Por Rogerio Ruschel
Meu caro leitor ou leitora, parece que a videira plantada simbolicamente
pelo Presidente Jair Bolsonaro (foto acima) em Bento Gonçalves em junho deste ano (foto abaixo), vai
mesmo dar frutos. Os produtores de vinho brasileiros receberão mais um forte
empurrão do governo para enfrentar a crescente concorrência internacional,
porque, como já publicamos mais de uma vez aqui no “In Vino Viajas”, o acordo
comercial entre a União Européia e o Mercosul favorecerá em preço os produtores
mais tradicionais - e eficientes - da Europa. Pelo acordo o vinho europeu
entrará no Brasil livre de impostos de importação em oito anos, após gradativa
queda. Os produtores brasileiros alegam incapacidade de competir por causa dos
impostos, o que em parte é verdade.
Segundo informações da agência Bloomberg, o governo Bolsonaro planeja
separar cerca de 130 milhões de Reais provindos do IPI - Imposto sobre Produtos
Industrializados para criar um fundo,
chamado Modervitis, que será usado para apoiar vinícolas brasileiras por 10 a
15 anos. Essa estratégia pretende ser temporária e não faz parte das
negociações com a UE, segundo fontes da própria agência. É provável que o fundo
seja lançado em 2020, mesmo antes do Congresso ratificar o acordo comercial com
a UE.
Os produtores brasileiros querem antecipar o problema que enfrentaram a
partir de 1991 quando Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai criaram a união
aduaneira do Mercosul e assinaram um acordo com o Chile, que permitiu que os
vinhos desses países inundassem o mercado local a preços baixos. Para cada 10
garrafas de vinho vendidas hoje no Brasil, apenas uma é nacional, segundo
Deunir Argenta, presidente da Uvibra. Em volumes, o país importou 110 milhões
de litros de vinho em 2018, em comparação com 14 milhões de litros de vinhos
finos nacionais vendidos no mesmo período. E quase metade das importações veio
do Chile.
O Modervitis deve substituir (e ampliar generosamente) os investimentos que
o governo estadual do Rio Grande do Sul fazia mantendo o Ibravin – Instituto
Brasileiro do Vinho, que foi desmantelado em 2019 depois de serem descobertas
uma série de práticas “não convencionais” de gestão. A União
Brasileira de Vitivinicultura – Uvibra, que liderou as conversas com o Governo
Bolsonaro, está assumindo os compromissos do fracassado Ibravin.
Parte destas conversações tiveram lugar
em junho de 2019 durante a realização da 55ª Cúpula do Mercosul, no Spa do
Vinho Hotel & Condomínio Vitivinícola, em Bento Gonçalves, na serra gaúcha.
No evento foi altamente presitigiada a vitivinicultura do Vale dos Vinhedos
para os convidados dos quatro paíes, por sugestão de Deborah Villas-Bôas
Dadalt, diretora do Spa do Vinho – a moça da foto acima, A diretora do
hotel, em parceria com entidades locais do setor, está liderando um processo de
criação de uma Zona Franca do Vinho na Serra Gaúcha.
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