Por Rogerio Ruschel (*)
Meu caro leitor ou leitora, tenho muita
alegria em apresentar a você uma das mais lindas bibliotecas do mundo que fica
no Rio de Janeiro, tem mais de 170 anos e é um dos mais importantes legados
portugueses aos brasileiros: o Real Gabinete Português de Leitura.
Fundado em 14 de Maio de 1837 por um grupo de
43 portugueses refugiados políticos no Brasil, na maioria comerciantes, o
Gabinete Português de Leitura foi estabelecida no Rio de Janeiro para que os
livros ajudassem a “iluminar o espirito” do jovem Império do Brasil, apenas 15
anos depois da Independência do país. Parecia uma boa idéia. E é, até hoje. Um exemplo disso é que a foto abaixo está exposta como um grande painel na empresa de auditoria PWC (PriceWaterhouseCoopers) em São Paulo, como um símbolo de informação de qualidade. E de fato é.
Hoje, aos 173 anos, localizado em pleno
Corredor Cultural da Cidade Maravilhosa, é a mais antiga associação portuguesa
no Brasil e se orgulha de ser uma das maiores bibliotecas da América Latina,
uma das mais bonitas do mundo e foi a sede de outras instituições importantíssimas do Brasil como a
Academia Brasileira de Letras e o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
José Marcelino Rocha Cabral, advogado e
jornalista, foi eleito primeiro presidente da instituição que funcionava
inicialmente em um sobrado da Rua Direita (atual Primeiro de Março) e ocupou
outras sedes até se instalar em 1887 na sede própria (foto acima) na antiga Rua da Lampadosa
- que teve então seu nome mudado para Luís de Camões - e ganhou o titulo de
Real no nome. O lançamento da pedra fundamental da sede definitiva, assistido por D.Pedro II, foi feito em 1880 durante a celebração dos 300
anos de Luis de Camões (abaixo, o busto de Camões).
O edifício, em estilo neomanuelino, foi
projetado por Rafael da Silva e Castro inspirado em uma das alas do Mosteiro
dos Jerônimos, de Lisboa. A inauguração em 1887 contou com a presença da
Princesa Isabel e do Conde D´Eu. A fachada foi trabalhada por Germano José
Salle em pedra de lioz em Lisboa e trazida de navio para o Brasil. As quatro
estátuas que a adornam são de de Luís de Camões, Pedro Álvares Cabral, o Infante
D.Henrique e Vasco da Gama e os nedalhões da fachada retratam os escritores Fernão Lopes, Gil
Vicente, Alexandre Herculano e Almeida Garrett.
Tombado pelo
Instituto Estadual do Patrimônio Cultural, o Real Gabinete Português de Leitura
é deslumbrante por dentro, totalmente banhado pela luz natural vinda de uma
clarabóia de vidro colorido (acima). No salão de leitura destacam-se o lustre
monumental e as belas mesas de jacaranda e num dos cantos, pode-se ver um belo busto de Camões que parece estar de vigia do acervo que tem mais de 350 mil
volumes.
No segundo pavimento, cujo acesso é feito por
uma elegante escada de ferro e mármore, encontra-se a Sala dos Brasões (acima e
abaixo), que funciona como auditório. A sala ganhou esse nome por ser ornamentada
por 36 brasões das cidades portuguesas da época, incluindo as colônias – veja
alguns deles na foto abaixo.
A entrada é grátis e os serviços de consulta
e leitura podem ser feitos de segunda a sexta feira, das 9:00 hs às 18:00 hs.
Aproveite para reviver cenas de alguns filmes porque o prédio foi utilizado
como locação para telenovelas, especiais de televisão e filmes, entre os quais “O
Primo Basílio” (1988), de Daniel Filho; “Os Maias” (2001), de Luiz Fernando
Carvalho; “O Xangô de Baker Street” (2001), de Miguel Faria Jr. (que também
teve locações na Livraria Lello de Porto) e “Mad Maria” (2005), de Ricardo
Waddington. Abaixo, o corredor do terceiro andar.
Concordo com o que foi publicado por uma
revista portuguesa: “Pelo seu prestígio nos meios intelectuais, pela
beleza arquitectônica do edifício da sua sede, pela importância do acervo
bibliográfico e ainda pelas atividades que desenvolve, o Real Gabinete
Português de Leitura é, a todos os títulos, uma instituição notável e que muito
dignifica Portugal no Brasil.” De fato, brindo ao bom gosto e tenacidade
dos portugueses que nos legaram esta heranca maravilhosa.
Conheça também a Livraria Lello, na cidade do
Porto, Portugal, que com 110 anos é tida como uma das bonitas do mundo e lembra
muito o o Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro. Acesse aqui: http://invinoviajas.blogspot.com.br/2016/01/em-porto-portugal-conheca-livraria.html
(*) Rogerio Ruschel é editor de In Vino Viajas a partir de São Paulo, Brasil, e gosta de bibliotecas e gabinetes de leitura em qualquer parte do mundo
Uma riqueza em nosso Rio de Janeiro, faça uma visita.
ResponderExcluirRealmente uma beleza.
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