Por Rogerio Ruschel (*)
Saint-Émilion
é um pequeno e charmoso vilarejo francês fundado oficialmente no século VIII por Emilio/Émillion, um santo católico que deu seu nome ao povoado - e que está no brazão da cidade, veja abaixo. Fica a uns 35 Km da cidade de Bordeaux e é uma das
principais denominações de vinhos da França; ao lado de Médoc, Graves e
Pomerol, é uma das mais importantes referências quando se fala em vinho
Bordeaux.
Além do terroir adequado (veja http://invinoviajas.blogspot.com.br/2013/07/um-agradavel-passeio-pelo-terroir-de.html) a experiência ajuda: registros indicam que os romanos já plantavam vinhas na
região no século II e que
vinho comercial é produzido aqui desde o século VIII. Sobrevivente da idade
média e declarado Patrimônio Mundial pela Unesco em 1999, o vilarejo tem 2.700
moradores e vive do vinho e do turismo. Abaixo, fotos do prédio mais antigo da cidade que ainda é funcional, uma casa na Porte de La Cadene, de 1291, que exibe seu modo construtivo.
No
vinho a relação habitante por vinícola é provavelmente a mais elevada do mundo:
para cada três moradores existe uma adega, que nesta região se chama château,
mesmo que não seja um castelo de verdade. E no turismo também apresenta números
assombrosos, porque recebe milhões de visitantes por ano para curtir o casario, as vielas
e o ambiente.
Cercando
a cidade estão cerca de 900 produtores de vinhos que plantam 5.400 hectares com
uvas tintas Merlot (60%), Cabernet Franc (30%) e Cabernet Sauvignon (10%) – e
até alguma coisa de uvas brancas, mas não muito expressivo.
Além
do vinho e do enoturismo, a cidade tem como atrações as casinhas amontoadas,
subindo e descendo ladeiras e alguns prédios realmente interessantes, como
catacumbas do século XII e uma Igreja Monolítica (foi construída ou escavada com um único bloco de pedra
– veja abaixo)
Outra
atração é um monastério onde estaria o corpo de Emilio/Émillion, o monge beneditino que fundou a cidade (veja abaixo). Segundo a lenda, o monge seria um caminhante que teria vindo para a
região para morrer, mas acabou atraindo muitos visitantes e fiéis depois de
construir um monastério. Todas
estas atrações subterrâneas estão interligadas ou são muito próximas, de
maneira que é muito prático e fácil passear pela cidade.
Passear pelas ruelas, subir e
descer ladeiras gastas pelo tempo, tirar dezenas de fotos de paredes seculares,
prédios, torres de igrejas, campanários, monastérios, muros romanos, entrar nas
muitas lojinhas, livrarias e lojas de vinhos faz parte obrigatória do roteiro.
No
Centro de Informações bem localizado (ao lado do monastério, no centro da cidade)
você consegue mapas, posteres, folhetos e outros materiais e fica sabendo de
roteiros e cursos que vão enriquecer o passeio. Cursos de degustação de vinhos
de 1 a 3 horas ajudam a aprender
como degustar uma taça de vinho e identificar seus aromas. Informe-se
também sobre um roteiro bastante popular que é um passeio de trenzinho pela
região vinícola (veja abaixo), em torno da cidade, podendo parar em alguma cave
para visita, degustação e compra de produtos – veja um post sobre isso em http://invinoviajas.blogspot.com.br/2013/05/saint-emilion-visita-aos-subterraneos.html
Não se esqueça também de degustar
alguns prazeres gastonômicos, além dos vinhos. Muitos deles estão em bons restaurantes
com culinária francesa, que podem ser pequenos bistrôs em vielas e ladeiras,
bares ligados a caves de vinhos ou restantrantes maiores, como o principal
restaurante da cidade que fica em cima da igreja subterranea (veja foto
abaixo).
Outro dos prazeres que você
não deve perder é desfrutar de um dos doces mais típicos da França: os
macarrons. Produzidos pelas freiras, que acabaram expulsas durante a Revolução
Francesa, os macarrons da cidade tem o formato de um biscoito, com creme no
meio, e macios por dentro, como um tipo de bolo - veja na foto abaixo.
Vou encerrar com uma dica: vale a pena ir de carro alugado a
Saint-Émillion. Eu estava em Bordeaux e como fica a apenas 35 Km, decidi testar meios de transporte para meus leitores: fui de ônibus e voltei de trem. Tudo muito bom
e pontual como sempre, mas tem um pequeno detalhe: a estação de Saint-Émillion
(veja abaixo) fica a pelo menos um km do vilarejo, não tem nada para fazer lá a não ser esperar o trem (que vai passar no horário anunciado, é claro), e é preciso encarar uma leve mas cansativa subida até o vilarejo (veja
abaixo também). Além disso, de carro você pode curtir melhor a paisagem e parar onde
quiser.
(*) Rogerio Ruschel é jornalista e aprendeu a gostar de vinhos Bordeaux
em Saint-Émillion.
Olá Rogério.
ResponderExcluirComo sou apaixonada pela França, é marailhoso saber um pouco sobre estes vilarejos. Um dia vou realizar meu sonho e vou perguntar sobre tudo p/ vc. Parabéns por mostrar estas vinículas e sobre os costumes deste belo lugarejo.
Um abrazo e obrigada.
Carmem, obrigado pela leitura. A França, como outros paises europeus, deve ser descoberta aos pouquinhos, revelando cada segredo para o viagante. Se precisar de dicas, me procure. Abs, Rogerio
ResponderExcluirFantástica matéria!! Quero ir correndo para Bordeaux!
ResponderExcluirSueli, dito por você, que já deve conhecer grande parte das mais importantes regiões vinícolas do mundo, fiquei com mais vontade de voltar a Bordeaux e Saint-Emillion.
ResponderExcluirObrigado pelo elogio e muito grato pelo prestigio da leitura.
Abs
Rogerio