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sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Conheça Daniel Martins, produtor de azeite de oliva biológico, surfista que limpa a praia e empreendedor sustentável premiado em Portugal


Por Rogerio Ruschel (*)
Meu prezado amigo ou amiga, o que tem dentro de uma garrafa de azeite biológico que não se encontra em uma garrafa de azeite comum? Ser um produto bio muda a identidade de um azeite? Quanto deve custar o produto biológico em relação a produtos convencionais, produzidos em larga escala? O que move uma pessoa jovem a investir em produtos biológicos que custam mais e dão muito mais trabalho? Como sou um contador de histórias, quero que você conheça alguém que vai nos ajudar com estas perguntas, o jovem produtor rural português Daniel Martins (foto acima) e sua Quinta da Serrinha (abaixo).

Daniel Martins é um jovem produtor de azeites finos biológicos na Quinta da Serrinha, em Alfândega da Fé, uma vila com 5.100 habitantes no Distrito de Bragança, Alto Trás-os-Montes, Portugal. Alguém até poderia dizer que ele está “escondido do mundo”, mas como a internet não tem fronteiras, ele acaba de se tornar meu amigo pelo Facebook e espero um dia conhecê-lo pessoalmente. Sei apenas que ele é um produtor biológico, jogador de volei de praia, surfista consciente que coleta lixo com os amigos (foto abaixo), que é engenheiro ambiental e foi um dos ganhadores Prêmio EDP Empreendedor Sustentável 2012.

Pois decidi compartilhar o comentário do Daniel sobre as dificuldades (mas também a alegria) de ser produtor biológico com meus leitores em 129 países porque sei que a maioria destes países importa azeites da peninsula ibérica e seria interessante conhecer este assunto. Mas também porque respeito o talento alheio e apoio produtos mais sustentáveis - e tenho certeza que você também. Com a palavra Daniel Martins (foto abaixo).

“Apesar da produção de cada oliveira ser bastante variável, parece-me bastante realista que a produção média de cada oliveira ronde meia saca, cerca de 15kg de azeitonas limpas. Tendo em conta agora um rendimento médio em azeite de 16%, ao qual se retiram 15% da chamada maquia (pagamento em azeite ao lagar que transforma as azeitonas em azeite), e para uma densidade comum de 0,92kg/L, obtemos cerca de 2,2L de azeite."

"Assim, uma familia que consome em média 4 garrafões de 5L por ano, cerca de 20L, precisa de cerca de 9 oliveiras. Essas mesmas oliveiras são plantadas, regadas, e só começam a produzir na melhor das hipoteses aos 5 anos de vida. Ocupam cerca de 144m2 cuidados de forma a permitir a saudável existência das mesmas árvores. É uma área que está reservada só para sí, para o seu azeite". Na foto abaixo Daniel apresenta seu azeite a avaliadores.

"Em agricultura biológica esses 144m2 são fertilizados através de estrume, sementeiras de plantas que fixam o azoto no solo e ainda pela destroçagem das ramas das podas. E no final existe uma certificadora que garante que as práticas estão dentro do modo de produção biológico. Ai, já me esquecia das deslocações, das análises quimicas e organolépticas do azeite, do design do rótulo e do embalamento. Ainda acha mesmo que o azeite, se for de qualidade, é caro?!” Na foto abaixo Daniel Martins em um workshop de cosmética natural.

Caro mesmo, meu caro amigo ou amiga, é um azeite sem identidade, qualidade e sabor. Mas a Quinta da Serrinha compra de terceiros e comercializa outros produtos como mel biológico de rosmaninho, vinho bio, queijo de ovelha, amêndoa bio, manteiga de karité biológica, cera de abelhas biológica e óleo de coco biológico – alguns destes produtos aparecem na foto abaixo.
A apresentação do azeite biológico vale a pena reproduzir, veja só: “O azeite Quinta da Serrinha provém de uma produção familiar de oliveiras transmontanas centenárias, em modo de produção biológico. Esta certificação, obtida no ano de 2013 e finalizando um processo que durou 2 anos, surge com o intuito de comprovar as boas práticas agrícolas aplicadas, não pondo em risco a biodiversidade animal e vegetal, assim como a saúde de quem consome o azeite.

A apanha da azeitona (na foto acima), a poda das oliveiras, a mobilização de terras, a tiragem de chupões, a sementeira de cobertura verde e a rega de estacas são tudo operações que empregam sazonalmente habitantes locais.  Ao comprar este azeite esta a contribuir para uma importante fonte de rendimento sazonal assim como a manutenção do olival típico da região, que não põe em causa os recursos naturais.”
Ainda não provei o azeite do Daniel, mas deve ser bom; se você quiser saber mais acesse o site  http://www.quintadaserrinha.com
Saiba mais sobre azeites de oliva no Brasil e sobre azeites que estão sendo produzidos no Brasil aqui: http://invinoviajas.blogspot.com.br/2014/05/azeite-de-oliva-made-in-brazil-producao.html e também aqui: http://invinoviajas.blogspot.com.br/2014/05/azeite-de-oliva-veja-como-esta.html
(*) Rogerio Ruschel é editor de In Vino Viajas em São Paulo, Brasil, e gosta muito de azeite de oliva bem feito


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