Por Rogerio Ruschel (*)
Segunda maior cidade da
Sicília (320.000 habitantes) depois da capital Palermo, Catania nasceu como um porto e colônia grega no século VIII a.C. pelos
calcideses. Por sua localização privilegiada (fica debruçada sobre o Mar Jônico em uma baía que permite
abrigar barcos), ao longo do séculos foi ocupada por romanos, ostrogodos,
bizantinos, árabes, normandos e outros povos. E cada um destes grupos deixou
suas marcas e costumes na cidade e região.
Chamada
de “cidade das artes”, Catania tem muitos palácios e igrejas barrocas
escurecidas pela fuligem do Etna. Entre a arquitetura de interesse estão a
Basilichetta (Século V–VI); de San Salvatore (Século VIII–IX; a Badìa di
Sant'Agata e a igreja de Sant'Agata alla Fornace - San Biagio (Santa Ágata é
padroeira da cidade); a igreja de
Santa Maria dell'Aiuto e dois prédios que visitei: o Duomo (do século
XI, reconstruído no século XVIII - veja acima) e o Palazzo Ursino (hoje sede do
Museu Comunale), construído por Federico II (1239-1250) mas logo depois
modificado no século XVI (veja abaixo).
O simbolo da cidade é o
elefante porque segundo uma lenda, elefantes de pedra eram colocados nas portas
da cidade para assustar os invasores e o único que teria restado seria aquele
colocado na "Fontana del Elefante" defronte ao "Palazzo dei
Chiericci" (veja abaixo).
Come-se bem em Catania,
evidentemente, a começar pelas frutas, verduras e legumes produzidos no solo
enriquecido por lavas ancestrais do Etna - fui conferir em uma feira livre,
veja abaixo. Como cidade turística, Catania tem muitos hotéis e restaurantes de
qualidade, nos quais pode-se comer frutos do mar, massas ou carnes com temperos
especiais regados a um bom vinho Marsala ou um Etna, produzido na região.
Catania se situa aos pés do vulcão Etna e esta influência é
visível na cidade. Foi destruída tres
vezes pelo vulcão - nos anos 254, 1669, 1819 - e suas fachadas são escurecidas
pela fuligem do vulcão. Além disso, depois do último terremoto (1689) foi reconstruída com as pedras negras da região do vizinho vulcão.
Da cidade se pode visitar o Parque do Etna, o maior vulcão ativo da Europa, que, com seus 3.329
metros de altura pode ser visto de longe. Graças à lava o solo da região é
muito fértil e rico em minerais que valorizam plantações de pistaches, frutas e
vinhedos que geram os vinhos tintos e rosés da denominação DOC Etna, produzidos
a partir da uva Nerello, com um sabor bem diferenciado.
Pode-se chegar de carro a
uma das muitas trilhas do Parque, mas a partir de certo ponto as visitas só
podem ser feitas por guias e muitas vezes é proibido, como quando o vulcão “está
em crise” ou no inverno. No parque está a Castanheira dos 100 Cavalos, da qual dizem
que é a maior e mais antiga do mundo (com idade de 2000 anos) e que teria
oferecido abrigo à rainha de Aragon (que reinou em Aragão, Espanha, entre 1137
e 1164) e sua cavalaria com 100 soldados durante uma tempestade.
De Catania peguei a bela
auto-estrada A15 que atravessa a Sicília no sentido leste-oeste, passa por
Enna e vai a Palermo e Monreale – cidades que você vai conhecer em outros posts, caro
leitor. Por enquanto um brinde ao bom humor do vulcão Etna que ainda não
conseguiu destruir Catania!
Este
post é uma homenagem a Carlos Fioravanti, um dos mais premiados e globalizados
jornalistas de ciência e tecnologia do Brasil, que prestigia In Vino Viajas como
leitor assíduo.
(*) Rogério Ruschel - rogerio@ruscheleassociados.com.br
- é turista inveterado, jornalista e consultor especializado em
sustentabilidade - http://www.ruscheleassociados.com.br/.
Ruschel esteve na Sicília durante 30 dias, em 2005, pesquisando roteiros
turísticos turísticos.
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