Por Rogerio Ruschel (*)
Meu prezado amigo ou amiga, o que tem dentro
de uma garrafa de azeite biológico que não se encontra em uma garrafa de azeite
comum? Ser um produto bio muda a identidade de um azeite? Quanto deve custar o
produto biológico em relação a produtos convencionais, produzidos em larga
escala? O que move uma pessoa jovem a investir em produtos biológicos que custam mais
e dão muito mais trabalho? Como sou um contador de histórias, quero que você conheça alguém que vai nos ajudar com estas perguntas, o jovem produtor rural português Daniel Martins (foto acima) e sua Quinta da
Serrinha (abaixo).
Daniel Martins é um jovem produtor de azeites
finos biológicos na Quinta da Serrinha, em Alfândega da Fé, uma vila com 5.100
habitantes no Distrito de Bragança, Alto Trás-os-Montes, Portugal. Alguém até
poderia dizer que ele está “escondido do mundo”, mas como a internet não tem fronteiras,
ele acaba de se tornar meu amigo pelo Facebook e espero um dia conhecê-lo
pessoalmente. Sei apenas que ele é um produtor biológico, jogador de volei de
praia, surfista consciente que coleta lixo com os amigos (foto abaixo), que é engenheiro ambiental e foi
um dos ganhadores Prêmio EDP Empreendedor Sustentável 2012.
Pois decidi compartilhar o comentário do
Daniel sobre as dificuldades (mas também a alegria) de ser produtor biológico com meus leitores em 129 países porque sei que a maioria
destes países importa azeites da peninsula ibérica e seria interessante
conhecer este assunto. Mas também porque respeito o talento alheio e apoio
produtos mais sustentáveis - e tenho certeza que você também. Com a palavra Daniel Martins (foto abaixo).
kg/L, obtemos cerca de 2,2L de
azeite."
"Assim, uma
familia que consome em média 4 garrafões de 5L por ano, cerca de 20L, precisa
de cerca de 9 oliveiras. Essas mesmas oliveiras são plantadas, regadas, e só
começam a produzir na melhor das hipoteses aos 5 anos de vida. Ocupam cerca de
144m2 cuidados de forma a permitir a saudável existência das mesmas árvores. É
uma área que está reservada só para sí, para o seu azeite". Na foto abaixo
Daniel apresenta seu azeite a avaliadores.
"Em
agricultura biológica esses 144m2 são fertilizados através de
estrume, sementeiras de plantas que fixam o azoto no solo e ainda pela
destroçagem das ramas das podas. E no final existe uma certificadora que
garante que as práticas estão dentro do modo de produção biológico. Ai, já me
esquecia das deslocações, das análises quimicas e organolépticas do azeite, do
design do rótulo e do embalamento. Ainda acha mesmo que o azeite, se for de qualidade, é
caro?!” Na foto abaixo Daniel Martins em um workshop de cosmética natural.
Caro mesmo, meu caro amigo ou amiga, é um azeite sem
identidade, qualidade e sabor. Mas a Quinta da Serrinha compra de terceiros e comercializa outros produtos como mel biológico de rosmaninho, vinho bio, queijo de ovelha, amêndoa
bio, manteiga de karité biológica, cera de abelhas biológica e óleo de coco biológico – alguns destes produtos aparecem na foto
abaixo.
A apresentação do azeite biológico vale a pena reproduzir, veja só: “O azeite Quinta da Serrinha provém de uma produção familiar de
oliveiras transmontanas centenárias, em modo de produção biológico. Esta
certificação, obtida no ano de 2013 e finalizando um processo que durou 2 anos,
surge com o intuito de comprovar as boas práticas agrícolas aplicadas, não
pondo em risco a biodiversidade animal e vegetal, assim como a saúde de quem
consome o azeite.“
“A apanha da
azeitona (na foto acima), a poda das oliveiras, a mobilização de terras, a
tiragem de chupões, a sementeira de cobertura verde e a rega de estacas são
tudo operações que empregam sazonalmente habitantes locais. Ao comprar este azeite esta a
contribuir para uma importante fonte de rendimento sazonal assim como a
manutenção do olival típico da região, que não põe em causa os recursos
naturais.”
Ainda não
provei o azeite do Daniel, mas deve ser bom; se você quiser saber mais acesse o site http://www.quintadaserrinha.com
Saiba mais
sobre azeites de oliva no Brasil e sobre azeites que estão sendo produzidos no Brasil aqui: http://invinoviajas.blogspot.com.br/2014/05/azeite-de-oliva-made-in-brazil-producao.html
e também aqui: http://invinoviajas.blogspot.com.br/2014/05/azeite-de-oliva-veja-como-esta.html
(*) Rogerio Ruschel é editor de In Vino Viajas em São Paulo, Brasil, e gosta muito de azeite de oliva bem feito
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