Por Rogerio Ruschel (*)
Meu caro
leitor ou leitora, a França é mesmo surpreendente no que se refere a vinhos:
quer receber 100 milhões de turistas em 2020, dos quais 20 milhões serão
enoturistas! Esta revelação foi feita pelo Ministro das Relações Exteriores da
França, Monsieur Laurent Fabius, em uma entrevista coletiva dia 10 de junho em
Paris, e está alinhado com a história do país: na França foi criada a primeira Rota dos vinhos Gran Crus do mundo - na
Borgonha em 1934, há 80 anos! - e atualmente cerca de 5.000 vinícolas praticam
religiosamente o enoturismo e suas melhores práticas. E não custa lembrar:
Bordeaux foi eleito Melhor Destino Europeu 2015 e se prepara para inaugurar um
gigantesco museu especializado, a “Cidade das Civilizações do Vinho” (maquete
na foto abaixo, do lado direito do rio), em 2016.
Para atingir
esta marca o país vai desenvolver novos roteiros rurais de vinho; incentivar
cruzeiros fluviais e adequar portos de rios; vai criar um fundo de investimento
estatatal para financiar melhorias nas vinícolas e investir pesadamente em
eventos de gastronomia. Este compromisso está assustando a concorrência e explico
porque: muitos profissionais dos trades de vinho e turismo ainda consideram
enoturismo uma atividade de nicho, um tipo de turismo que “complementa o
turismo de sol&praia, cultural, de eventos e outros”, como ainda se ouve
por aí. E só para você ter uma comparação, o Brasil – mesmo com 8.500 Km de
litoral, 9 diferentes biomas e uma diversidade cultural gigantesca - recebe 6,5 milhões de turistas estrangeiros –
incluindo o legado da Copa do Mundo em 2014… Na foto abaixo, a Place de La
Bourse, em Bordeaux.
Veja alguns
números:
·
Na Espanha 42.000 vinícolas receberam 2 milhões de turistas em
2014, o que gerou 50.000 empregos, segundo a Acevin
·
A associação Great Wine Capitals que reúne os 8 principais polos
produtores de vinho do mundo, em oito paises, informou que em 2011 cerca de 32% do
volume total dos vinhos produzidos nas cidades foram vendidas no
balcão, para turistas
·
A U.S. Travel Association divulgou que a California recebeu 21
milhões de turistas em suas regiões vinicolas em 2008 – e que só o Napa Valley,
o mais conhecido, recebeu 5 milhões deles
·
A Argentina recebeu a visita de 1,2 milhõões de turistas nas
vinicolas associadas a Bodegas de Argentina AC, em 2011
·
O Vale dos Vinhedos, principal polo
produtor de vinhos do Brasil, na serra gaúcha, recebeu e visita de 283.240
turistas em 2013.
Em 2014 a
França recebeu 88 milhões de turistas e quer crescer cerca de 4% ao ano até
2020. É uma questão de percepção, de vontade política e de competência para
realizar. Como disse o Ministro francês, “O turismo é um tesouro nacional e o
vinho é um setor importante para atrair visitantes em nossas belas regiões
vinícolas e apresentar parte de nossa cultura”. Veja na foto acima um dos muitos
charmosos bares de rua em Dijon, capital da Borgonha. Fiquei curioso para saber
qual a contribuição dos brasileiros a respeito do enoturismo francês e
perguntei a Izabèle Pesinato, coordenadora no Brasil de marketing & imprensa
da Atout France, a Agência de
Desenvolvimento Turístico da França. Com elegância e profissionalismo ela me
respondeu em menos de 48 horas. Veja a seguir.
Entrevista com Izabèle Pesinato, da Atout France - exclusivo.
R.
Ruschel - Quais os
cinco destinos de turismo em geral na França mais divulgados por jornalistas
brasileiros?
I. Pesinato - Paris é sempre solicitada pela imprensa. As regiões mais
“tradicionais” são bastante procuradas, como Provence (Riviera Francesa),
região de Bordeaux, Vale do Loire e Rhône Alpes. (Veja mapa abaixo o mapa de Bordeaux.) E também
existe uma procura por novidades em relação aos destinos como a Córsega e
Normandia. Existe também uma solicitação por áreas temáticas de acordo com o
perfil do veiculo do jornalista e as mais procuradas são: gastronomia, vinhos e
aventura (roteiros de bicicleta e ski).
R.
Ruschel - Qual o grau
de interesse de jornalistas brasileiros sobre destinos ou roteiros de
enoturismo e turismo relacionado a gastronomia na França?
I. Pesinato - Há uma grande curiosidade pelos assuntos gastronomia e
enoturismo pelos jornalistas brasileiros e o interesse tem crescido com a
evolução da disseminação da gastronomia francesa no Brasil.
R. Ruschel - Quais os destinos mais procurados por turistas brasileiros na França?
I. Pesinato - Os brasileiros que vão a França passam obrigatoriamente por Paris. A cidade dispõe de cerca de 85% de market-share. A segunda região é a Provence (incluindo a Riviera Francesa) e em seguida Aquitânia (com destaque para Bordeaux), Vale do Loire, Rhône Alpes, Alsácia (foto abaixo), Borgonha e Champagne, nesta ordem. Tahiti e St. Barth estão bem posicionados no turismo de luxo.
R. Ruschel - Qual o
grau de interesse de turistas brasileiros sobre destinos ou roteiros de
enoturismo e turismo relacionado a gastronomia na França? R. Ruschel - Quais os destinos mais procurados por turistas brasileiros na França?
I. Pesinato - Os brasileiros que vão a França passam obrigatoriamente por Paris. A cidade dispõe de cerca de 85% de market-share. A segunda região é a Provence (incluindo a Riviera Francesa) e em seguida Aquitânia (com destaque para Bordeaux), Vale do Loire, Rhône Alpes, Alsácia (foto abaixo), Borgonha e Champagne, nesta ordem. Tahiti e St. Barth estão bem posicionados no turismo de luxo.
I. Pesinato - Cultura e patrimônio, gastronomia e vinhos e shopping com turismo urbano são os principais aspectos atrativos de um destino para os turistas brasileiros. Assim, pontualmente sobre gastronomia e enoturismo, há uma grande curiosidade, mas são poucas as pessoas que efetivamente fazem uma viagem temática única e exclusivamente para isso. Geralmente fazem a viagem e dedicam uma, duas até três noites (quando há maior curiosidade) para o assunto, por meio de visitas às vinícolas e degustação do vinho. Como nos últimos anos os brasileiros viajaram mais e consumiram mais vinho, pode-se dizer que há um interesse em crescimento e também a mídia institucional tem colaborado para o aumento da demanda por esses roteiros, geralmente bem elaborados e com preços razoáveis. A maioria dos turistas vai para descobrir, ter um primeiro contato. O enoturismo representa aproximadamente de 2 a 5% do total de vendas de uma operadora de turismo. (Na foto abaixo este repórter se prepara para mais um passeio em um dos muitos simpáticos vilarejos da Alsacia.)
Saiba um pouco mais sobre roteiros de vinho da França
Bordeaux é eleita o Melhor Destino Europeu 2015 - http://invinoviajas.blogspot.com.br/2015/02/bordeaux-e-eleita-o-melhor-destino.html
Um pouco de gastronomia em Bordeaux - http://invinoviajas.blogspot.com.br/2013/06/bordeaux-um-pouco-de-gastronomia-na.html
Bordeaux: capital do vinho e maior patrimônio urbano protegido pela
Unesco - http://invinoviajas.blogspot.com.br/2013/06/bordeaux-capital-do-vinho-e-maior.html
Saint-Émillion, Bordeaux: atrações subterrâneas, belezas medievais e
delícias gastronômicas - http://invinoviajas.blogspot.com.br/2013/08/saint-emillion-bordeaux-atracoes.html
Os vinhos da Alsácia: uma arte de 2.000 anos - http://invinoviajas.blogspot.com.br/2013/01/os-vinhos-da-alsacia-uma-arte-de-2000.html
Experimentando os sabores da Borgonha e Dijon - http://invinoviajas.blogspot.com.br/2012/05/experimentando-os-sabores-da-borgonha-e.html
(*) Rogerio Ruschel acredita que o enoturismo já
deixou de ser uma ativiade de nicho há muitos anos. Agora é uma
atividade de experiência turística, moderníssima.
Muito bom, R uschel. Sem dúvida que na França enoturismo é top. Agora, em 2012 já se noticiava que Vento Gonçalves recebi 1 milho de turistas. Se somarmos esse público com is demais Brasil agora a coisa está indo num caminho de boas perspectives. Antonio
ResponderExcluirNão sei se Bento Gonçalves recebe 1 milhão de turistas, porque o Brasil inteiro recebeu no ano passado 6,5 milhões de visitantes estrangeiros - e mais da metade foram aregentinos... Espero que sim, Padua. Grato pela leitura. Abraços, Rogerio
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