) Rogerio Ruschel é editor de In Vino
Viajas em São Paulo, Brasil, e gosta de cavalos lusitanos, pássaros e cães, mas
prefere vinhos e azeites.
Rogério, gostei. Estou considerando visitar. Vou conversar com você. Parabéns pelo excelente blog!
ResponderExcluirObrigado. Portugal sempre é um ótimo destino. Vamos conversar. Abs, Rogerio
ExcluirRogério vou passar 17 dias rodando por Portugal, quais as dicas que vc me daria.
ResponderExcluirVou no início de setembro, aguardo ansiosa sua contribuição.
Abs
Fabiana, esta pergunta é dificil de responder porque cada pessoa tem seu proprio gosto. A vantagem é que Portugal é pequeno para brasileiros acostumados com grandes distancias. Sugiro que não deixe de conhecer Porto e Douro no norte (reserve uns 7 dias e se tiver tempo, conheça tambem a região do Vinho Verde, no Minho, mais 2 dias); percorra o Alentejo, na parte central do país (Monsaraz, Evora, Arraiolo e região, que vai consumir pelo menos 4 dias); Lisboa e região (que precisa de uns 5 dias) e se tiver tempo, vá até o Algarve, bem no sul. Mas ainda tem Fátima, perto de Lisboa. Se gosta de vinho, em setembro é tempo de vindima, de colheita da uva em todo o pais... Outra dica é chegar pelo aeroporto de Porto e voltar por Lisboa, é o mesmo preço. Boa viagem
ExcluirRogério vou passar 17 dias rodando por Portugal, quais as dicas que vc me daria.
ResponderExcluirVou no início de setembro, aguardo ansiosa sua contribuição.
Abs
Ola Fabiana, já respondi, veja acima. abraços
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