Por Sandro Marcelo Cobello (texto) e
Rogerio Ruschel (editor)*
Meu
prezado leitor ou leitora, espero que você não esteja com fome porque vou falar
de comida. Na verdade, de uma especiaria européia, uma exuberância gastronômica
que a cada dia tem mais adoradores, uma flor comestível chamada alcachofra que na cidade de São Roque já faz parte da merenda escolar. E como sei que você tem bom
gosto, anote para não esquecer: de 2 de outubro a 2 de novembro a alcachofra
tem sua maior festa no Brasil, em São Roque, a 60 quilometros de São
Paulo: no ano passado a cidade recebeu 80 mil pessoas em quatro fins de semana,
que conheceram também licores, patês e molhos de
alcachofra - um mundo de iguarias. Saiba mais no fim desta reportagem.
Como
sei que você é exigente, para lhe apresentar a história da alcachofra, In Vino
Viajas convidou um dos maiores especialistas sobre o assunto no Brasil, Sandro
Marcelo Cobello, ex-secretário de
turismo da cidade de São Roque e um conhecido consultor de Turismo Rural.
Sandro é o tipo do cara que participa de eventos sobre turismo rural,
enoturismo e faz palestras sobre alcachofra – além de prepará-las e comê-las
muito bem porque se criou dentro de um restaurante especializado em alcachofras.
Com a palavra, Sandro Cobello.
“De
origem mediterrânea, a alcachofra é uma flor comestível consumida no seu
período de inflorescência (quando dá botão, veja acima), tem como principais
produtores e consumidores países europeus como Espanha, Itália e França, mas
também é cultivada na África, e
nas Américas, principalmente Estados Unidos, Peru e Argentina.
No
Brasil foi introduzida pelos imigrantes europeus como produto para consumo
próprio, e na região metropolitana de São Paulo, encontrou terreno ideal para
cultivo. Hoje três cidades – Piedade, Ibiúna e São Roque – produzem 90% do
cultivo nacional. Cada vez mais vem sendo procurada por pessoas de bom gosto e
boas alcachofras – naturais ou em conserva – podem ser encontradas em feiras
livres, supermercados e em bons restaurantes (abaixo, um quitute: alcachofra
gratinada com queijo gorgonzola).
A
alcachofra tem diversas variedades e a mais cultivada aqui no Brasil é a
denominada “alcachofra-roxa-de-são-roque” que tem um tom característico roxo porque
durante o período anterior a colheita ficam cobertas com jornal ou papel para
adquirir esta charmosa coloração (veja na foto abaixo). Apesar de São Roque já
não contar mais com as maiores áreas de cultivo, é a cidade que mantém a mais
forte tradição do cultivo da flor, realizando uma festa enorme no mês de
outubro. Na mesma região do conhecido Roteiro do Vinho, Gastronomia & Lazer
da cidade também é possível visitar belas áreas de cultivo da flor bem como
saborear uma infinidade de pratos, conservas e quitutes. Outra curiosidade: há
mais de uma dezena de anos a cidade conta com área de cultivo do departamento
de educação onde as merendeiras da cidade são preparadas para elaborar pratos
com alcachofra para os alunos da rede pública.
Por
se tratar de uma flor, o período de colheita é basicamente na Primavera (de
setembro a novembro), mas com as novas técnicas de plantio já é possível ter a
oportunidade de ver as lavouras de alcachofras cultivadas com carinho por
produtores que após períodos de estagnação no cultivo de uvas, resolveram
substituir seus vinhedos, tendo obtido interessantes resultados pelo forte valor
comercial da flor. Alguns destes produtores desenvolveram formas de agregar
valor com a instalação de empresas para elaboração de conservas (abaixo),
congelados e derivados da flor que podem ser encontrados na Festa de São Roque.
Dois
locais na Estrada do Vinho em São Roque se destacam com a alcachofra –
Alcachofras Bom Sucesso e a Cantina Tia Lina. A Alcachofras Bom Sucesso conta
com estrutura para visitação à área de plantio realizado pelos proprietários
Ana Lídia e Juca, que atenciosamente recebem os visitantes e realizam também
palestras, workshops e visita guiada a área de cultivo com possibilidade de
conhecer um pouco da história dessa flor comestível bem como depois saber o
modo de preparo e degustação de uma infinidade de produtos elaborados como patê
de alcachofra, alcachofra em conservas no azeite, com condimentos, quiches,
esfihas, sopas.
A
Cantina Tia Lina é o primeiro restaurante do Roteiro do Vinho, implantado no
ano de 1999. A “tia” Lina Sgueglia de Góes introduziu as alcachofras cultivadas
na região em suas massas artesanais e risotos elaborados com todo esmero pela
família e tendo o rondeli 4 queijos com fundo de alcachofra seu carro chefe e
durante o período da safra da alcachofra de agosto à setembro conta com pratos
elaborados com a flor da alcachofra como ao alho e óleo e recheadas – na foto
abaixo, alcachofra a romana.
Durante
os meses de julho a novembro, a agência de turismo receptivo de São Roque
realiza um trabalho pioneiro de visita guiada as áreas de plantio de alcachofra
onde será possível conhecer o processo de cultivo, elaboração de pratos e
degustação de produtos feitos à base de alcachofra, bem como possibilidade de
grupos organizados também para realização de almoços com pratos à base dessa
flor ainda desconhecida pelos brasileiros, mas cada vez mais surpreende os mais
diferentes paladares.”
Pois
vou acrescentar ao texto do Sandro o que um médico amigo meu me disse: por
conter uma substância denominada cinarina (componente químico ativo que confere
sabor amargo), a alcachofra estimula o aumento do fluxo biliar, melhorando as
funções do fígado e ajuda a prevenir várias doenças hepáticas. A alcachofra
também tem sido muito eficaz no combate as gorduras, e por isto ela é inclusa
em muitas dietas para perda de peso.
Saiba
mais sobre a Festa de Snao Roque que inclui a Festa da Alcachofra em: http://www.exposaoroque.com.br/index.html
(*) Rogerio Ruschel é ditor de In Vino Viajas
em São Paulo, Brasil, e gosta muuuuuito de alcachofras. Sandro Marcelo Cobello,
Consultor de Mercado em Turismo Rural: smcbrazil@hotmail.com e vinhodesaoroque@ig.com.br e fone 11-9-9697-1514 (Vivo)
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