Por Rogerio Ruschel (*)
O vinho faz parte da liturgia
cristã representando o sangue de Jesus Cristo – na verdade o próprio Cristo, na
Ceia Pascal (ou Santa Ceia), que disse que “este é o meu sangue”. Mais do que
isso, o vinho aparece frequentemente na Biblia Sagrada, as vezes como parte de
uma festas e banquetes (como na imagem abaixo) e as vezes prejudicando as pessoas,
como na história de Noé embriagado e
nos tempos de Abraão, quando o vinho contribuiu para o incesto que resultou em
gravidez das filhas de Ló. Na Biblia o vinho e pão são citados como o sustento essencial do corpo.
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Segundo especialistas, as
palavras encontradas nas Sagradas Escrituras que representam vinho são yayin e tirosh,
termos do hebraico, utilizado para escrever quase todo o Antigo Testamento e oinos, termo
grego, idioma usado predominantemente para escrever o Novo Testamento. “Yayin”
é a palavra mais comum, um termo usado 141 vezes no Antigo
Testamento e “tirosh”
ocorre 38 vezes no Antigo
Testamento se referindo ao produto não-fermentado da videira, algo
como um suco de uvas.
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Se o vinho tinha esta importância
cultural, histórica e religiosa, não seria interessante saber que tipo de vinho
era bebido pelos antigos cristãos? Pois cientistas israelenses da Universidade de Ariel, na Cisjordânia, estão
tentando recriar este vinho da época de Cristo, de 2.000 anos atrás. “É uma questão de orgulho nacional para Israel”, explicou ao jornal
New York Times o Dr. Eliyashiv Drori, o enólogo que conduz a pesquisa, na foto
abaixo protegendo uma videira.
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Para descobrir o sabor deste vinho, especialistas estão analisando uma
série de sementes de uvas da época e traços em fragmentos de potes de
barro utilizados para o armazenamento de vinhos, materiais encontrados em templos judeus antigos. No momento, com base em testes prévios já realizados
foram identificados 120 tipos diferentes de uvas do antigo Israel. Desse total,
em colaboração com vários produtores de vinho, os cientistas determinaram que
20 delas seriam adequadas para a produção de vinho.
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Agora eles trabalham sobre esses tipos de uvas para a obtenção de material
genético das sementes e transferir isso para uma variedade de uva existente
para conseguir uvas similares para então produzirem o vinho, o que ainda deve levar
vários anos. De qualquer maneira sabe-se que em 2014 a empresa Recanati Winery anunciou a venda do primeiro vinho produzido
comercialmente com cepas de Israel: 2.480 garrafas de vinho branco marawi feito com uvas jandali, cepa existente no ano 220 AC resgatada por pesquisas de arqueólogos e enólogos
baseadas em referência feita no Talmude da Babilônia.
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Espero que consigam produzir um
bom vinho – e mais do que isso, espero que resolvam a provável questão de
disputa de propriedade sobre essas uvas que poderá ser travada com palestinos,
porque os vinhos estão sendo feitos na Cisjordânia e nas Colinas do Golã. Quem
sabe não é este o vinho que finalmente vai brindar a paz?
(*) Rogerio Ruschel é editor de In Vino Viajas e acredita que o vinho produz o milagre de fazer novos amigos
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