Exclusivo - Estimado leitor ou leitora, tenho
o prazer de apresentar a você a re-encarnação francesa de uma herança milenar grega e da cultura pop
norte-americana: as pin-ups "Demoiselles da L’Art du vin” (acima, abaixo e em toda a reportagem),
criadas pela artista francesa Tatieva, de Annecy, que cedeu textos e imagens
com exclusividade para o “In Vino Viajas”.
Estas pin-ups francesas - que Tatieva também chama de
Callipyges - são mulheres voluptuosas e
sensuais que relembram as estátuas romanas da deusa grega Venus (as Callipyges) cujo nome se aplica de maneira genérica a estátuas da deusa que
mostram seios e nádegas voluptuosas; na verdade, são as pin-ups das culturas
grega e romana. Na foto abaixo, uma destas callipyges, de autoria ignorada, exposta em
um museu de Nápoles.
Mostrar mulheres, modelos ou atrizes em
poses sensuais em ilustrações, gravuras, estátuas ou fotos é uma tradição registrada provavelmente desde os tempos das cavernas e sempre acompanhou a civilização humana, mas se notabilizou como parte da cultura pop nos Estados Unidos como
as pin-ups. Desde os anos 1920 as pin-ups eram “mulheres
fatais” como Theda Bara, Greta
Garbo, Lauren Bacall, Mae West, Marilyn Monroe, a brasileira Carmen Miranda e Betty Grable,
uma das atrizes mais bem pagas de Hollywood nos Anos 40 (foto abaixo), que
enchiam cartões postais, revistas, jornais, posteres e calendários de
parede.
Tal como as pin-ups de Holluwood que enlouqueceram várias gerações
masculinas, especialmente entre as décadas de 1930 a 1960, as "Demoiselles da L’Art du vin” (Senhoritas da Arte do
Vinho) de Tatieva também são mulheres voluptuosas, sensuais e com
forte apelo para o erotismo provocativo. Mas enquanto as pin-ups made in USA tinham como principais meios de divulgação
calendários de parede, revistas pop e os armários dos soldados norte-americanos
durante a Segunda Grande Guerra, as Demoiselles de Tatieva nasceram em solo
francês e frequentam especialmente paredes de museus contemporâneos, ambientes underground e as
páginas de internet.
Entrevistei a artista. Tatieva
nasceu em Grenoble, França, em 1965, e vive e trabalha em Annecy, uma simpática
cidade da região dos Rhône-Alpes.
Autodidata,
ela pinta e escreve desde a infância e foi ainda como adolescente que ganhou
seu primeiro prêmio como artista. Trabalhou com pintura a óleo mas descobriu o
prazer da pintura com acrílico, porque, segundo ela, “um estado de espírito de
luz, o acrílico presta-se a todos os meus caprichos”. É teimosa e caprichosa:
frequentemente foge do padrão convencional de uso de harmonização das cores e é
obsessiva: chega a colocar sobre a tela 12, 15 ou até 20 camadas de cor para
obter o brilho desejado.
Tatieva me
disse que sente e vive profundamente seu trabalho. Ela costuma
esfregar os pincéis com tanta força e volúpia que faz o pedaço de metal que segura as cerdas arranharem a tela - e
completa dizendo que "a música do pincel na tela é preocupante, cadenciada e hipnótica" e que “Às vezes o
processo criativo é tão avassalador que eu choro, me entrego totalmente a essa emoção, às vezes brutalmente; esta é uma batalha, uma luta e eu amo."
A artista
francesa já fez exposições na França, Itália e Estados Unidos. Cria em suportes
diferenciados como almofadas, cartões postais, sombrinhas, ilustrações para
poemas eróticos ou carimbos de borracha, mas se expressa principalmente
desenhando as pin-ups francesas que
chama de Callipyges e que são lindas, leves e soltas.
Seus temas são mulheres livres, a nudez, banhistas, pesquisa com cores,
alma zen, mas também o vinho, como na série “L’Art du vin” da qual estamos
mostrando algumas obras que foram cedidas com exclusividade para os leitores de
In Vino Viajas. Tatieva me disse que vinho é um dos temas preferenciais: “É a poesia da vinha que me dá a mordida mais
saborosa, o mais carnal de si mesmo. Da mesma forma, o mais fascinante também.
Eu fecho meus olhos e espero. E sinto que as minhas papilas gustativas estão
prontas para receber o líquido do frasco divino.” (tradução livre de mensagem em francês).
Na verdade,
meu caro leitor ou leitora, Tatieva, assim como todos nós que somos apaixonados
por vinho, percebemos a poesia e o gosto do vinho por antecipação – só que ela
transforma isso em uma arte que sensibiliza e conquista os olhos. O trabalho de Tatieva pode ser conhecido e adquirido pelo site (http://tatieva.weonea.com/ ), no Facebook
-->
(https://www.facebook.com/tatieva.lartduvin)
ou pelo blog pessoal http://tatieva.canalblog.com/.
Tatieva (na foto acima) me enviou um texto sobre como o vinho inspira e se
relaciona com seu trabalho que eu publico abaixo, no original francês porque precisa
ser “bebido” no idioma em que foi escrito - eu não tenho coragem de tentar traduzi-lo para qualquer
outro idioma. Tatieva, merci pour le partage de votre univers créatif avec mes lecteurs.
“Un soir à l'atelier... Sur
le plan de travail, d'un bois usé jusqu'à ses fibres les plus intimes, pinceaux
et pigments, mines de plomb et feutres mènent joyeuse danse. Craies grasses et
châssis au lin rustique, à la maille épaisse s'entendent comme larrons en
foire, un brin paillards. Dans ce fatras tant aimé trône, gaillard et bien
entouré, un verre de vin. Selon l'humeur, oublié ou bu jusqu'à plus soif,
jusqu'à la lie. Quand elle s'abandonne à la peinture, que le temps n'a plus de
prise, le vin s'évapore. Il laisse derrière lui, contre la rondeur transparente
d'un verre replet, une trace. Ses tanins en fines granules, délicates
particules de terroir, la troublent. Rubis, grenat, alizarine. Le rouge
l'émeut. Celui des tubes comme de la vigne. Celui qui sonne le rappel des
artistes de jadis, sans cesse sur l'ouvrage, à le peaufiner, le ciseler pour le
rendre merveille. Un tableau qui prendra poussière dans un musée comme une
bouteille dans une cave, le temps ne les rendant que plus puissants. A l'oeil
ou au palais. Ce rouge, avec patience, gorge les grains d'un raisin juteux sous
un brûlant soleil. Avec son déclin s'annoncera le temps travailleur et festif
des vendanges. Ce rouge lui fera perdre raison, un soir, entre deux griffures
sur la toile. Ce verre-là, elle ne l'oubliera pas dans les viroles rouillées.
Pas plus que les autres. Et ma foi, qu'importe son nom, son étiquette tant que
son esprit s'évade sur des sentiers créatifs inexplorés, sur des chemins tant
parcourus qu'ils en sont familiers jusqu'au plus petit caillou ou sur des
routes qui ne mèneront nulle part. Cette nuit où le vin ne s'évapore pas, elle
n'en a cure. Il rince avec générosité gosier et chagrin, dénoue les noeuds du
coeur et libère ce qu'il a de meilleur en lui, son âme. -Ses joues virent au
rouge, le regard pétille, la main s'envole. Avec fantaisie et espièglerie, le
pinceau parcourt la toile, la dénude délicatement. Canaillerie en zeste, les
pudeurs s'effacent à chaque lampée bienvenue. Et ce vin lourd, chargé, robuste
et plantureux se révèle léger, presque trop fruité le long de ces heures
nocturnes.” Tatieva.
(*) Rogerio Ruschel edita In Vino Viajas em São
Paulo, Brasil, mas gosta de poesia e vinho de qualquer parte do mundo –
especialmente quando eles vem do coração.
Lind a arte. Tatiana consegue compor cenas de colorido e traço inusitadas.
ResponderExcluirBelo trabalho, sim
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