Por Rogerio Ruschel (*)
O
ano de 2014 vai se encerrar com boas novas para o vinho brasileiro. E uma delas
é que Rinaldo Dal Pizzol e Sérgio Inglez de Sousa finalmente estão entregando
aos leitores ”Memórias do Vinho Gaúcho”,
uma série de tres livros com com um total de 752 páginas sobre a produção
de vinhos no Rio Grande do Sul entre os anos de 1620 e 2010.
Eles
passaram praticamente a vida toda estudando vinicultura e viticultura. O gaúcho
Rinaldo é empresário do setor desde os anos 1960, uma liderança institucional reconhecida,
um intelectual dedicado a suas raizes, criador e mentor do Ecomuseu da Cultura do Vinho, a mais completa coleção de
videiras do Brasil, com 400 uvas diferentes (veja mais abaixo uma foto do Vinhedo do Mundo). O paulista Sérgio convive com
o estudo dos vinhos desde criança por causa do trabalho de seu pai – um conhecido
pesquisador do assunto - e além de já ter conhecido praticamente quase todos os
paises produtores de vinho, é autor de centenas de artigos e de vários livros
sobre vinhos.
Mas nos
últimos 30 anos Rinaldo Dal Pizzol (acima) e Sérgio Inglez de Sousa (abaixo)
trabalharam de maneira sistemática e incansável para recolher e organizar
documentos, depoimentos, histórias e textos legais relacionados a produção de
vinhos no Rio Grande do Sul entre os anos de 1620 e 2010, para colocá-los nesta
série de tres livros com ”Memórias do
Vinho Gaúcho”.
Trata-se de
uma obra fundamental; segundo os autores, ”o objetivo do livro é chamar a
atenção das lideranças que conduzem a economia e a cultura estadual e nacional
sobre o setor, além de incentivar a comunidade produtora a vasculhar as
evidências de seu passado para contribuir com essa história e estimular para
que a obra possa ser ampliada, aprofundada e modificada”. Rinaldo me disse que
eles decidiram incluir dezenas de páginas sobre legislação e normas legais para
permitir que pesquisadores e historiadores possam estudar o assunto no futuro
partindo de uma base mais organizada.
Embora
não seja uma definição histórica formal, pode-se dividir a história da
vinicultura gaúcha (e brasileira, porque o estado produz mais de 80% do vinho
nacional) em tres grandes etapas, cobertas pelos autores:
1)
entre
1620 - com a iniciativa dos portugueses e jesuítas que plantaram videiras para
produção de vinho próprio ou de missa - e o ano de 1875, com a chegada dos
primeiros imigrantes italianos na serra gaúcha;
2)
entre
1875 e meados dos anos 1980, quase um século de viticultura para consumo
doméstico e próprio, com videiras de uvas americanas -
mais adequadas para sucos ou consumo como fruta - plantadas no sistema
de Latada (tipo "carramanchão");
3)
a partir do final dos anos 1980
quando muitas empresas novas entraram no mercado, as videiras foram sendo
trocadas por uvas vitis viniferas, de
maior qualidade para a produção de vinhos, e tecnologias de plantio (sistema espaldeira, tipo "cerca") e de produção
vem sendo renovadas.
A obra tem apresentação do
escritor Luis Fernando Veríssimo, prefácio do ex-ministro da Agricultura Francisco
Turra e prólogo do empresário Raul Randon. Foi financiada por empresas
utilizando os mecanismos da Lei Rouanet do Ministério da Cultura e foi editada pela AGE Editora.
Estão previstos vários eventos de lançamento: no dia 15 de dezembro, no Ecomuseu
da Cultura do Vinho, em Bento Gonçalves, e no dia 17 de dezembro, na Farsul, em
Porto Alegre. Em 2015 será lançada em São Paulo e nos dias 25 e 26 de fevereiro
será apresentada especialmente para o setor vitivinícola em Bento Gonçalves e
Flores da Cunha.
Autores
Rinaldo Dal Pizzol é natural de Bento Gonçalves (RS) e formado em Ciências Econômicas. Desde 1960 foi diretor de empresas do setor vinícola. Presidiu a União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra) e foi vice-presidente da Festa Nacional do Vinho, em Bento Gonçalves, e da Festa Nacional do Champanhe, em Garibadi. Atualmente preside o Instituto R. Dal Pizzol, atua como consultor de empresas vinícolas no Brasil e do exterior, é diretor da Dal Pizzol Vinhos Finos.
Sérgio Inglez de Sousa é natural de Piracicaba (SP) e engenheiro mecânico por formação. Dedicou-se ao estudo do vinho viajando por praticamente todos os países produtores das Américas, Europa, África do Sul e Oceania. Ministrou cursos no Senac, foi Presidente da Sociedade Brasileira dos Amigos do Vinho e, dentre seus livros destaca-se a trilogia Vinho Tinto, Vinho Branco, Espumante – o prazer é todo seu. Sérgio é filho do professor, pesquisador e escritor Julio Seabra Inglez de Sousa, autor do famoso e apreciado livro Uvas para o Brasil, de 1969.
Rinaldo Dal Pizzol é natural de Bento Gonçalves (RS) e formado em Ciências Econômicas. Desde 1960 foi diretor de empresas do setor vinícola. Presidiu a União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra) e foi vice-presidente da Festa Nacional do Vinho, em Bento Gonçalves, e da Festa Nacional do Champanhe, em Garibadi. Atualmente preside o Instituto R. Dal Pizzol, atua como consultor de empresas vinícolas no Brasil e do exterior, é diretor da Dal Pizzol Vinhos Finos.
Sérgio Inglez de Sousa é natural de Piracicaba (SP) e engenheiro mecânico por formação. Dedicou-se ao estudo do vinho viajando por praticamente todos os países produtores das Américas, Europa, África do Sul e Oceania. Ministrou cursos no Senac, foi Presidente da Sociedade Brasileira dos Amigos do Vinho e, dentre seus livros destaca-se a trilogia Vinho Tinto, Vinho Branco, Espumante – o prazer é todo seu. Sérgio é filho do professor, pesquisador e escritor Julio Seabra Inglez de Sousa, autor do famoso e apreciado livro Uvas para o Brasil, de 1969.
Minhas memórias da serra gaúcha. Escrevendo este post sobre memórias, me
lembrei que nos anos 1961 a 1963, com 9 a 11 anos, morei em Bento Gonçalves.
Estudei no Ginásio Nossa Senhora Aparecida (dos Irmãos Maristas) no tempo do
diretor Irmão Avelino Madalozzo e lembro que no inverno ia para a escola
bafejando vapor no frio horroroso e escorregando no gelo que se formava nas
calçadas. Lembro que ao lado da casa onde morávamos, na esquina, existia um
prédio enorme que era a sede da transportadora Tegon Valenti e na frente da
nossa casa morava a familia de um amigo e colega de escola, o Dante Reali
Mussoi, com quem brincava e jogava junto com meus irmãos Regis e Ricardo e seu primo, o
Bruno. Lembro que eles tinham uma TV preto e branca e colocavam um papel
transparente colorido na frente para ver “colorido“ e que tinhamos que ir
dormir quando passava o comercial dos cobertores Parahyba, na TV Tupi.
Lembro do aroma dos depósitos de vinho com dezenas de anos e dos vinhedos onde pedalávamos, num
tempo em que andar de bicicleta não era ecológico nem bacana, era simplesmente
divertido. Bons tempos, bons tempos.
(*) Rogerio
Ruschel, editor deste blogue, tem muito orgulho em ser gaúcho e tem saudades
dos tempos em que morou em Bento Gonçalves
Gostei um bom presente vou pedir ao maridão.
ResponderExcluirAbs
Tânia Canadá
Um belo presente, sim. E vamos pegar o autógrafo dos autores em fevereiro. Grato pelo prestigio da leitura, abs, Rogerio
ExcluirParabéns pelo trabalho. Sou natural da cidade de bento gonçalves, mas o nucleo familiar e do distrito do Barracao ( caminhos de Pedra )aonde ate hj dedicamos a cultura da uva ( para sucos , geleias e vinhos de mesa ) Sensacional. De 1970 ate 1983 morei tb na frente Dda Tegon & Valenti. Resido mais proximo hj ao Hosp Tachinni. Vou adquirir sua obra.
ResponderExcluirObrigado, Tonho, mas a obra nnao é de minha autoria, veja no texto como conseguir.Será que fomos vizinhos em Bento, ou ao menos contemporâneos?
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