Estimado leitor ou leitora, os brasileiros
estão começando a ter importância econômica para o enoturismo de Portugal. Pesquisa
realizada entre maio e julho de 2015 pela Turismo de Portugal mostrou que o
enoturismo continua crescendo no país. Os visitantes são tanto portugueses como
de outros países, meio a meio e entre os 50% de visitantes estrangeiros, os
paises emissores mais importantes são o Brasil (com 45%, em azul no quadro abaixo) e o Reino Unido seguidos da
Alemanha e França – aliás, países com os quais Portugal não tem fronteira
física (veja gráfico abaixo).
A pesquisa foi feita junto a 311 unidades de ecoturismo - são consideradas
Unidades de Enoturismo “todas
aquelas que produzem vinhos, realizam visitas, oferecem degustação de vinhos e
fazem vendas nas instalações” – ou seja, em adegas de vinícolas, como as da
foto abaixo, visitada por este repórter.
Entre os aspectos mais importantes identificados pela pesquisa
podem ser destacados:
·
A
atividade continua crescendo: quase dois terços (63%) dos entrevistados relatam
um aumento no faturamento em 2014 em relação ao registrado em 2013. E as
expectativas para 2015 também são otimistas: 75 por cento deles acreditam em um
aumento das receitas para o corrente ano. Além disso a própria atividade
turística vem crescendo em importância para as vinicolas: 97% e 96% das
unidades consideraram que o enoturismo tem um papel “muito importante” ou
“importante” em termos de reconhecimento e a divulgação das empresas. E no que
se refere a contribuição econômica, 69% consideram o turismo como uma
contribuição “muito importante” (20%) ou “importante” (49%) para a vinícola
como um todo.
·
O enoturismo é uma atividade recente
na indústria: 51% dos entrevistados começaram a oferecer serviços de turismo na
vinícola na década de 2000 a 2009 e 30% entre 2010 e 2014. A atividade começou
na região do Douro, foto abaixo.
·
Embora
a atividade seja estratégicamente importante, os volumes ainda são pequenos: cerca de 48% dos entrevistados informaram ter recebido até 500
visitantes em 2014; 24% delas informaram ter recebido mais de 5.000 turistas
por ano.
·
A maioria dos visitantes tem
entre 35 e 54 anos (60% do total) e os meses de verão (julho e agosto) são os
de maior procura ao lado de setembro, que é o mês das vindimas e de festas
tradicionais relacionadas com o vinho. (No Brasil este período preferencial é
de janeiro a março no sul do país).
·
As Unidades de Enoturismo estão
na internet, tanto através de websites
(85%) como de redes sociais (81%). 97% das unidades de enoturismo afirmaram
disponibilizar os respectivos websites
em português e 87% também em inglês. Apenas 18% das unidades disponibilizam o website em francês e 10% em espanhol. Uma das entrevistadas informou ter mais de
150 mil visitas anuais no site, mas também há quem fale em menos de 10 no ano.
Nas redes sociais como Facebook, o espectro de visitas varia entre 60.000 e
apenas 9 “Likes”. Ainda em redes sociais, apenas 25% dos que estão ativos nas
redes sociais têm mais de 5.000 “Likes” e 20% têm menos de 1.000.
Através da AMPV (Associação dos
Municípios Portugueses do Vinho) que
representa mais de 80 comunidades, Portugal
tem participado ativamente de atividades para incrementar o enoturismo
realizando debates e congressos, organizando feiras e eventos, apoiando
entidades internacionais como a Associação Internacional de Enoturismo
(Aenotur) e Rede Europeia das Cidades do Vinho (Recevin); nestas duas entidades
a AMPV tem status de vice-presidência.
Uma das atividades que tem
ajudado a ampliar o enoturismo é o Dia do Enoturismo Europeu, criado em 2009
pela Recevin, e que hoje – na forma de Dia, Semana ou Mes do Enoturismo - já
chega a mais de 100 municípios municípios nos quais o vinho é econômicamente estratégico
de 11 países europeus: Alemanha,
Áustria, Bulgária, Eslovenia, Espanha, França, Grécia, Hungria, Itália e
Portugal. Em 2015 até mesmo no Brasil foi realizado. Na foto abaixo este repórter na visita a Herdade do Esporão, no Alentejo.
Mesmo que figurem bem nas
estatísticas, os brasileiros de fato ainda não descobriram Portugal: somente
500 mil estiveram no país em 2014 e mais de 70% ficam na região de Lisboa, não
descobrindo este fantástico país de tantas belezas e delícias. Se lembrarmos
que mais de 15 milhões viajaram para o exterior naquele ano, poderíamos
tranquilamente duplicar a quantidade de brasileiros em Portugal, se os
brasileiros “se lembrasssem” de Portugal. Falta promoção feita no Brasil, por
brasileiros, e não deve ser exclusivamente em vinícolas, e sim, de uma região,
um roteiro e um pacote de descobertas – entre as quais, bons vinhos!
(*) Rogerio
Ruschel é editor de In Vino Viajas a partir de São Paulo, Brasil, mas está atendo ao que acontece em todo o mundo na área de enoturismo.
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