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sábado, 28 de junho de 2014

Conheça o mundo dos leilões de vinhos, que movimentam fortunas e aproximam o ator Brad Pitt, o treinador Alex Ferguson e o cientista Louis Pauster


Por Rogerio Ruschel (*)
O mundo dos vinhos – que chamo de “Vinhedo Global” - tem várias dimensões. Eu vivo no mundo racional, do pequeno comprador discreto e bebedor prazeiroso. Muitas pessoas compram e bebem vinhos para se exibir aos amigos (e entre eles personalidades globais). E lá no outro extremo do perfil de compradores estão os muito ricos, felizardos talvez, que compram vinhos como investimento, para não beber. No começo de junho de 2014 a publicação espanhola Vinetur publicou uma lista de alguns dos vinhos mais caros do mundo – veja abaixo: os valores são em dólares e a garrafa do Eagle, no número 1, tem 6 litros, equivalente a 8 garrafas convencionais.

Mas o espantoso mesmo é ver o que acontece em leilões, onde grandes fortunas são oferecidas por garrafas de vinho. Veja só algumas destas histórias mais recentes.
Os vinhos do treinador escocês

O escocês Sir Alex Ferguson, ex-treinador do Manchester United (2 vezes campeão da Europa e 12 vezes campeão ingles) é proprietário de uma adega com mais de 10.000 garrafas em Londres, onde mora. Decidiu leiloar 5.000 delas em uma série de três leilões em Hong Kong, Londres e pela internet - algumas destas garrafas estão na foto que abre este artigo. O leilão de Hong Kong foi feito no mes de maio de 2014 com 257 garrafas que foram vendidas por um total de 3,8 milhões de dólares - valor que a leiloeira Christie’s estimava para todas as 5.000 garrafas – algumas delas abaixo.

Uma única garrafa de vinho Romanée-Conti 1997 da Borgonha, em embalagem tipo “Matusalém”, com 6 litros (veja foto) alcançou o espetacular valor de 120 Mil Euros durante o leilão realizado em Hong Kong! E eu que achava que um vinho custando mais do que 150 Reais é um vinho caro?  Na foto abaixo Sir Ferguson, agora aposentado, posa com  jogador Di Maria do ex-rival Real Madrid.

O vinho de caridade de Brad Pitt e Angelina Joli

 

Um barril de 60 litros de vinho orgânico (umas 300 garrafas de 750 ml) assinado pelos atores Angelina Jolie e Brad Pitt foi vendido por 24.000 Euros em um leilão no fim de outubro de 2013, na região da Provénce, França. Os proprietários são os simpáticos personagens Mr. e Mrs. Smith e seu sócio frances Perrin, e o dinheiro arrecadado vai ajudar uma cooperativa agrícola que ensina jovens sobre agricultura sustentável em uma região miserável da República Democrática do Congo, perto da fronteira com a Ruanda, área devastada por guerras.

Os atores tem ajudado muitos grupos de agricultura sustentável na África e esta foi mais uma maneira de tirar dinheiro de chiques para uma causa pouco chique. Além disso são conhecidos pela adoção de crianças, se tornando uma família multinacional - veja abaixo. Conheça a propriedade do casal em http://invinoviajas.blogspot.com.br/2014/02/apaixonados-correi-brad-pitt-e-angelina.html



O vinho raro de Luis Pauster
Uma raríssima garrafa de vinho amarelo produzido em 1774 foi vendida em maio de 2012, em um leilão em Genebra, Suiça, por 70 mil dólares, entre um grupo de 779 lotes de vinhos avaliados e vendidos por 2,1 milhões de dólares - veja o tal do vinho abaixo. Um grupo de 12 garrafas de Mouton Rothschild de 1945, considerado "um dos melhores vinhos de todos os tempos", foi vendido por 160 mil dólares. 

O leilão foi realizado pela familia Vercel, uma das mais antigas produtoras de vinhos da região de Jura, na França. Uma história sobre esta familia conta que os Vercel consevaram por oito gerações um lote do tal vinho amarelo de 1774 em uma cave de Arbois e que o químico Louis Pausteur (foto abaixo) teria tomado uma delas para comemorar sua admissão na Academia Francesa, em 1882.

O leilão argentino

Em final de maio de 2014 a casa de leilões Saráchaga leiloou, em Buenos Aires, oito lotes de vinhos de alta qualidade da França, Hungria e Argentina, propriedade de um colecionador frances não identificado. Uma garrafa de Catena Zapata Estiba Reservada 1990 - considerado o mais caro vinho argentino pelo ranking World's Top 50 Most Expensive Wines - foi vendido por 12.400 dólares. O mais caro da lista é o La Tache, da foto abaixo.

Entre os demais lotes vendidos estavam os seguintes:
·       1 garrafa de Romanee-Conti La Tache 1987, por 21.000 dólares
·       1 Petrus Grand Vin 1979: 20.600 dólares
·       1 Château Margaux Grand Vin 1996: 8.800 dólares
·       1 Château Mouton Rothschild 1990: 5.000 dólares
·       1 Château Haut Brion 1990: 11.000 dólares
·       1 Château Lafite 1996: 16.500 dólares
·       6 Royal Tokaji Aszu: 10.500 dólares

 

As 2 mil garrafas da Vega Sicilia
A Vega Sicilia – uma das maiores produtoras de vinhos da Espanha, dona das vinicolas Vega Sicilia, Alion (Ribera del Duero), Pintia (Toro) e Tokaj-Oremus (na Hungría), fez um leilão no começo de abril de 2014 e faturou quase 1 milhão de dólares com a venda de 2 mil garrafas de suas marcas. O leilão foi ralizado pela Sotheby's en Hong Kong. Em 2009 a Vega Sicilia já tinha faturado meio milhão de dólares vendendo garrafas de sua produção em um leilão em Nova Iorque. Está bom assim? Então brindemos aos poderosos!

(*) Rogerio Ruschel é jornalista, enólogo  não em dinheiro para coprar vinho em leilões.



sexta-feira, 27 de junho de 2014

O vinho é declarado bebida nacional do Uruguai e ganha status de alimento.


Por Rogerio Ruschel (*)

O Presidente da República do Uruguai, José Mujica, finalizou o começo de junho de 2014, um longo desejo do trade de vinho do pais vizinho, encabeçado pelo Instituto Nacional do Vinho (INAVI): o vinho uruguaio foi declarado bebida nacional. Desde 2011, o INAVI e o Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca têm trabalhado em conjunto para alcançar este decreto que reconhece o lugar que tem o vinho como alimento. O raciocínio – que o Brasil ainda não faz – é que vinho consumido com moderação em todas as faixas etárias, características e tipos, é um alimento que pode ser incluído como parte de uma dieta saudável porque contribui com a saúde.

O Presidente do INAVI José Lez (foto acima) formalizou o assunto dizendo: "Congratulamo-nos com a conclusão deste decreto, porque reconhece o vinho uruguaio como parte da cultura, do patrimônio e da identidade dos uruguaios".  O vinho uruguaio – conhecido internacionalmente como baseado na uva Tannat e harmonizado especialmente com cordeiro (foto abaixo) tem procurado competir em competições internacionais e tem ganho prêmios, justificando a merecida reputação dos vinhos com uma clara influência do Oceano Atlântico.  

O Uruguai tem aproximadamente 270 produtores espalhados pelo país, a maioria pertencente a pequenos produtores com tradições familiares, mas também existem grandes empreendimentos que produzem vinhos em larga escala. É possível encontrar bodegas bem próximas a capital uruguaia e ainda nos departamentos de Salto, Canelones, Maldonado, Colonia e Rivera. Existe um roteiro turístico formal, o “Caminho do Vinho”, gerenciado pela Asociación de Turismo Enológico del Uruguay, do qual participam 14 bodegas: Alto de la Ballena, Bouza Bodega Boutique, Bodega Marichal, Bodega De Lucca, Viñedos Santa Rosa, Bodegas Carrau, Bodegas Castillo Viejo, Antigua Bodega Stagnari, Bodega Varela Zarranz, Viñedo de los Vientos, Bodega Filgueira, Vinos Finos H. Stagnari, Establecimiento Juanicó e Bodega Spinoglio.

A Argentina ja tinha feito o mesmo: em 2013 o Senado argentino aprovou uma lei que formalizou o que o trade já dizia na prátca desde  2010, declarando o vinho como a "bebida nacional" e o mate (foto acima) como a "infusão nacional" argentina.
 
Acho que o presidente do Uruguai esperou a chegada de meus amigos brasileiros Denis Lima e Silva e Tania Canadá, enófilo e sommeliére, respectivamente, como turistas em solo uruguaio, para divulgar o decreto. Saiba mais sobre enoturismo no Uruguai em www.loscaminosdelvino.com.uy

(*) Rogerio Ruschel é jornalista e enófilo brasileiro, gosta de vinho Tannat e um dia vai passar pelo  nos 30 dias no Uruguai para ver se é verdade que lá se desfruta de uma das melhores qualidades de vida do mundo.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Piemonte, na Itália, é a sétima região vinícola reconhecida como Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco; conheça todas aqui



Por Rogerio Ruschel (*)
Reunido em Doha, no Catar, dia 22 de junho de 2014, o comitê da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) responsável pela seleção de locais de grande relevância mundial, dignos de serem declarados Patrimônio Mundial da Humanidade, acaba de declarar as colinas e comunidades do Langhe, Roero e Monferrato (nesta ordem, nas fotos abaixo), na célebre região vinícola italiana do Piemonte, como a mais nova região a ser reconhecida e protegida como tal.    

A região mereceu este reconhecimento graças à sua forte cultura vinícola e as belas paisagens. Entre os 962 sítios tombados pela Unesco em 153 países até fins de 2013, 188 eram naturais, e entre eles estavam seis regiões produtoras de vinhos (agora com Piemonte, são sete): Alto Douro, Portugal; Vinhas do Pico, Açores/Portugal; Saint-Emillion, França; Tokay, Hungria; Lavaux, Genebra/Suiça e Mittelrhein, Alemanha. Conheça estas regiões em http://invinoviajas.blogspot.com.br/2013/03/seis-vinhedos-patrimonio-da-humanidade.html

O Piemonte (cercado pela Ligúria  Vae de Aosta veja no mapa abaixo) é reconhecido em todo o mundo pelos vinhos, especialmente nas zonas ao redor das vilas de Barolo (na foto acima), Barbaresco e Asti. O Barolo é um vinho único, comparável aos melhores do mundo; o Barbaresco, menos encorpado e com menos acidez; o Barbera, feito com a segunda uva tinta mais glamorosa do Piemonte, gera um vinho excepcional; e o Dolcetto com suas múltiplas personalidades (D’Alba, d’Asti, di Dogliani, di Diano d”Alba), é um vinho para se beber jovem, com aromas mais doces e baixa acidez.  

Devido ao relevo montanhoso (o nome Piemonte deriva de “pés dos montes”, isto é, ao pé dos Alpes), os vinhedos de uvas Nebbiolo, Barbera, Dolcetto e Grignolino estão concentrados ao sudeste e nordeste de Turim. Outro grande tesouro da região são as saborosas trufas colhidas sob o solo e vendidas à peso de ouro para restaurantes de todo o mundo.


A área tombada pela Unesco abrange 10.789 hectares em três províncias, englobando 29 cidades. Segundo o documento divulgado pela Unesco “As paisagens de Langhe e Roero e Monferrato são um excepcional testemunho da tradição histórica do cultivo de videiras, dos processos de vinificação, de um contexto social e rural e de um tecido econômico baseado na cultura do vinho”.

Na região se localiza também a Fortaleza de Fenestrelle (fotos de abertura, acima e abaixo) construída pelo rei francês Luís XIV a partir de 1694 contra um possível ataque do Duque de Savoy contra o Piemonte durante a Guerra dos Nove Anos, na fronteira entre os atuais dois países. Hoje ela protege os vinhedos do Piemonte – veja como aqui: http://invinoviajas.blogspot.com.br/2014/02/conheca-fortaleza-de-fenestrelle-no.html


Alem destes vinhedos, a própria Cultura do Vinho poderá ser reconhecida como Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Unesco – uma campanha está sendo realizada  pela Association for Culture and Tourism Exchange (ACTE), uma ONG internacional com sede em Estrasburgo, França. Os fundamentos da candidatura estão na história de convivência de cerca de pelo menos 6.000 anos entre os homens, as uvas e o vinho.

As uvas são ricas em diversidade, como os grupos humanos. O vinho contribuiu para a fundação das primeiras civilizações e sempre se manifesta como um sinal de identidade cultural de um grupo social e comunitário. Em muitas religiões o vinho representa um elemento importante em simbolos, ritos e práticas. Saiba mais sobre este assunto em  http://invinoviajas.blogspot.com.br/2013/12/a-cultura-do-vinho-pode-ser-um.html

Outro bem de cultura do vinho tombado pela Unesco em dezembro de 2013 como Patrimônio Cultural Intangível da Humanidade foi o “Qvevri”, o ancestral método de elaborar vinhos na Geórgia, (foto acima), que data de estimados 8.000 anos, e que seria o nascimento da produção de vinhos. Como In Vino Viajas é cultura, leia também sobre isso em http://invinoviajas.blogspot.com.br/2013/12/qvevri-cultura-do-vinho-passada-de-pai.html

 

(*) Rogerio Ruschel é jornalista, enólogo e gosta de visitar e divulgar Patrimônios da Humanidade

 


sábado, 21 de junho de 2014

Abruzzo, Umbria, Toscana, Norcia... Dez paisagens maravilhosas da Itália capturadas pelas lentes mágicas de Mario Ventura


 (*) Por Rogerio Ruschel, texto; Mario Ventura, fotos
Mario Ventura é um fotógrafo italiano que através de suas lentes revela segredos da Itália como poucos artistas. A foto acima registra a tranqüila vida de produtores rurais na “Terre d'Abruzzo”, mas tem uma direção de arte que privilegia cores da palheta do verde-amarelo baseada numa escolha proposital de horário. Na foto abaixo, denominada simplesmente “montanha”, ele abusa da harmonia e do equilibrio entre cores e volumes.

Ventura é verdadeiramente um mestre da arte fotográfica – veja na foto abaixo como ele registrou um rebanho de ovelhas, pequenos pontos brancos, na região de Castellucio di Norcia: é poesia em movimento...

Gosto muito das fotos coloridas e em preto e branco que Ventura cria para revelar a intimidade da vida quotidiana e a convivência das pessoas em pequenos vilarejos da Toscana, Umbria, Abruzzio e de outras regiões da Itália – e alguns destes vilarejos do Lazio você pode conhecer em outro post de In Vino Viajas – veja no fim deste texto. A foto abaixo captura um amanhecer mágico, e foi denominada por Ventura como “Il risveglio del borgo”, o despertar da aldeia.

Mario Ventura é um apanhador de momentos mágicos da natureza, como o contraste entre o branco e verde nesta foto abaixo, onde algumas pessoas veriam apenas casas no meio de um campo.

Ventura pode transformar uma cena comum, usual, em um momento com muitos significados como nas fotos abaixo, onde a estrada para Montichiello quase se transforma em um depoimento sobre as estradas da vida.

E para encerrar esta publicação, veja as fotos abaixo nas quais Ventura capturou as dimensões e volumes que se amontoam, para compor paisagens com cores inesperadas.

Um brinde a Mario Ventura (foto abaixo), um mestre das lentes na Itália.

Para ver outro post com fotos de Mario Ventura:
http://invinoviajas.blogspot.com.br/2014/06/um-passeio-romantico-no-lazio-italia.html

Mario Ventura me enviou a seguinte mensagem em 13 de julho de 2014:
"Ho potuto vedere gli articoli che hai magistralmente scritti sulle mie foto. Voglio complimentarmi per la portata poetica dei tuoi scritti e ti auguro un avvenire luminoso e proficuo. Mario Ventura." Grazie Mario.
(*) Rogerio Ruschel é jornalista, enófilo e consultor especializado em turismo de qualidade. Mario Ventura é um fotógrafo italiano, um artista das lentes e da sensibilidade.