Por Rogerio Ruschel
Prezado leitor ou leitora,
as mudanças provocadas pelo aquecimento global já são suficientemente graves
para a humanidade, com tormentas, tempestades, furacões e incêndios cada vez
mais agressivos, ondas de frio e de calor nunca vistas antes - e como se isso
não bastasse, horror dos horrores, já estão ameaçando os nossos vinhos!!!!!
Mas podemos ajudar a enfrentar isso com coragem, veja como nesta história.
Segundo a NASA, nos últimos 136 anos desde que a temperatura começou a
ser registrada, 17 dos 18 anos mais quentes ocorreram desde 2001, exceto em
1998; e o ano de 2016 foi o mais quente já registrado. Ora, vinho depende de uvas,
um produto agrícola que depende do clima, que depende de sistemas como o ciclo
do oxigênio, o ciclo da água, o ciclo da temperatura, o aquecimento dos oceanos
e tantos outros. Pois nossas atividades
predadoras com os recursos do planeta estão desequilibrando ou destruindo estes
ciclos, e isso já está chegando às garrafas e adegas.
Al Gore vem denunciando isso há mais de uma década, como na foto acima, com o
cantor Bono, no World Economic Forum. Na indústria vitivinícola estas mudanças
vem sendo sentidas de diferentes maneiras, em diferentes partes do mundo. E há
bastante tempo, como eu mesmo tenho publicado aqui no ”In Vino Viajas” (veja no
fim deste terxto).
Um relatório de 2016 da AdviClim, uma organização independente que
avalia o impacto das alterações climáticas, informa que as flutuações no clima previstas
a longo prazo podem causar “mudanças geográficas em variedades de videiras e
áreas de produção e mudanças na qualidade e estilo dos vinhos”. Isso significa,
meu caro leitor ou leitora, que o status atual de “referência em qualidade” de
determinados terroirs, uvas e produtores (como os franceses, italianos,
californianos ou alemães) pode simplesmente virar pó, acabando com a dedicação das
comunidades, o talento dos winemakers e a herança cultural de centenas de anos.
O relatório também informa que “A terra está ficando mais quente, os
padrões climáticos cada vez mais irregulares e isso se torna uma das principais
questões ambientais e socioeconômicas enfrentadas pelo desenvolvimento e
produção vitícola sustentável no próximo século.” Traduzindo: até mesmo quem
estava tranquilo com sua liderança em prestígio e lucratividade na atividade
vitivinícola vai precisar pensar com seriedade no assunto.
Muitas organizações começam a se preocupar
com isso e hoje quero lhes apresentar uma delas, o The Porto Protocol – o
Protocolo do Porto. Está em inglês porque foi concebido assim: global,
inclusivo, persuasivo e com forte sentido de urgência. O Protocolo do Porto
nasceu na cidade do Porto, Portugal, pela força criativa de Adrian Bridge (foto acima), CEO da The
Fladgate Partnership, empresa proprietária de marcas de vinho do Porto como
Taylor’s, Fonseca, Krohn e Croft Port, além de hoteis como o fantástico Yeatman
e o World
of Wine, o gigantesco centro de visitantes, com museus, lojas e restaurantes
que está nascendo no centro histórico de Vila Nova de Gaia.
Bridge explica porque se preocupou em formalizar uma proposta de ação no
Protocolo do Porto: “A razão pela qual eu
comecei a liderar este movimento sobre mudanças climáticas é simples: estou
cansado de ir a conferências onde as pessoas me dizem qual é o problema. Eu
entendo o problema. O que precisamos é da solução.”
Por isso em julho de 2018 a Taylor’s Porto da
The Fladgate
Partnership patrocinou o The Porto Summit 2018, uma
conferência sobre mudança climática, na qual o ex-presidente dos EUA Barack
Obama participou como orador principal. Na oportunidade Adrian Bridge
justificou porque sua empresa estava tão preocupada: “Vivemos de um produto
agrícola extremamente vulnerável”.
O evento reuniu especialistas e ouvintes e
lançou o Protocolo do Porto, um conjunto de compromissos que busca incentivar a
indústria global de vinhos para um objetivo comum: minimizar os efeitos da
mudança climática o mais urgente possivel, reduzir as emissões de CO2 e
compartilhar suas experiências e conhecimentos através da plataforman de
internet https://www.portoprotocol.com/
Pois
agora entre os dias 5 e 7 de março de 2019 vai ser realizada a segunda
conferência da série, denominada “The
Climate Change Leadership Porto – Solutions for the Wine Industry”.
Muitos cientistas, especialistas e empresários do primeiro escalão do mundo do
vinho estarão reunidos na bela cidade do Porto – a Invencível – para refletir
sobre as propostas do Protocolo do Porto.
A
palestra principal estará a cargo de Al
Gore, ex-vice do presidente Bill Clinton, dos Estados Unidos,
autor de vários livros e do documentário extremamente elucidativo denominado
“Uma Verdade Inconveniente”, pelo qual acabou
recebendo o Prêmio Nobel da Paz em 2007.
Atualmente a The Porto Protocol já está agindo além das fronteiras vinícolas, com a participação de universidades, empresas de consultoria, hotéis, organizações de turismo – e midias, entre as quais o blogue “In Vino Viajas”, um orgulhoso membro associado.
Aliás, In Vino Viajas é o primeiro associado da The Porto Protocol no Brasil, e o segundo da America do Sul, depois da Bodega Catena Zapatta da Argentina. E seguramente é o blogue de cultura de vinho emtodo o mundo que mais pesquisa e publica sobre meio ambiente e sustentabilidade.
Este é meu compromisso e brindo a isso!!!!
Para saber mais sobre o evento, acesse http://www.climatechange-porto.com/
Para conhecer algumas das reportagens de In Vino Viajas sobre sustentabilidade acesse http://www.invinoviajas.com/?s=sustentabilidade
Nenhum comentário:
Postar um comentário