Por
Rogerio Ruschel (*)
Talvez você não saiba, caro
leitor, mas o Paraná é o quarto estado produtor de uvas e vinhos do Brasil. Eu
não sabia, fui pesquisar e descobri que a vinicultura se iniciou a partir de
1557 com a fundação de Ciudad Real del Guayrá pelos padres jesuitas espanhóis -
claro, como sempre em todo o mundo, para a produção de vinho para a missa. As uvas eram simples e vieram de
Buenos Aires; essa fase terminou com a destruição das Missões Jesuiticas pelos
bandeirantes portugueses. Veja acima o mapa do caminho turístico do vinho na
Região Metropolitana de Curitiba, e abaixo o mapa vinícola do Estado do Paraná
nos dias de hoje.
A vinicultura foi retomada em
1852 com a criação da Colonia do Superagui, no litoral paranaense, por colonos
vindos especialmente da Suiça (Vevey) e França (Alsacia), mas também alemães e
italianos que trouxeram uvas vitis
viniferas.
Segundo registros da época, no
final da década de 1870 a Colônia contava com 6 cantinas. Veja abaixo uma
ilustração dos vinhedos na Colonia do Superagui no século XIX – hoje a ilha toda é uma reserva
ecológica declarada Patrimonio da Humanidade pela Unesco em 1999.
Atualmente
o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) identifica 21 grandes regiões
produtoras de vinhos no Brasil, sendo tres delas no estado do Paraná. Conheça
um pouquinho das caracteristicas destas regiões.
Região Metropolitana de Curitiba
(RMC) - Concentrada nos municípios de Colombo, São José dos Pinhais e Campo
Largo, a vitivinicultura na RMC tem origem na colonização italiana. A estrutura
da produção mantém-se elaborando vinhos e sucos de uva que são comercializados
localmente, com o apoio de um bem organizado programa de turismo ancorado na
vitivinicultura e complementado pela gastronomia regional. Na Colônia Antônio
Rebouças, Curitiba. foi construido um Monumento Histórico Comemorativo a
Emigração Italiana – veja abaixo.
Oeste Paranaense - O Oeste
Paranaense tem o seu centro na cidade de Toledo, onde se localiza a Vinicola
Dezem, uma das mais qualificadas - veja na foto abaixo. Variedades de uvas tintas pouco exploradas em outras
partes do Brasil, como Tempranillo, Sangiovese e Negro Amaro vem demonstrando
ótima adaptação a esse novo terroir
brasileiro.
Norte do Paraná - Nesta
região, concentrada entre os municípios de Londrina, Marialva, Maringá,
Rolândia e outros adjacentes, tradicionalmente predomina a produção de uvas
finas de mesa, mas nos últimos anos tem se diversificado. No município de
Maringá também são produzidos vinhos finos e vinhos de mesa, em pequena escala.
O municipio de Marialva é responsável pela produção de quase 50% das uvas do
Paraná, especialmente com a uva Rubi, homenageada em uma Festa da Uva e com a
estátua de um grande cacho de uva na entrada na cidade – veja abaixo a uva e a
estátua. Em Londrina está morando o apresentador da Rede Globo Galvão Bueno, produtor de vinhos de qualidade no Brasil (serra e campanha gaúchas, em parceria com a Miolo) e na Toscana. Será que ele vai investir no Paraná?
Mas
a cidade de Bituruna, quase na divisa com Santa
Catarina, se considera capital do vinho no Paraná e tambem fez um pórtico
- digamos assim - criativo – veja abaixo.
Recentemente
o Ministério do Turismo divulgou uma reportagem sobre a vitivinicultura na Região Metropolitana de Curitiba; veja a seguir alguns aspectos.
“Imagine-se
percorrendo parreirais cultivados por descendentes de italianos e se esbaldando
em restaurantes com comidas típicas, cafés coloniais e vinícolas familiares.
Este é o cenário do Caminho do Vinho, um dos 23 roteiros selecionados pelo
projeto Talentos do Brasil Rural, do Ministério do Turismo do Brasil.
O
roteiro Caminhos do Vinho começa em Colonia Mergulhão, São José dos Pinhais,
região metropolitana de Curitiba (veja foto acima). Ainda compõem o passeio
atrações como um museu do vinho, a venda de produtos coloniais, um pesque e
pague e uma pista de velocross, para os turistas mais animados. O local do
passeio fica a 5 km do Aeroporto Internacional Afonso Pena e a 26 km do Centro
de Curitiba.Naz foto abaixo a casa historica João Bortolan, de Colonia Mergulhão.
O
acesso pode ser feito pela entrada de São José dos Pinhais (Via Av. das
Torres), BR-277 e BR-116 (contorno leste). Para circular pelo roteiro, se
recomenda um veículo de passeio ou contratar um serviço de turismo receptivo.
Os interessados podem comprar o passeio pela “Linha turismo” com partidas aos
finais de semana (sábado as 13h30 e domingo as 11h) a partir do Shopping São
José, no centro de São José dos Pinhais.
O
roteiro e administrado pela Associação Caminho do Vinho –
Colônia Mergulhão (ACAVIM). Entre
as atrações estão vinícolas, restaurantes e outros serviços de turismo – veja
abaixo. Vinícolas: Adega Bortolan, Cantina Della Mamma, Vinhos Dom Roberto
Perbiche, Vinhos Don Gabriel, Vinhos Irmãos Juliatto, Vinhos do Italiano,
Vinhos Laureanti, Vinhos Pissaia, Vinhos Vô Dide, Vinhos Vô Vito. Um pequeno
museu, o Perbiche, tambem recebe turistas – veja abaixo.
Restaurantes:
Bosque Italiano, Casa Laureanti, Don Gabriel, Dulce Restaurante, Frutos da
Terra, Panela de Barro, Sol e Lua, Sitio Rio Pequeno, Vô João. Cafés coloniais:
Casa Bela Café, Casarão Café Colonial, Dulce Café Colonial, Grimpa Verde Café
colonial, Vanille Café Colonial. Nosa
restaurantes , vinícolas e armazéns podem ser encontradas conservas e outros
alimentos produzidos localmente, como as da foto abaixo.
Outras
atrações são o Armazém do Mazza, Casa do Artesanato, Chácara e Pousada Bella
Vite, Encantos do Jardim, Glória Doces e Salgados, Minhocário Martins, Pesk e
Pague Beira Rio, Pesk e Pague do Cachimbo, Velocross, Vinhos Dom Roberto e
Samuleria Mergulhão.”
Pois agora, meu prezado leitor, convido você para experimentar os vinhos do Paraná, sem preconceitos. Um brinde a eles, tim-tim!
Site
do Caminho do Vinho da RMC - http://www.caminhodovinho.tur.br/
(*) Rogerio Ruschel é consultor em sustentabilidade socioambiental e jornalista e adoraria conhecer os vinhos do Paraná - desde que encontrasse para comprar ou recebesse do produtor
Interessante a matéria, parabéns pela descoberta do tema e conteúdo. Eu desconhecia que houvesse vinhos finos produzidos no Paraná.
ResponderExcluirVamos organizar uma degustação às cegas pela revista Eno Estilo? Seria interessante não acha?
Estamos na mesma região e podemos reunir outros colegas.
Abraços e ótimo final de semana,
Camila H. Coletti
www.enoestilo.com.br
www.vinhoedelicias.com.br
Ola Camila, tudo bem? É um prazer e uma honra tê-la como leitora do In Vino Viajas. A vinicultura do Paraná ainda não teve o reconhecimento devido, e creio que isso pode ser acelerado com iniciativas como meu post e uma degustação as cegas da revista Eno Estilo, evento conhecido e respeitado. Vou entrar em contato com você pelo facebook para falarmos sobre isso. Obrigado e abs, Rogerio
ExcluirUm material etnográfico exclusivo, raro e profundo. Parabéns pelo conteúdo é iniciativa... tá muito difícil encontrar história do paraná nas escolas e internet...
ResponderExcluirObrigado, Augusto!
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