Fundada cerca de 800 anos AC por fenícios vindos de Tiro (Líbano) com o nome de Ziz, a capital Palermo é a quinta maior cidade italiana, com cerca de 1 milhão de habitantes e o principal centro cultural, histórico e econômico da Sicília. Colonizada pelos gregos por mais de 200 anos (que lhe deram o nome de Panormos, que significa “todos os portos”), em 253 AC foi tomada pelos romanos durante as guerras púnicas.
Durante
séculos os romanos expandiram a cidade com igrejas, castelos e palácios, mas em
831 DC o então Império Romano Bizantino perdeu Palermo, sua jóia, para mouros
sarracenos que transformaram as antigas igrejas cristãs em mesquitas. A imagem
abaixo mostra com clareza esta sobreposição de culturas em um trecho do muro da
cidade.
Como parte importante do Emirado da Sicília, Palermo se
tornou a segunda mais importante cidade moura, atrás apenas de Bagdá, e ficou
conhecida como a “Cidade dos Reis”. Além das mesquitas e das residências (que
persistem na arquitetura da cidade), os árabes trouxeram também grande
contribuição para a agricultura com a introdução do limão, laranja, cana de
açucar, amoras, algodão, trigo e métodos de irrigação.
Igreja de São Cataldo
Somente em 1071 os normandos a conquistaram dos mouros, e
durante muitos séculos Palermo foi uma das mais ricas cidades da Europa,
rivalizando até mesmo com Londres. As comunidades moura, judia e cristã
atraíram os muito poderosos (e ricos) do oriente e ocidente para a cidade,
agregando ainda mais valor ao já rico acervo arquitetônico e cultural. Grande
parte deste acervo (igrejas, museus e o Teatro Massimo) pode ser vista na
região histórica central denominada “Quatro Cantos”, uma espécie de esquina e
praça com 4 nichos nos pontos cardeais (veja um deles abaixo).
Na parte medieval da cidade (tão grande quanto as de Roma
e Nápoles), o visitante que caminhar pelos 1.000 metros do Corso Calatafimi - talvez
a rua com a herança histórica mais rica e variada da Europa – vai poder conhecer
um cemitério púnico, belas residências romanas na Piazza Vittoria, palácios
normandos como o Cuba e o Palácio Real, igrejas barrocas e perto dali, a Porta
Nova. Um show de passeio!
Como uma das mais cosmopolitas cidades italianas, Palermo
oferece boa infra-estrutura para hospedagem, passeios, compras e uma
gastronomia de alta qualidade. Práticamente todas as culturas regionais
sicilianas e italianas da gastronomia podem ser encontradas em Palermo. Além do
porto, Palermo tem até praia! E se você quiser gastar algum tempo em compras,
preste atenção nas cerâmicas, que são lindas (veja abaixo).
O mesmo se pode dizer dos vinhos – compre e beba. Na
região de Palermo são produzidos vinhos das apelações DO (Denominação de
Origem) e DOCs (Denominações de Origem Controlada) Marsala, Delia, Alcamo e
Santa Margherita Belicce. Mas na cidade você vai encontrar lojas grandes que
oferecem todas as 18 apelações registradas oficialmente na Sicília. O Marsala,
produzido na região especialmente com as uvas brancas grillo, catarratto e
inzolia, é um vinho fortificado (com teor alcóolico entre 17 e 18%) e em
Palermo aprendi a tomá-lo como aperitivo, sobremesa, ou para acompanhar
queijos, especialmente os de sabor mais forte como roquefort, gorgonzola e
parmesão. Mas o vinho – como o azeite – também frequenta os cardápios em
receitas inesperadas com carnes e massas.
Monreale
Bem
pertinho de Palermo (15 Kms) fica uma cidade bem charmosa que merece uma
visita, nem que seja do tipo bate-volta: Monreale. Com a chegada dos mouros a
Palermo no século IX, os cristãos foram obrigados a sair da cidade e seu lider,
um bispo, se deslocou pelo vale “Concha de Ouro” da provincia de Palermo para
criar Monreale. A viagem vale por várias raqzões, como por sua Catedral (o Duomo
de Monreale), terminada em 1.182 e que mistura influências das culturas árabe, normanda, bizantina e românica, dedicada à Assunção da
Virgem Maria (veja abaixo).
Mas
Monreale tem mais a oferecer, como por exemplo as fachadas nas ruas; o Seminário dos Chierici, antiga residência normanda
reformada nos séculos XVI e XVIII; a Praça Vittorio Emanuele defronte ao Duomo e o Claustro de
Monreale.
O
Claustro foi construido ao lado da Abadia, e muitos acreditam ser o mais bonito
do mundo. Ele tem formato quadrangular e um jardim interno (veja foto abaixo) cercado
por corredores com bancos em mármore (veja foto acima) e corredores com colunas
e com uma fonte no centro. Fiquei encantado com o pátio e a grande sequencia de
colunas que o cerca – creio que fotografei todas elas!
Pode
parecer exagero, mas como gosto de detalhes, compartilho alguns detalhes das dezenas
de colunas.
Palermo é uma cidade encantadora, mas tem problemas: a água
é escassa e as vezes racionada, o trânsito é caótico e engarrafado como São
Paulo e a poluição urbana é muito alta. Isto sem falar que, segundo consta,
ninguém consegue ser um comerciante de porte médio para cima sem ter que se
adaptar às regras da Máfia siciliana, nascida e crescida em Palermo. Mas como
você vai estar só de passagem para Erice, Segesta, Cefalú, Trapani ou Agrigento
(ou retornando para Roma), não se preocupe com isso.
Proponho um brinde à Cidade dos Reis e o convido para ver o
próximo post que vai nos encantar com as maravilhas de Erice ou Segesta.
Veja mais sobre a Sicilia:
Agrigento e Segesta: http://invinoviajas.blogspot.com.br/2012/10/agrigento-e-segesta-melhor-heranca.html
A terra dos três
mares: http://invinoviajas.blogspot.com.br/2012/08/sicilia-terra-dos-tres-mares.html
Lenguaglossa,
Moio Alcântara, Castiglione e Malvagnia:
Vale do Alcantara: http://invinoviajas.blogspot.com.br/2012/09/vale-do-alcantara-vilarejos-magicos.html
Tindari e as montanhas
Peloritani:
Delicias sicilianas: http://invinoviajas.blogspot.com.br/2012/09/produtos-da-terra-as-delicias-sicilianas.html
A brava gente
siciliana: http://invinoviajas.blogspot.com.br/2013/08/a-brava-gente-siciliana-alma-de-um.html
Pesquisa da Universidade
de Catania:
Piazza Armerina: http://invinoviajas.blogspot.com.br/2012/11/corrupcao-em-piazza-armerina-mosaicos.html
(*) Rogério Ruschel - rogerio@ruscheleassociados.com.br
- editor deste blog é turista inveterado, jornalista e consultor especializado
em sustentabilidade - http://www.ruscheleassociados.com.br/.
Ruschel esteve na Sicília durante 30 dias, em 2005, pesquisando roteiros turísticos.
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