Por Rogerio
Ruschel (*)
Estimado leitor ou leitora, como você sabe, o
foco de In Vino Viajas é o vinho e as historias que o cercam - a cultura do
vinho. Mas você e eu também gostamos de queijos e alimentos orgânicos – e estes
produtos vêm da terra. Então vou mostrar duas pequenas grandes ideias criativas
com foco na sustentabilidade que conheci na região francesa de Rhone-Alpes, bem
perto da fronteira com a Suiça. Uma delas você está vendo na foto acima: uma
caixa automática de leite fresco, o que se poderia chamar de uma vaca
eletrônica.
A caixa automática está implantada na rua central de Saint
Gennis Poully, um vilarejo com 8.500 moradores no Departamento de Ain, Cantão
de Ferney-Voltaire, em Auvergne-Rhone-Alpes, França. A caixa
automática é abastecida
todos os dias as 6:00 horas da manhã e pode ser comprada a qualquer momento. Um
litro de leite fresco e cru, que sai geladinho de uma torneira
acionada pelo comprador, custa em torno de R$ 4,00 incluindo a garrafa de vidro
(veja detalhes acima e abaixo).
Não sei se eles tem uma cooperativa para a
produção e entrega do leite, ou se é uma empresa que compra e explora o ponto
de venda automático; o que importa é que o leite fresco está disponível a
qualquer momento para moradores e visitantes e era muito gostoso!
A igreja de Pouilly-St-Genis apareceu pela
primeira vez nos mapas religiosos no atlas histórico de G. Debombourg com o
nome latino de Pulliam, na época do segundo reinado de Bourgogne, entre os anos
de 879-1032. E se hoje a igreja
não é significativa, outra atração turística de Pouilly-St-Genis são os painéis pintados nos prédios; veja acima
e abaixo alguns deles.
Pouilly-St-Genis fica no sopé do Jura, a cadeia de montanhas que
fica na fronteira com a Suíça, na área transfronteiriça de Genebra. Por isso grande
parte do CERN, o acelerador de partículas de Genebra e maior laboratório de
pesquisa de física fundamental do mundo, está localizado no território do
vilarejo desde meados da década de 1960. O experimento ALICE está localizado na periferia da
cidade, e a entrada principal para o campus primário do CERN (Meyrin) e para o
experimento ATLAS estão localizados apenas a 3 km do centro de St Genis. Isto
tudo aquece a economia local. Visitei o CERN (foto abaixo), que você pode conhecer aqui: http://invinoviajas.blogspot.com.br/2013/10/conheca-o-cern-o-acelerador-de.html
E por falar em
economia local: a caixa automáticva de leite foi fabricada em Chênex, uma pequena comunidade próxima de Pouilly-St-Genis, na região de Rhone-Alpes, no
departamento de Haute-Savoie, a uns 8 Km da fronteira com a Suíça. A comunidade de Chênex foi fundada na Idade Média, com o primeiro registro no ano de 1344 e
tem como principal atividade a agricultura e o turismo relacionado com a
qualidade de vida já que é cercada por áreas verdes. Tudo muito ecológico,
muito verde, como a foto abaixo mostra.
Pois para
harmonizar a vida ecológica que os “Chênexiennes” são obrigados a ter, o
município decidiu potencializar o principal recurso que tinha – terra para
plantar – e criou as hortas comunitárias. As hortas ou jardins familiares, como
eles chamam oficialmente, são áreas de 25 m2 a 50 m2 de
propriedade pública ao lado da creche municipal, cedidas por um pequeno valor
aos moradores interessados em plantar alimentos orgânicos. Veja o cartaz
promocional abaixo. Cada “inquilino” deve implementar uma cultura que atenda
sua família e que possa trocar com outros, oferecendo o que eles chamam de “uma
melhor convivência comunitária.” E obviamente é proibida a venda ou qualquer
atividade comercial. Simples e criativo, não?
Mas aqui
está o melhor: porque fazer hortas? Os
“Chênexiennes” acreditam que as hortas criam laços sociais entre os
cidadãos porque promovem celebrações e intercâmbios porque os participantes se
comprometem e a respeitar outros jardineiros, seus vizinhos na comunidade. Alem
disso a ideia incentiva a produção e o consumo de produtos orgânicos, promove o
relacionamento entre diferentes gerações e ainda disponibilizam as crianças da
creche uma ferramenta didática. Isso é o que eu chamo de pequena grande ideia
de quem olha para o futuro.
Um brinde a
isso – com leite e vinho!
(*) Rogerio
Ruschel é editor de In Vino Viajas e divulga ideias sustentáveis, mesmo que sejam pequenas
Rogério,
ResponderExcluirTrès bien!
Merci, monsieur
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