Por Rogerio Ruschel (*)
Meu prezado
leitor ou leitora, hoje vamos falar de poesia e de como poetas conhecidos como
Pablo Neruda e Mario Quintana a utilizaram para falar de vinhos. Mas vou também
apresentar a poesia de meu amigo Gilberto Carvalho, gaúcho da principal região
vinícola do Brasil, a serra gaúcha. Ele é publicitário e sociólogo, mas é
poeta. E gosta de vinhos. Por isso não é de estranhar que logo escrevesse sobre
o vinho e tudo aquilo que o cerca, a chamada cultura do vinho. Sua principal obra tomou forma com “De vinho e vida” – um
conjunto de livro e CD com 14 poemas recitados
pelo autor acompanhado pelo quarteto Os Polifenóis, em um belo estojo - a quarta obra do autor (veja abaixo).
Gilberto Carvalho traduz muitos dos sentimentos de quem ama o vinho com o calor dos amigos e a paixão do sabor, mas com a sobriedade necessária de quem se refere a uma bebida alcoólica. O poema “Encantamento” traduz parte disso: “Me agrada este flertar com as labaredas do fogo/de teu corpo/em minhas mãos./Ver tua alma inteira/desenhada em cada gole/de satisfação./ Gosto de te saber/assim, entre segredos,/onde confio/meus questionamentos./ (…) A insaciável decisão da nossa hora/é quem nos leva os dois pelo caminho/Tu, nos incontáveis goles que bebi/Eu, infetiçado em ti e neste vinho.” (Na foto abaixo, o lançamento do livro em Santa Maria – RS).
Outro poema interessante é Orquestração: “O vinho baila redondo/no cálice junto a mão/sob a batuta entusiasta/do maestro coração./No carnaval desta vida/meio a dores e alegrias/o vinho marca o compasso/no bloco das fantasias./Mas quando chega a manhã/vai-se até o vinho e então/bate um tambor solitário/o maestro coração!”. Muitos poetas conhecidos e experientes enalteceram esta profunda relação entre o coração, a poesia, a vida e o vinho. Pablo Neruda, o poeta chileno que recebeu o Premio Nobel em 1971, escreveu uma conhecida “Ode ao Vinho” da qual estes poemas fazem parte: “Vino color de día/vino color de noche/vino con pies púrpura/o sangre de topacio/vino, estrellado hijo de la tierra/vino, liso/como una espada de oro,/suave/como un desordenado terciopelo/vino encaracolado/y suspendido,/amoroso, marino/nunca has cabido en una copa,/en un canto, en un hombre,/coral, gregario eres,/y cuando menos mútuo.”
Já em "Soneto del vino" o escritor argentino Jorge Luis Borges tenta identificar os segredos do vinho: “¿En qué reino, en qué siglo, bajo qué silenciosa/Conjunción de los astros, en qué secreto día/Que el mármol no há salvado, surgió la valerosa /Y singular ideia de inventar la alegria?/Com otoños de oro la inventaron./El vino fluye rojo a lo largo de las generaciones/Como el río del tiempo y en el arduo camino/Nos prodiga su música, su fuego y sus leones./En la noche del júbilo o en la jornada adversa/Exalta la alegria o mitiga el espanto/Y el ditirambo nuevo que este día le canto/Otrora lo cantaron el árabe y el persa./Vino, enseñame el arte de ver mi propia historia/Como si ésta ya fuera ceniza en la memória.” (Na foto abaixo, o lançamento do livro em Bagé – RS).
Como Gilberto Carvalho tem sangue português, “De vinho e vida” foi lançado também em Portugal. O circuito começou nos Açores, com dois lançamentos: na Ilha de São Miguel, com o apoio do gabinete da Governadora Sandra Souza e cobertura da RTP – Radio e Televisão de Portugal e na Ilha do Fayal, com um evento no auditório da biblioteca pública da cidade de Horta com a música da Jazz Band da Praia do Almoxarife. Já no continente, os poemas de Gilberto foram apresentados em Lisboa na Casa dos Açores; em Braga e no Famalicão – terra dos ancestrais do autor - os lançamentos foram na Universidade de Braga e na biblioteca municipal de Famalicão, com a presença de gente das artes e imprensa local.
Gilberto me disse que está finalizando uma nova obra, a “De vinho e vida II”, que
deve ser lançada em breve. Isto é ótimo porque precisamos prestigiar os amigos,
o vinho e quem produz o vinho. Como o fez o poeta Mario Quintana – também gaúcho
e conterrâneo da cidade de Alegrete como Gilberto Carvalho – que escreveu esta pequena
pérola (veja acima): “Por mais raro
que seja, ou mais antigo,/Só um vinho é
deveras excelente/Aquele que tu
bebes, docemente,/Com teu mais
velho e silencioso amigo.”
De fato, como Gilberto Carvalho escreveu na abertura
de seu livro, “Pior que uma vida sem vinho somente uma vida sem poesia”. Brindo
a isso. Para contacatr o autor
acesse www.facebook.com/O-poeta-do-vinho (*) Rogerio Ruschel gosta de poesia e de vinho - e tenta harmonizar isso em São Paulo, Brasil, onde edita este blogue.
De fato, como bem o disse MARIO QUINTANA - nada supera quando se bebe com calor de amizade - antiga como a nossa, meu querido Rogério ! Obrigado pelas sabias e doces palavras que sabem engrandecer a poesia, seus mestres e teus amigos,como este singelo autor.
ResponderExcluirParabens pela excepcional seleçao de poemas, Ruschel
ResponderExcluirObrigado, Padua, um brinde aos poetas que bebem vinhos - e aos que ainda nnao bebem tambem... Abraços, Rogerio
ResponderExcluir