Por Rogerio Ruschel (*)
Meu prezado leitor, o Galo Negro – simbolo do vinho
Chianti Clássico, da Toscana, Itália – anda bem agitado neste começo de verão de 2014. O Consórcio do Chianti
Clássico (associação dos produtores deste tipo de vinho)
investiu na restauração do antigo
Convento de Santa Maria al Prato
em Radda in Chianti (foto abaixo), do século XVI, para transformá-lo na Casa do Chianti
Clássico e oferecer experiências de enoturismo
como aulas de degustação, programas de culinária (incluindo cursos rápidos), piqueniques nos vinhedos, mas também eventos
e mostras de arte.
A inauguração da Casa do Chianti Clássico é mais uma iniciativa para
ampliar as vendas, tanto de vinhos quanto de serviço de turismo que atrai
milhóes de pessoas para suas paisagens e vinhedos todos os anos (abaixo), e foi
realizada três meses depois que a organização abriu
também um bar de vinhos no centro de
Florença.
Tudo está
sedo feito para romper a pasmaceira nas
vendas que vem assolando os produtores de vinho da Europa de modo geral: as
vendas globais dos vinhos Chianti Clássico subiram apenas 0,5% em termos de volume em 2013 contra 2012 e o investimento é para crescer
mais em 2014. Por isso suas adegas
terão a maior coleção de rótulos de
Chianti Clássico do mundo, para degustar e comprar.
Cerca de 80% produção do Chianti Clássico é exportada: os EUA foram responsáveis por 31% das importações,
seguido pelo Reino Unido para 10% e China
e Hong Kong
com 3% das exportações cada.
Porisso a Casa do Chianti Clássico tem como foco os amantes do vinho e
turistas de todo o mundo que
visitam a Toscana, e isso fica claro quando se vê que uma
das exposições iniciais é 'Chianti através dos olhos
chineses', que mostra fotografias a
região fotografada por profissionais
chineses. Mas o local vai oferecer também cursos e
treinamento para moradores da região. A foto abaixo, de uma viela toscana, é de
Mário Ventura.
O Chianti Clássico é produzido com um mínimo de 80% da uva Sangiovese e também as uvas canaiolo, trebiano e malvasia como
o Chianti “comum” - mas o “comum” usa menos Sangiovese, até um máximo de 75%. O
Chianti Clássico é produzido apenas
em uma área restrita dentro da região
de Chianti e somente por alguns fabricantes de vinho dentro dessa área - veja o mapa abaixo.
Uma das
atrações da Casa do Chianti Clássico no Convento de Santa Maria al Prato, em Radda, é
uma butique de produtos esportivos, enogastronômicos e de “lifestyle” com o
símbolo do Gallo Nero, como você pode ver abaixo.
O galo negro é o símbolo do
Chianti Clássico pelo menos desde 1716 (veja abaixo a
evolução dos logotipos) e existe uma lenda bem divertida sobre o origem disso, embora
não exista uma confirmação histórica. Anote aí a história do galo negro.
Em tempos medievais Florença e Siena combatiam muito
entre si – e com batalhas sangrentas - sobre extensão territorial, isto é, sobre quem deveria governar mais colinas de Chianti e ter mais vinhedos. Muito sangue foi
derramado até que, segundo a tal lenda, no século XVII os políticos finalmente decidiram resolver isso de uma vez por todas com uma competição
bastante curiosa.
Os moradores de Siena escolheram um galo branco e o alimentaram bem
na noite anterior, na esperança de que um galo bem alimentado iria
cantar com mais determinação e força. Os florentinos, em vez disso, escolheram um galo preto e mantiveram o pobre coitado com fome, na esperança de que um galo com fome iria se levantar mais cedo e cantar mais alto. Pois é, de fato, os florentinos estavam
certos: o galo preto estava tão esfomeado que bem antes
do amanhecer já cantava desesperadamente, dando a
partida na corrida do cavaleiro. Diz a lenda que o cavaleiro florentino acordou tão cedo
que já estava chego a quase 12 km fora dos muros de
Siena antes e esta cidade fosse acordada pelo galo banco e liberasse seu
cavaleiro. Por causa disso o galo preto
se tornou símbolo de Chianti até hoje. Um brinde a ele!
A
programação completa da nova Casa do Chianti Clássico pode ser encontrada aqui:
www.chianticlassico.com
Para ver
outros posts sobre a Toscana, use o espaço ‘Pesquisar” abaixo do logotipo do
blogue. Um dos posts pode ser acessado aqui: http://invinoviajas.blogspot.com.br/2014/01/10-fotos-supreendentes-da-toscana-veja.html
(*) Rogerio
Ruschel é jornalista, enófilo, mora em são Paulo, Brasil, mas não se
incomodaria de morar na Toscana
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