Por Rogerio Ruschel (*)
A história parece um filme e o personagem é
muito interessante. Fox fundou a Premier Cru em 1980 a partir de uma pequena
loja que abriu com seu amigo Hector Ortega, com quem tinha trabalhado para o
Serviço Postal dos Estados Unidos. Durante os anos 80 e 90, as suas práticas
foram inteiramente legais e ele consolidou uma reputação que lhe permitiu
começar a agir de maneira ilegal. Em sua nova loja em Berkely, Califórnia (veja
fotos nesta matéria) ele atendia clientes, mas era passatempo – ou disfarce. Só
fazia negócios pela internet, enviando por e-mail um catálogo fictício de
raridades vinícolas para dezenas de pessoas do tal jet-set internacional que
ele sabia que sofriam de soberba e vaidade. Sua fraude dava certo porque neste
mercado pouco regulamentado, ninguém sabe ao certo quanto vale um garrafa de
tal marca e de tal safra, milionários não gostam de confessar que foram enganados (porque geralmente eles é que enganam as pessoas) e além disso, muitos clientes preferiam não ter que
explicar de onde vinha o dinheiro para comprar tal raridade...
Poucos sabiam quem era o proprietário da
Premier Cru, um dos principais importadores de vinhos europeus dos Estados
Unidos, que inaugurou uma loja novíssima em Berkeley, Califórnia, em 2011. John
Fox, a Raposa, saía muito pouco, não participava de feiras, eventos e congressos do setor
vinícola e sempre teve uma vida bastante reclusa. Quem trabalhava com ele,
dizia que ele era assim, discreto, ou talvez doente por causa da idade –
atualmente está com 66 anos. Seus ex-funcionários disseram para a policia que
ele trabalhava 12 horas por dia, seis dias por semana – um grande dedicado. A
única vez que tirou férias teve que interrompê-las porque o Wi-Fi do hotel não
estava funcionando e ele voltou para a empresa muito irritado. Os
ex-funcionários disseram também que apesar do anonimato, John Fox gostava de
carros de luxo, golfe e de contatos com mulheres em sites de namoro online, que
ele escondia de sua esposa Gail.
Mas o que se sabe agora é que ele escondia
muito mais segredos do que contatos sigilosos com moças voluntariosas pela
internet: sua empresa era a maior farsa do negócio de importação de vinhos nos
Estados Unidos e uma das maiores do mundo. Pelo que se sabe até agora por mais de 20 anos Fox conseguiu
enganar centenas de clientes de 45 estados
norte-americanos e de 18 países. Teria movimentando cerca de 70 milhões de dólares
e já foi responsabilizado por fraudes no valor de 45 milhões de dólares. São cerca
de 150 milhões de Reais, meu amigo ou amiga!
A farsa
acabou no final de 2015 quando alguém finalmente reclamou e tinha provas. Em 2014 e 2015 vários
clientes reclamaram, mas não acontecia nada por falta de provas - os clientes enganados não queriam se apresentar. Mas então o economista
Lawrence Hui Wai-Man, um colecionador de vinhos de Hong Kong, encomendou 1.591
garrafas de vinhos por 981 mil dólares entre 2012 e 2014 e ficou esperando a entrega por mais de um ano quando não aguentou e deu queixa à policia, que o prendeu e entregou documentos comprovando
o pagamento, o que permitiu que finalmente Fox fosse processado. Agora em agosto
de 2016 John Fox, a Raposa, foi finalmente condenado a 20 anos de prisão, além de ter de
devolver o dinheiro roubado. Na foto acima o salafrário está com a mão erguida,
jurando dizer a verdade, só a verdade para promotores - meigo, não?
Não vou dar o site da empresa dele para proteger você de uma compra enganosa, ok?
Não vou dar o site da empresa dele para proteger você de uma compra enganosa, ok?
(*) Rogerio
Ruschel é editor de In Vino Viajas e nunca comprou uma garrafa de vinho do John
Fox – eu sabia que ser pobre um dia trataria alguma vantagem…
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