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sábado, 2 de agosto de 2014

O Galo Negro do Chianti Clássico agora canta em um convento de Radda e num bar de Florença, ajudando turistas na Toscana


Por Rogerio Ruschel (*)
Meu prezado leitor, o Galo Negro – simbolo do vinho Chianti Clássico, da Toscana, Itália – anda bem agitado neste começo de verão de 2014. O Consórcio do Chianti Clássico (associação dos produtores deste tipo de vinho) investiu na restauração do antigo Convento de Santa Maria al Prato em Radda in Chianti (foto abaixo), do século XVI, para transformá-lo na Casa do Chianti Clássico e oferecer experiências de enoturismo como aulas de degustação, programas de culinária (incluindo cursos rápidos), piqueniques nos vinhedos, mas também eventos e mostras de arte

A inauguração da Casa do Chianti Clássico é mais uma iniciativa para ampliar as vendas, tanto de vinhos quanto de serviço de turismo que atrai milhóes de pessoas para suas paisagens e vinhedos todos os anos (abaixo), e foi realizada três meses depois que a organização abriu também um bar de vinhos no centro de Florença.

Tudo está sedo feito para romper a pasmaceira nas vendas que vem assolando os produtores de vinho da Europa de modo geral: as vendas globais dos vinhos Chianti Clássico subiram apenas 0,5% em termos de volume em 2013 contra 2012 e o investimento é para crescer mais em 2014. Por isso suas adegas terão a maior coleção de rótulos de Chianti Clássico do mundo, para degustar e comprar.

Cerca de 80% produção do Chianti Clássico é exportada: os EUA foram responsáveis ​​por 31% das importações, seguido pelo Reino Unido para 10% e China e Hong Kong com 3% das exportações cada. Porisso a Casa do Chianti Clássico tem como foco os amantes do vinho e turistas de todo o mundo que visitam a Toscana, e isso fica claro quando se vê que uma das exposições iniciais é 'Chianti através dos olhos chineses', que mostra fotografias a região fotografada por profissionais chineses. Mas o local vai oferecer também cursos e treinamento para moradores da região. A foto abaixo, de uma viela toscana, é de Mário Ventura.

O Chianti Clássico é produzido com um mínimo de 80% da uva Sangiovese e também as uvas canaiolo, trebiano e malvasia como o Chianti “comum” - mas o “comum” usa menos Sangiovese, até um máximo de 75%. O Chianti Clássico é produzido apenas em uma área restrita dentro da região de Chianti e somente por alguns fabricantes de vinho dentro dessa área - veja o mapa abaixo.

Uma das atrações da Casa do Chianti Clássico no Convento de Santa Maria al Prato, em Radda, é uma butique de produtos esportivos, enogastronômicos e de “lifestyle” com o símbolo do Gallo Nero, como você pode ver abaixo.

O galo negro é o símbolo do Chianti Clássico pelo menos desde 1716 (veja abaixo a evolução dos logotipos) e existe uma lenda bem divertida sobre o origem disso, embora não exista uma confirmação histórica. Anote aí a história do galo negro.

Em tempos medievais Florença e Siena combatiam muito entre si – e com batalhas sangrentas - sobre extensão territorial, isto é, sobre quem deveria governar mais colinas de Chianti e ter mais vinhedos. Muito sangue foi derramado até que, segundo a tal lenda, no século XVII os políticos finalmente decidiram resolver isso de uma vez por todas com uma competição bastante curiosa. 
Decidiram que dois cavaleiros viajariam entre Siena e Florença (cerca de 70 Kms) partindo ao mesmo tempo de cada uma das cidades; o primeiro que chegasse na outra cidade seria o vencedor. Passariam por colinas e vilarejos como os fotografados por Mário Ventura, abaixo e acima. Como eles não tinham como sincronizar os relógios para saírem ao mesmo tempo, decidiram que o primeiro canto de um galo definiria a hora de partida em cada cidade.

Os moradores de Siena escolheram um galo branco e o alimentaram bem na noite anterior, na esperança de que um galo bem alimentado iria cantar com mais determinação e força. Os florentinos, em vez disso, escolheram um galo preto e mantiveram o pobre coitado com fome, na esperança de que um galo com fome iria se levantar mais cedo e cantar mais alto. Pois é, de fato, os florentinos estavam certos: o galo preto estava tão esfomeado que bem antes do amanhecer já cantava desesperadamente, dando a partida na corrida do cavaleiro. Diz a lenda que o cavaleiro florentino acordou tão cedo que já estava chego a quase 12 km fora dos muros de Siena antes e esta cidade fosse acordada pelo galo banco e liberasse seu cavaleiro. Por causa disso o galo preto se tornou símbolo de Chianti até hoje. Um brinde a ele!
A programação completa da nova Casa do Chianti Clássico pode ser encontrada aqui: www.chianticlassico.com
Para ver outros posts sobre a Toscana, use o espaço ‘Pesquisar” abaixo do logotipo do blogue. Um dos posts pode ser acessado aqui: http://invinoviajas.blogspot.com.br/2014/01/10-fotos-supreendentes-da-toscana-veja.html
 
(*) Rogerio Ruschel é jornalista, enófilo, mora em são Paulo, Brasil, mas não se incomodaria de morar na Toscana
 



 




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