Por Rogério Ruschel (*)
Alem dos três belos sítios declarados como Patrimônio da Humanidade pela
UNESCO e mais conhecidos internacionalmente (as ilhas Galápagos, o Centro Histórico de Quito e a cidade
de Cuenca), o Equador tem pelo menos mais quatro atrações de primeira classe: a
viagem de trem no topo dos Andes (veja um post já publicado aqui no In Vino
Viajas), o roteiro dos vulcões, os tesouros da Amazônia e as ruínas da cidade
inca de Ingapirca.
Neste post vamos
apresentar Ingapirca (em kichwa “ingapirca” quer dizer “parede inca”), um dos
mais importantes vestígios pré-hispânicos das Américas, e certamente do
Equador.
Ingapirca é um registro arqueológico
do século XV de uma comunidade inca com um templo em forma elíptica construido
em torno de uma grande rocha - o Templo do Sol - que não existe em nenhum outro
sitio arqueológico andino.
O estado de conservação das
ruinas é muito bom e seguem muito bem cuidadas pelos autoridades culturais da
Provincia do Cañar, onde estão localizadas.
Segundo especialistas, os
incas impuseram a Ingapirca as regras dos demais centros cerimoniais e
administrativos do Império Inca, bem como as técnicas e sistemas construtivos
encontrados em Cuzco e vistos em vários sitios construídos também no século XV,
como Machu Picchu, no Peru.
As paredes dos prédios e
muros são feitas com pedras cortadas, raspadas e alisadas para encaixe
perfeito. Os tetos foram construídos com estrutura de madeira com um grau de
inclinação de 50 graus, completados por adobe e um palha de páramo foi usada
como cobertura.
O
conjunto é formado por 7 unidades prediais adaptadas à topografia, com templos,
praça cerimonial, prédios de interesse comunitário, armazéns, currais e
residências.
Segundo
os arqueólogos e historiadores, no Templo do Sol eram realizados muitas
cerimônias e festivais religiosos, sempre acompanhados por uma poderosa bebida
fermentada - aliás, como em qualquer outro lugar do mundo, também nos Andes os
monges, sacerdotes ou religiosos é que tinham sabedoria para desenvolver
cervejas, cachaças ou vinhos…
Os Incas
construiram Ingapirca sobre as ruinas de outro povo ancestral, os cañaris, que
tinham construido no local a capital Sul de sua nação, uma comunidade com o
nome Hatum Cañar.
Os
canaris têm uma tradição oral na qual falam de um grande dilúvio (o mesmo que
aparece na Biblia e em outras culturas) que afogou todos os mordadores, exceto
dois irmãos que se refugiaram no topo do monte sagrado Huacayñan. Segundo o
mito, os irmãos foram alimentados por duas araras com rosto de mulher com quem
casaram (?) e tiveram extensa descendência, gerando a raça cañari –
descendência que acabou com a dominação dos Incas.
Seja ou
não verdade, o que importa é que visitar Ingapirca faz muito bem para o
espirito. Não estive em Machu Picchu, mas segundo consta o “estado de paz
interior” é o mesmo nos dois sitios arqueológicos.
Um brinde a isso com uma
taça de vinho equatoriano produzido com a uva Nacional Branca ou a Nacional
Negra, com as cepas crioulas Isabella, Niágara e Concord, tomada em um
restaurante na encantadora cidade de Cuenca, uma das maravilhas do Equador.
Veja
neste blog outros posts sobre o Equador.
(*) Rogério Ruschel é
jornalista e consultor especializado em sustentabilidade e esteve no Equador a
convite do Ministério do Turismo daquele país.
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