Pesquisar neste blog

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Leite fresco 24 horas em caixas automáticas e hortas orgânicas na creche comunitária: conheça duas ideias sustentáveis de vilarejos de Rhone-Alpes, França


Por Rogerio Ruschel (*)
Estimado leitor ou leitora, como você sabe, o foco de In Vino Viajas é o vinho e as historias que o cercam - a cultura do vinho. Mas você e eu também gostamos de queijos e alimentos orgânicos – e estes produtos vêm da terra. Então vou mostrar duas pequenas grandes ideias criativas com foco na sustentabilidade que conheci na região francesa de Rhone-Alpes, bem perto da fronteira com a Suiça. Uma delas você está vendo na foto acima: uma caixa automática de leite fresco, o que se poderia chamar de uma vaca eletrônica.

A caixa automática está implantada na rua central de Saint Gennis Poully, um vilarejo com 8.500 moradores no Departamento de Ain, Cantão de Ferney-Voltaire, em Auvergne-Rhone-Alpes, França. A caixa automática é abastecida todos os dias as 6:00 horas da manhã e pode ser comprada a qualquer momento. Um litro de leite fresco e cru, que sai geladinho de uma torneira acionada pelo comprador, custa em torno de R$ 4,00 incluindo a garrafa de vidro (veja detalhes acima e abaixo).

Não sei se eles tem uma cooperativa para a produção e entrega do leite, ou se é uma empresa que compra e explora o ponto de venda automático; o que importa é que o leite fresco está disponível a qualquer momento para moradores e visitantes e era muito gostoso!

A igreja de Pouilly-St-Genis apareceu pela primeira vez nos mapas religiosos no atlas histórico de G. Debombourg com o nome latino de Pulliam, na época do segundo reinado de Bourgogne, entre os anos de 879-1032.  E se hoje a igreja não é significativa, outra atração turística de Pouilly-St-Genis são os painéis pintados nos prédios; veja acima e abaixo alguns deles.


Pouilly-St-Genis fica no sopé do Jura, a cadeia de montanhas que fica na fronteira com a Suíça, na área transfronteiriça de Genebra. Por isso grande parte do CERN, o acelerador de partículas de Genebra e maior laboratório de pesquisa de física fundamental do mundo, está localizado no território do vilarejo desde meados da década de 1960. O experimento ALICE está localizado na periferia da cidade, e a entrada principal para o campus primário do CERN (Meyrin) e para o experimento ATLAS estão localizados apenas a 3 km do centro de St Genis. Isto tudo aquece a economia local. Visitei o CERN (foto abaixo), que você pode conhecer aqui: http://invinoviajas.blogspot.com.br/2013/10/conheca-o-cern-o-acelerador-de.html
E por falar em  economia local: a caixa automáticva de leite foi fabricada em Chênex, uma pequena comunidade próxima de Pouilly-St-Genis, na região de Rhone-Alpes, no departamento de Haute-Savoie, a uns 8 Km da fronteira com a Suíça. A comunidade de Chênex foi fundada na Idade Média, com o primeiro registro no ano de 1344 e tem como principal atividade a agricultura e o turismo relacionado com a qualidade de vida já que é cercada por áreas verdes. Tudo muito ecológico, muito verde, como a foto abaixo mostra. 

Pois para harmonizar a vida ecológica que os “Chênexiennes” são obrigados a ter, o município decidiu potencializar o principal recurso que tinha – terra para plantar – e criou as hortas comunitárias. As hortas ou jardins familiares, como eles chamam oficialmente, são áreas de 25 m2 a 50 m2 de propriedade pública ao lado da creche municipal, cedidas por um pequeno valor aos moradores interessados em plantar alimentos orgânicos. Veja o cartaz promocional abaixo. Cada “inquilino” deve implementar uma cultura que atenda sua família e que possa trocar com outros, oferecendo o que eles chamam de “uma melhor convivência comunitária.” E obviamente é proibida a venda ou qualquer atividade comercial. Simples e criativo, não? 

Mas aqui está o melhor: porque fazer hortas? Os  “Chênexiennes” acreditam que as hortas criam laços sociais entre os cidadãos porque promovem celebrações e intercâmbios porque os participantes se comprometem e a respeitar outros jardineiros, seus vizinhos na comunidade. Alem disso a ideia incentiva a produção e o consumo de produtos orgânicos, promove o relacionamento entre diferentes gerações e ainda disponibilizam as crianças da creche uma ferramenta didática. Isso é o que eu chamo de pequena grande ideia de quem olha para o futuro.

Um brinde a isso – com leite e vinho!

(*) Rogerio Ruschel é editor de In Vino Viajas e divulga ideias sustentáveis, mesmo que sejam pequenas


 

2 comentários: