Por Rogerio Ruschel (*)
Meu
caro leitor ou leitora, como você sabe o vinho é a expressão de uma
comunidade, um terroir e um conjunto de tradições locais - e geralmente
é o resultado de muitas décadas de aprendizado. No mundo todo é possivel
encontrar pequenos vilarejos produzindo vinhos extraordinários. Em Portugal isto é uma realidade centenária e o país prestigia o patrimônio de suas aldeias (como a de
Favaios, no Douro, acima) através de duas redes turísticas de aldeias e está lançando as
bases de uma terceira organização, esta através da Associação
de Municípios Portugueses do Vinho (AMPV) e de âmbito nacional. Conheça um pouco sobre isso a seguir.
A
mais antiga é a ATA - Associação de Turismo de Aldeia, criada em 1999 para promover os
territórios rurais em âmbito nacional, o que é feito pelo produto turístico
“Aldeias de Portugal”. Atualmente as aldeias da rede são oito, estão
localizadas nos municipios de Melgaço (onde fica a Aldeia Branda Aveleira, na
foto acima), Ponte da Barca, Arcos de Valdevez, Ponte de Lima e Vieira do
Minho, na região dos Vinhos Verdes, no norte do país. Em cada aldeia há várias
casas preparadas (com selo de qualidade, é claro) para receber turistas, com
lugar para 2 até 6 pessoas. Na foto abaixo, a aldeia de Cabração, em Ponte de
Lima;.
As Aldeias de Portugal realizam turismo no espaço rural, convidando o turista para uma
estadia com total independência, numa casa rural, em plena natureza, e são promovidas
turisticamente pela CENTER – Central Nacional do Turismo no Espaço
Rural, uma agência especializada em Turismo Rural e Turismo de Habitação, que
opera também as marcas Solares de Portugal e Casas no Campo. Abaixo a aldeia de
Louredo, em Vieira do Minho. Saiba mais em http://www.aldeiasdeportugal.pt/PT/index.php
A outra rede integra o projeto das
Aldeias Vinhateiras do Douro, denominação criada em 2001 e que atualmente é
formada por seis aldeias que se destacam pela riqueza cultural e pelas paisagens
únicas da região do Douro. São elas as Barcos, Favaios, Provesende (foto
abaixo), Salzedas, Trevões e Ucanha e oferecem experiências únicas através do
seu património, da sua gastronomia e da natureza envolvente.
A valorização turística foi reafirmada em
2007, ano em que foi realizada a primeira edição do Festival das Aldeias
Vinhateiras nos meses de setembro e outubro, com jogos
populares, artesanato ao vivo, música popular, degustação de produtos, espetáculos e festas
nas ruas e muita animação temperadas pela gastronomia e pelo vinho locais – o
que, meu caro leitor ou leitora, não é pouca coisa porque os vinhos são do
Douro! Na foto abaixo a aldeia de Salzedas. Desde 2013 a rede tem um guia de
turismo e sua gestão é feita pela Associação de Desenvolvimento Wine Villages – ADRAV Douro. Saiba mais em http://dourovalley.eu/aldeias_vinhateiras_1
Mas
como os portugueses acreditam que sua cultura e tradição são elementos-chave de
seu conceito de desenvolvimento como Nação, não vão parar por ai e fico feliz
em compartilhar com você esta noticia: dia 26 de fevereiro de 2016 a Associação
de Municípios Portugueses do Vinho (AMPV) deu o primeiro passo formal para a
criação de mais uma rede de
aldeias vinhateiras – e desta vez em âmbito nacional.
A
proposta está baseada na experiência das Aldeias Vinhateiras do Douro que vem
ajudando bastante na consolidação do turismo na região Norte de Portugal e pode
reunir dezeas de aldeias em todo o país - a AMPV espera que até junho as
aldeias interessadas já estejam participando do projeto. E só para lembrar,
como a Associação de Municípios Portugueses do Vinho já coordena a Rede de
Museus Portugueses do Vinho - que reúne entidades de cerca de duas dezenas de
municípios associados e que está sendo consolidada neste ano de 2016 – fico
imaginando o belo produto turístico que poderá ser criado quando as duas redes
operarem em conjunto! Nas fotos acima e abaixo, imagens de vinícolas em Santar,
concelho de Nelas.
A proposta
da Rede Portuguesa de Aldeias Vinhateiras foi apresentada por José Arruda,
Secretário-Geral da Associação de Municípios Portugueses do Vinho (AMPV) em
reunião no Concelho de Nelas. Nelas, que realiza uma conhecida Feira do
Vinho do Dão, é uma cidade que fica no Distrito de Viseu, pertencente a
região demarcada dos vinhos do Dão, e vizinha da Serra da Estrela, onde são
produzidos os badalados queijos da Serra da Estrela D.O.P. - Demoninação de Origem
Protegida. Na
foto abaixo a aldeia de Branda da Aveleira, na freguesia de Gave, Concelho de
Melgaço.
O
objetivo da AMPV é promover o desenvolvimento sustentável de localidades onde o
vinho tenha uma posição de destaque cultural e econômico. Como disse Arruda, "Entendemos
que é importante promover a nível nacional uma rede de aldeias vinhateiras,
baseando-nos numa experiência que foi feita no Douro, com seis aldeias
vinhateiras. Esta rede terá muito a acrescentar em termos de oferta futura de
enoturismo". Abaixo, foto da aldeia de Ucanha.
Entre
os quase 70 municipios associados a AMPV, muitos deles poderão participar da rede
de Aldeias Vinhateiras, como Vidigueira, Cartaxo, Palmela, Loures, Gouveia, Penalva
do Castelo, Régua, Melgaço, Mealhada e a própria Nelas que deve
participar através de sua Vila Histórica de Santar, aldeia reconhecida pela
qualidade do vinho e pelo valioso
patrimônio cultural. Nelas realiza a Feira do Vinho do Dão, que conta já com 25
edições e que poderá ajudar a divulgar as atrações da vila de Santar. Abaixo,
vinhedo na Rota dos Vinhos do Dão.
Na
reunião estiveram representantes dos municípios de Vidigueira, Cartaxo,
Palmela, Loures, Gouveia, Penalva do Castelo, Régua, Melgaço e Mealhada, que
vão avaliar a participação. A Rede poderá ser constituída por aldeias e
vilas de muitos dos 68 municípios associados à AMPV, e além da revitalização
socioeconômica e da promoção dos vinhos locais, poderá ajudar na dinamização
dos seus valores simbólicos como a ruralidade, autenticidade, patrimônio,
natureza, tradições e gastronomia. Saiba mais sobre a AMPV em http://www.ampv.pt/
Trata-se
de um projeto que vai preservar e promover a identidade cultural e
potencializar o desenvolvimento econômico de pequenos núcleos comunitários. Eu
acredito piamente que é nos pequenos núcleos comunitários do mundo que pode se
encontrar os melhores representantes destas criaturas que chamamos de seres
humanos. Por isso brindo aos amigos portugueses que estão trabalhando para
homenagear o passado, vaalorizar o presente e construir o futuro através do
respeito as
aldeias vinhateiras.
(*) Rogerio Ruschel é editor de In Vino
Viajas em São Paulo, Brasil, uma cidade com 11,32 milhões de habitantes que não
é exatamente uma aldeia vinhateira
Parabéns pela atenta dedicação ao detalhe
ResponderExcluirObrigado Deuladeu. Abraços
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