Continuando nosso roteiro
de pique-niques pela Europa, (ver o blog Lago di
Garda, meia ópera em Verona – e vinhos locais) em Milão pegamos um trem e fomos para Veneza, que
ainda não conhecíamos.
Veneza – ah! Veneza, você
diria – estava lotada de turistas! Coisa de se acotovelar nos deques de
embarque, fazer fila para comer um sanduíchezinho, fila para entrar em museus,
fila para tirar fotos em qualquer lugar. Fizemos amizade com um casal de russos
hospedados em nosso hotel – com quem dividimos um Bardolino Soperiore, um dos
três DOCGs do Veneto no jantar - mas a dificuldade de comunicação não ajudou
muito (eles não falavam inglês e meu russo estava desatualizado...) e por isto
tivemos que nos virar lendo um guia comprado no Brasil e “seguindo o fluxo” dos
turistas.
Ficamos num hotelzinho
simpático – o San Moisé – em um quarto no segundo andar com uma janelinha
charmosa que dava de frente para um canal gracioso. Por simpático quero dizer
simples, bonito e econômico (375 Euros o casal, duas diárias – meu prezado,
isto é econômico no verão veneziano!) a duas quadras de uma rua repleta de
lojas de grife e a cinco quadras da gloriosa Piazza San Marco.
O único problema
com o hotelzinho simpático é que durante o dia na frente do hotel se reuniam
dezenas de camelôs africanos com enormes sacolas, provavelmente se escondendo
da polícia da tal rua das lojas de grife, onde montavam suas barracas. E de
manhã cedinho os românticos gondoleiros de Veneza se reuniam no tal canal de
frente para a nossa janela – para fazer ruidosas faxinas nas gôndolas! Um
charme!
Mas a janelinha realmente
vai ficar na nossa memória – na verdade, na memória de centenas de turistas,
especialmente asiáticos, que passavam nas gôndolas e ao nos verem na charmosa
janelinha, nos retratavam. Como eu posava para as fotos com um cálice de Bianco
de Custoza na mão, acho que estou perpetuado em centenas de fotos de coreanos,
japoneses e assemelhados!
Veneza é uma cidade
realmente charmosa. Não vou enganar meu prezado leitor dizendo que visitamos
dezenas de igrejas, palácios e museus, mas fizemos o obrigatório básico: a
Praça de São Marcos, a Basílica, o Panteão de Veneza (aquela coluna com um
leão), o Palácio dos Doges (Ducale), a Igreja de São Giovani. Tiramos fotos na
Ponte dos Suspiros – suspirando para conseguir um pequeno espaço entre
cotoveladas – e caminhamos ao longo do Grande Canal com suas lojinhas e pontes
– especialmente a ponte Rialto.
Não vimos os grandes
mestres Tintoretto e Veronese, mas fizemos o glorioso passeio de barco no
Grande Canal e fomos à tal da ilha Murano. Murano é interessante, sim, mas o
turismo é baseado em 1) levar o turista para passar um dia inteiro; 2) levá-lo
para visitar uma das inúmeras oficinas de fabricação de cristais (showzinho
rápido, com um pouco de sorte você não paga para ver um cidadão assoprando um
vidrinho derretido); e 3) fazer o turista gastar seu rico dinheirinho em lojas,
dezenas, centenas de lojinhas de cristais de Murano e assemelhados. Minha
mulher gostou muito, mas eu, sinceramente, teria ficado este dia em Veneza
mesmo, talvez em uma fila para entrar no Museu dos Doges.
E não, não andamos de
gôndola, porque 100 Euros para andar 15 minutos em canais com tráfego pesado com
japoneses aboletados em barcos compridos, pilotados por displicentes ragazzi de
camisas listradas, não estava em nossos planos (e orçamento) de turistas “em
desenvolvimento”. Com este valor comprei 3 garrafas de Recioto de Siova, um
DOCG muito agradável) que bebemos com prazer.
Mas foi uma visita
maravilhosa, apesar de tudo isto. E continuaria em Milão, que você pode ver no
blog “Fugindo do calor nas ruas de Milão“,
em breve aqui mesmo. No próximo blog a gente continua. Por enquanto, um brinde,
caro leitor. E antes que me esqueça: algumas das fotos desta série são de Marisa Boni Ruschel.
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