Por Rogerio Ruschel (*)
Prezado(a) leitor(a), o mundo do vinho está repleto de mulheres fantásticas e você vai conhecer agora um pouco sobre uma grande mulher que acabou
de falecer. Pequena ainda, perdeu a mãe em um campo de concentração nazista, mas não perdeu a fé nas pessoas. Apesar
de milionária, escolheu ser atriz de comédia em Paris por mais de 30 anos - num tempo em que isto não ajudava muito na imagem pessoal. Presidiu ativamente
uma das maiores empresas vinícolas do planeta, mas sempre encontrava tempo para
ajudar artistas. E estava sempre sorrindo - sempre. Esta foi a Baronesa Philippine de Rothschild.
Pois a Baronesa agora vai descansar. Falecida dia 22 de Agosto de 2014 aos
80 anos, a ex-presidente da Baron Philippe de Rothschild SA. foi
enterrada nos jardins do seu Château Mouton Rothschild Bordeaux, em uma capela rústica denominada
“Salle des Vendengeurs,” na presença do marido Jean-Pierre de Beaumarchais; de seus três filhos, Camille, Philippe e
Julien; seus 10 netos
e mais de 1.200 pessoas entre personalidades do vinho, da
política, da moda e das artes do mundo inteiro.
A imprensa lembrou sua inteligência, criatividade, o calor, o perfeccionismo e a alegria com que
encarava todos os desafios e aspectos da
vida. A filha Camille tranquilizou
os convidados dizendo que a família
estava serena e confortada e seu
irmão Philippe garantiu que
a empresa sediada em Pauillac (fotos abaixo) estava em boas
mãos e que ele estava determinado
a honrar o legado de mamãe,
um negócio próspero com produtos
respeitados e admiradores em todo
o mundo.
Complexa, visionária e obstinada, a Baronesa Philippine de
Rothschild foi presidente do
Conselho de Administração e acionista majoritária
da empresa familiar Baron Philippe de Rothschild
e uma figura monumental no mundo
do vinho.
À frente da empresa, Philippine ajudou a inovar todas as áreas, incluindo a criação de uma segunda linha de vinhos além dos Grand Crus e da badalada marca Château Mouton Rothschild. Foi iniciativa dela produzir vinhos na Califórnia (Opus One, foto abaixo) e no Chile (Almaviva) por meio de parcerias com sócios locais.
À frente da empresa, Philippine ajudou a inovar todas as áreas, incluindo a criação de uma segunda linha de vinhos além dos Grand Crus e da badalada marca Château Mouton Rothschild. Foi iniciativa dela produzir vinhos na Califórnia (Opus One, foto abaixo) e no Chile (Almaviva) por meio de parcerias com sócios locais.
Ela também foi, desde 1980, a responsável por
selecionar os rótulos dos produtos Chateau Mouton Rothschild,
uma tradição que desde 1945 teve
rótulos desenvolvidos por artistas como Braque, Dali, Picasso,
Kandinski, Chagall, Bacon, Tàpies,
Miró, Andy Warhol e Koos
- veja alguns destes rótulos nas fotos abaixo. Sempre apoiou ou financiou as
artes como mecenas e foi grande incentivadora da exposição itinerante "Mouton Rothschild.: arte e
etiqueta".
E foi um exemplo na vida privada como filha, esposa e
mãe. Filha única, Philippine perdeu a mãe que foi deportada para um campo de concentração em Ravensbrück e morreu em 1945. Casou com o ator Jacques Sereys, com quem
teve dois filhos, e depois com o acadêmico
e escritor Jean-Pierre de Beaumarchais, com quem teve o terceiro filho,
Julien.
Teve longa carreira como atriz de teatro de comédia na França entre os anos 50-70 sob
o nome artístico Philippine Pascal, que abandonou para assumir o lugar de seu pai na empresa, o Baron Philippe de
Rothschild, quando este morreu em 1988.
Um brinde a
esta grande mulher e empresária que nunca optou pelo mais fácil.
(*) Rogerio Ruschel é enófilo, jornalista e já teve o prazer de beber um Gran Cru Château Mouton Rothschild
Nenhum comentário:
Postar um comentário