Por Luís Pedro, texto (*)
e Rogerio Ruschel, edição (*)
Meu prezado leitor ou
leitora, entre os vinhos dos quais gosto muito estão os Vinhos Verdes de
Portugal e Espanha. Estive na região em julho e fiz um verdadeiro curso intensivo
para conhecer, entender e apreciar os Verdes (e acabei me apaixonando por tudo que vi...). Uma das visitas técnicas que fiz foi
ao Solar do Louredo (fotos acima, abaixo e em toda a reportagem), que preserva uma vinha com 500 anos
de idade e que já apresentei aos leitores aqui. Esta região do noroeste peninsular,
em Viana do Castelo, Portugal, está colhendo uma
safra excepcional este ano e fala-se - talvez com exagero - que 2015 poderia ser a “safra do século”.
Pois então, para documentar um pouco a memória destas comunidades que resultam em vinhos tnao diferentes e exclusivos, convidei Luís
Pedro, engenheiro pela Universidade do Minho e responsável pela comunicação do
Solar do Louredo - e um apaixonado pelos Verdes, como eu – a nos revelar o porque
de tanta alegria. Com
a palavra meu amigo Luís Pedro.
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“São seculares as vindimas no Solar do Louredo e por séculos vem-se
colhendo por aqui excelentes uvas para Vinhos Verdes de prestígio internacional.
E este ano de 2015 revestem-se de uma enorme expectativa, pois tudo indica que
será um ano de exceção, quer na qualidade, quer na quantidade. As fantásticas
condições atmosféricas verificadas durante todo o ano fazem prever vinhos de
uma qualidade impar. Há até quem fale na “Vindima do Século”.
Mas não é só o clima, a par das boas práticas agrícolas, que nos
permitem especular sobre a qualidade dos próximos vinhos. É que no Vale do
Lima, é ancestral a arte da vinificação dos Verdes, tendo sida apurada ao longo
dos tempos. A Quinta do Solar do Louredo, data já do século XVII; ela
espreguiça-se nas margens do Rio Lima, em pleno Alto Minho, em Geraz do Lima.
No passado aqui se instalaram reis e rainhas, trazendo as suas cortes, atraídos
por estas terras ricas e férteis, fazendo assim frente a tempos adversos. Eram
os “senhores”, geradores de trabalho, em troca de recompensas às gentes das
Terras de Geraz. Dedicavam-se à produção de gado e à agricultura, iniciando-se
também na produção de vinho para consumo próprio.
É assim que nasce a tradição deste povo na produção de uvas e de
vinhos. São vinhos únicos no mundo, exclusivos de Geraz do Lima, vinificados
essencialmente a partir das castas Loureiro (acima), Trajadura e Vinhão
(abaixo), que aqui crescem e abundam em condições muito peculiares de solo e de
clima. Os solos apresentam uma diferenciação de perfil muito exclusiva,
extremamente ricos em minerais, numa combinação aleatória de solos argilosos e
de piçarra. Resultam das contribuição das chuvas que arrastam consigo os constituintes
das montanhas, e das cheias que aqui fazem chegar o material dos rios.
Quanto ao clima, ele também assume caraterísticas de exceção. Resulta
de um choque entre o clima do atlântico (muito frio e húmido) que vem do mar em
direção ao interior, e do clima do interior (mais temperado e seco) que vai em
direção ao mar, fazendo do rio a sua estrada. Este choque produz, aqui, um
micro clima propício para o cultivo das castas brancas Loureiro e Trajadura que
maduram a temperaturas suaves, fornecendo muito aroma aos vinhos e uma acidez
rica e extremamente equilibrada. Esta combinação de solos e de clima confere
aos vinhos produzidos na região e no Solar do Louredo características
exclusivas, diferentes de todos os outros.
As gentes de Geraz conhecem as suas terras e o seu clima como ninguém.
Especializaram-se na vinicultura ao longo dos séculos através da sua sabedoria
empírica e os enólogos do Solar do Louredo respeitaram desde logo o conhecimento
dos antepassados. Tiveram a preocupação de falar com as pessoas mais velhas, de
perceber essa sabedoria ligada à plantação, à rega e à poda. A sua relação com
as luas e com as marés. Coisas que as populações não sabiam explicar, mas que
davam certo. Conhecimento acumulado e aperfeiçoado ao longo dos séculos que
lhes permitiu obter as melhores uvas.
Hoje a ciência explica o porquê desses resultados… Então, se a essa
sabedoria juntarmos a melhor tecnologia disponível para vinificar, conseguimos
elevar o potencial da nossa matéria-prima que é a uva. Assim, não será
necessário proceder a grandes correções enológicas na adega para conseguirmos
grandes vinhos, tal qual um chefe de cozinha não precisa de grandes
transformações se trabalhar com bons ingredientes. Abaixo dois dos produtos da casa.
No Solar do Louredo alia-se tradição à inovação, o conhecimento
empírico ao científico, somando a investigação universitária. E as uvas são
provenientes de vinhas em modo de produção integrada, através da gestão
racional dos recursos naturais e conservação do ecossistema agrário,
contribuindo assim para uma agricultura sustentável – como na foto abaixo, um
mini-aqueduto centenário. Se a tudo isto somarmos então as condições meteorológicas
raras que marcaram o último ano agrícola, que agora estamos colhendo, estamos
então a falar duma colheita de referência: a uva apresentou um excelente desenvolvimento
ao longo de todo o ciclo vegetativo, resultando teores de açúcar que indicam a
maturação óptima da colheita. Uma colheita notável!
O Solar do Louredo prevê com esta vindima duplicar a sua produção,
reafirmando a sua missão em produzir os melhores Verdes do mundo. Até a
colheita de 2015 estar disponível no mercado, o foco é o Vinho Verde Tinto
Solar da Videira (abaixo), um tinto de fusão, de acidez totalmente controlada e
final feliz a ameixas vermelhas maduras e notas de chocolate que é uma
homenagem à Videira dos 500 anos, a mais antiga de Portugal, a tal que resistiu
a Napoleão, às duas grandes guerras mundiais e ainda sobreviveu à Filoxera,
praga que devastou a Europa a partir do ano de 1860. (na foto abaixo)".
Leia sobre a videira com 500 anos aqui: http://invinoviajas.blogspot.com.br/2015/09/conheca-videira-com-500-anos-da-quinta.html
(*) Luís Pedro é licenciado em engenharia pela
Universidade do Minho, em Portugal, trabalhou com franchising em Portugal, fez
parte do corpo redatorial de revistas como a Franchising & New Business e
Negócios e Franchising e participou nos programas de internacionalização de
marcas. Desde 2014 é Dreamer no Solar do Louredo, respondendo pelos
departamentos de Comunicação e Estratégia, desenvolvendo os programas de
enoturismo, promoção da marca, imagem, eventos e novos mercados.
(*) Rogerio Ruschel é editor de In Vino Viajas
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