Depois de Genebra,
Chamonix, Portobelo, Lucca e de rodar cinco dias pelas colinas da Toscana
bebendo chiantis e brunellos em piqueniques gloriosos (veja outros posts) minha
mulher Marisa, eu e mais um casal abrimos o mapa e orientamos o valoroso
Mitsubishi para o lago Garda (ou di Garda, como os italianos preferem).
O Lago Garda fica no
nordeste da Itália, no Vêneto e Friuli, divisa com a Lombardia, uma região onde
os romanos construíram muitas cidadelas e postos de guarda que hoje são cidades
medievais como Vicenza, Treviso, Pádua e Verona. Como fica a meio caminho entre
Veneza e Milão, e no caminho de quem vinha do norte da Europa pelos Alpes, a
região de Garda sempre teve importância estratégica (para os romanos) e
turística (para todo mundo).
Em Garda, além da evidente
beleza da região, tínhamos pré-agendado assistir a uma ópera em Verona e visitar
amigos em Peschiera del Garda. Além disso, ficaríamos a cerca de 1h30min de
Veneza de trem, de onde deveríamos retornar para Milão, ponto final de nossos
15 dias de piqueniques italianos.
O Lago Garda é o maior da
Itália e o quinto maior da Europa. Na parte sul forma planícies repletas de
vilarejos tipicamente de férias; na parte norte começa a subir as fraldas dos
Alpes, oferecendo florestas de pinheiros em penhascos e neve eterna: um show! É
possível atravessá-lo na vertical e na horizontal com barcos a vapor,
catamarãs, lanchas ou barcos menores – o que permite ver gloriosas mansões com
jardins monumentais de frente para o lago. Ou rodeá-lo de carro, um roteiro que
leva pelo menos dois dias para melhor aproveitamento.
Passamos três dias
circulando entre Sirmione (com direito a um piquenique regado a brunellos e
chiantis no parque defronte ao Rocca Caligera, um castelo medieval), Bardolino
(sim, o do vinho), Gardone Riviera (onde não deu para visitar a casa art déco
do poeta Gabriele d’Annunzio) e Peschiera, que foi nossa base.
Meia ópera em Verona
Passamos um dia em Verona –
bem pertinho de Garda – e foi inevitável: visitamos a Casa de Julieta na Via
Capello (com centenas de bilhetes de amor enfiados por entre as pedras, por
visitantes contemporâneos) e a Casa de Romeu, onde teoricamente teriam morado
os personagens da trágica história escrita em 1520 por Luigi da Porto de
Vicenza e imortalizada por William Sheakespeare. Dizem que tem até uma Tumba de
Julieta, mas deixamos esta visita para outra oportunidade.
Comemos sanduíches de
pernil com azeites MUITO especiais e temperos de ervas na Piazza Erbe (que há mais de
dois mil anos serve como Mercado de frutas e ervas) acompanhado, naturalmente
de um Colli Bericci, um vinho local (servido em taças, mas muito bom) e
perambulamos pela região visitando as lojinhas, o Palazzo Maffei e o Leão de Veneza
no alto de uma coluna.
Mas a razão principal de
nossa passagem por Verona era assistir a ópera “O Barbeiro de Sevilha” na Arena
di Verona, onde pagamos 24,50 Euros (por cabeça) para sentar numa pedra úmida e
fria da “gradinata Settore D”, com uma velinha acesa na mão – e não me pergunte
por quê, todo mundo tinha uma... Tão fria e tão úmida estava a noite que antes
do fim do primeiro ato caiu uma forte chuva, torrencial mesmo, o evento foi
cancelado e nós voltamos para o hotel molhados e frustrados!
Depois do frustrante
“spettacolo”, levantamos âncora de Garda e fomos para Milão, onde o casal
anfitrião nos deixou na estação de trem Centrale e voltou de carro para
Genebra, encerrando suas férias. Estávamos agora por nossa própria conta, para
a tal lua-de-mel “para semi-idosos” em Veneza. Deixamos duas malas enormes no
“locker” e pegamos um trem Eurostar (54 Euros o casal, bilhete tarifa standard)
para Veneza com quatro bolsas teoricamente “de mão”. A idéia era evitar chegar
em Veneza com muitas malas porque o transporte por barcos na cidade, com muitos
embarques e desembarques, exige um certo planejamento logístico.
Mas isto você vai ler em
outro blog, a ser postado em breve, com o simpático nome de “Cotoveladas em
Veneza”. Por enquanto, um brinde, caro leitor.
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