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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Catania: arquitetura, arte, erupções e terremotos


Por Rogerio Ruschel (*)

Segunda maior cidade da Sicília (320.000 habitantes) depois da capital Palermo, Catania nasceu como um porto e colônia grega no século VIII a.C. pelos calcideses. Por sua localização privilegiada (fica debruçada sobre o Mar Jônico em uma baía que permite abrigar barcos), ao longo do séculos foi ocupada por romanos, ostrogodos, bizantinos, árabes, normandos e outros povos. E cada um destes grupos deixou suas marcas e costumes na cidade e região.
 
Objeto do desejo de muitos invasores, Catania também sofreu com erupções do Etna tres vezes e foi parcialmente destruída por terremotos em 1169 e 1693. Desta história restaram importantes registros romanos como o teatro, reconstruído sobre outro grego que tem como data aproximadamente o V século a.C.. Também merece uma visita os restos do anfiteatro que data do IIo. século d. C., as termas do Indirizzo e a Rotonda (que atualmente é igreja de Santa Maria) e a necrópole romana e bizantina nos redores da praça Stesicoro.

Chamada de “cidade das artes”, Catania tem muitos palácios e igrejas barrocas escurecidas pela fuligem do Etna. Entre a arquitetura de interesse estão a Basilichetta (Século V–VI); de San Salvatore (Século VIII–IX; a Badìa di Sant'Agata e a igreja de Sant'Agata alla Fornace - San Biagio (Santa Ágata é padroeira da cidade); a igreja de  Santa Maria dell'Aiuto e dois prédios que visitei: o Duomo (do século XI, reconstruído no século XVIII - veja acima) e o Palazzo Ursino (hoje sede do Museu Comunale), construído por Federico II (1239-1250) mas logo depois modificado no século XVI (veja abaixo).
 
O simbolo da cidade é o elefante porque segundo uma lenda, elefantes de pedra eram colocados nas portas da cidade para assustar os invasores e o único que teria restado seria aquele colocado na "Fontana del Elefante" defronte ao "Palazzo dei Chiericci" (veja abaixo). 

Come-se bem em Catania, evidentemente, a começar pelas frutas, verduras e legumes produzidos no solo enriquecido por lavas ancestrais do Etna - fui conferir em uma feira livre, veja abaixo. Como cidade turística, Catania tem muitos hotéis e restaurantes de qualidade, nos quais pode-se comer frutos do mar, massas ou carnes com temperos especiais regados a um bom vinho Marsala ou um Etna, produzido na região.

Catania se situa aos pés do vulcão Etna e esta influência é visível na cidade. Foi destruída tres vezes pelo vulcão - nos anos 254, 1669, 1819 - e suas fachadas são escurecidas pela fuligem do vulcão. Além disso, depois do último terremoto (1689) foi reconstruída com as pedras negras da região do vizinho vulcão.
Da cidade se pode visitar o Parque do Etna, o maior vulcão ativo da Europa, que, com seus 3.329 metros de altura pode ser visto de longe. Graças à lava o solo da região é muito fértil e rico em minerais que valorizam plantações de pistaches, frutas e vinhedos que geram os vinhos tintos e rosés da denominação DOC Etna, produzidos a partir da uva Nerello, com um sabor bem diferenciado.
Pode-se chegar de carro a uma das muitas trilhas do Parque, mas a partir de certo ponto as visitas só podem ser feitas por guias e muitas vezes é proibido, como quando o vulcão “está em crise” ou no inverno. No parque está a Castanheira dos 100 Cavalos, da qual dizem que é a maior e mais antiga do mundo (com idade de 2000 anos) e que teria oferecido abrigo à rainha de Aragon (que reinou em Aragão, Espanha, entre 1137 e 1164) e sua cavalaria com 100 soldados durante uma tempestade.
De Catania peguei a bela auto-estrada A15 que atravessa a Sicília no sentido leste-oeste, passa por Enna e vai a Palermo e Monreale – cidades que você vai conhecer em outros posts, caro leitor. Por enquanto um brinde ao bom humor do vulcão Etna que ainda não conseguiu destruir Catania!

Este post é uma homenagem a Carlos Fioravanti, um dos mais premiados e globalizados jornalistas de ciência e tecnologia do Brasil, que prestigia In Vino Viajas como leitor assíduo.

(*) Rogério Ruschel - rogerio@ruscheleassociados.com.br  - é turista inveterado, jornalista e consultor especializado em sustentabilidade - http://www.ruscheleassociados.com.br/. Ruschel esteve na Sicília durante 30 dias, em 2005, pesquisando roteiros turísticos turísticos.




segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Produtos da terra: as delícias sicilianas


Por Rogério Ruschel (*)
Além dos risotos, frutos do mar, carnes variadas e pastas inesquecíveis com molhos e temperos criativos, a gastronomia da Sicília é enriquecida por frutas deliciosas como poucas regiões do mundo. 
Entre os deliciosos frutos da terra sicilianos conhecidos na Europa inteira como de alta qualidade, estão morangos, laranjas, amoras, figos, nêsporas, cerejas, amêndoas, peras, pêssegos, ameixas e outras, que crescem com vitalidade especialmente na região onde o solo foi enriquecido por erupções milenares do Etna. Conheça a seguir alguns frutos da terra mais típicos e de grande importância para os sicilianos.
 
Azeite de oliva - azeitonas
Ao longo dos séculos a azeitona tem sido utilizada como alimento (de longa duração), remédio, fonte de energia e protetor contra o frio. Na Mesopotâmia era usado como ferramenta de guerra: nas batalhas os soldados se besuntavam com azeite para ser mais difícil serem agarrados!
 
A Itália é o maior produtor mundial de azeite de oliva, e a Sicília, um grande produtor. Na ilha existe até um grande evento anual (em novembro), para degustação, visitação, venda e compartilhamento da cultura da oliveira, a festa “Frantoi in festa” (veja mapa abaixo).
 
A oliveira é a árvore mais plantada na ilha, e são produzidas diversos tipos de azeitonas como a Verdello, a mais comum; a Biancolilla; a Nocellara (com as variedades Messinese e Etnea - na região do vulcão Etna, onde também se produz a Catiglione); a del Belice, na região vinícola de Marsala; a Ogliarola Messinese; a Crasto, a Cerasuola e outras. Os tipos de azeitonas geram as nove apelações controladas de azeites da Sicília classificados do mais puro (Extra Virgem) ao mais comum (Puro). 
  Os sicilianos são muito cuidadosos com as oliveiras e o azeite de oliva. Geralmente as oliveiras são cultivadas por famílias e as frutas moídas por eles em “frantois” (moinhos) antigos e familiares, em processos rudimentares (veja a foto acima). As oliveiras são árvores que podem ter longa vida e respeitadas: em Agrigento fotografei uma árvore que diziam ter mais de 8 séculos de idade, quase contemporânea dos templos em ruinas ao seu lado… (veja a foto abaixo).

Limão siciliano
A cidra – uma fruta cítrica, um tipo de limão – tem origem no sudeste asiático e supõe-se ter sido introduzida na Sicília pelos persas, em torno do ano 1.000 AC, embora registros apontem Alexandre, o Grande, como o introdutor da espécie na ilha. A cidra é provavelmente uma das mais antigas frutas ainda “puras” do mundo, isto é, não hibridizadas, talvez porque seja uma espécie que se poliniza sozinha.
  O chamado “limão siciliano” (Citrus x Limon) no Brasil é uma das cidras mais comuns na Sicília, e seu aroma e sabor dão origem a receitas salgadas sofisticadas, doces, compotas, sucos e bebidas como o lemoncello. Por causa da potência de seu suco (que é rico em ácido ascórbico, a Vitamina C) foi utilizado pelos romanos para combater as traças das roupas, pelos ingleses para combater o escorbuto e no Brasil, durante a Gripe Espanhola (1918), para reforçar as defesas do corpo. Na Sicília existe até um roteiro de turismo tematizado, a Riviera dei Limoni, na Província de Messina, região do vulcão Etna, que vai de Capo Mulini até os vilarejos de Santa Tecla e Stazzo na costa. 
Pistacchio
O pistacchio siciliano (Pistacea Vera) é uma amêndoa com grande utilização na gastronomia regional – além de um conhecido “snack” - rico em proteínas, gordura, fibras e vitamina B6. Provei em um restaurante de Palermo um nhoque com molho de gorgonzola (blue cheese) complementado por pistacchios – simplesmente uma delícia, caro leitor.
 
Também originária da Ásia, seu nome vem do grego pistakion, que por sua vez é uma adaptação de uma palavra da Pérsia antiga. Ao contrário dos olivicultores, os agricultores de pistacchio recebem uma subvenção do governo italiano para poder competir com os pistacchios importados.
 
Evidentemente queijos, uvas & vinhos, sorvetes e doces, muitos doces, também fazem a alegria dos visitantes da Sicília. Mas isto é outra história, que contaremos em outro post. Enquanto isso, um brinde, caro leitor – com pistacchios sicilianos.


Veja mais sobre a Sicilia:


Lenguaglossa, Moio Alcântara, Castiglione e Malvagnia:



Tindari e as montanhas Peloritani:




Pesquisa da Universidade de Catania:



 
(*) Rogério Ruschel - rogerio@ruscheleassociados.com.br  - editor deste blog é turista inveterado, jornalista e consultor especializado em sustentabilidade - http://www.ruscheleassociados.com.br/. Ruschel esteve na Sicília durante 30 dias, em 2005, pesquisando roteiros turísticos turísticos.
 

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Vale do Alcântara: vilarejos mágicos, maccaruni di casa e lemoncellos inigualáveis


Por Rogério Ruschel (*)

Vale do Alcântara, Sicília: onde você é dono do seu destino

Na Província de Messina, entre os montes Peloritanos e o vulcão Etna, na Sicília, fica um vale muito fértil cortado geológicamente pelo rio Alcântara - um dos poucos cursos d’água da Sicilia que tem água o ano inteiro: o Vale do Alcântara
 Em casas como essas, de Malvagna, famílias literalmente moram há séculos!
O rio nasce no Parque Nebrodi, perto do vilarejo de Floresta (considerado o povoado mais alto da Sicilia, com 1.300 metros) e tem sua foz no mar Jônico, perto de Giardini e Taormina. No caminho fertiliza o solo já enriquecido pelos depósitos do Etna onde crescem algumas das mais atraentes frutas da Itália.
 Feiras livres: o produto da fertilidade do vulcão Etna e do rio Alcântara
Um passeio pelo Vale do Alcântara pode ser feito a pé, por trilhas que mergulham em propriedades rurais, de bicicleta ou de carro (por rodovias boas e simpáticas como a 120 ou 185) parando em vilarejos atraentes para fotografar, conversar, comer e beber. 
 Estrada Mojo Alcântara-Malvagna
O roteiro que recomendo é sair de Taormina em direção oeste até Randazzo e voltar no dia seguinte degustando vários vilarejos como Motta Canastra, Linguaglossa, Francavilla di Sicilia, Malvagna, Castiglione di Sicilia, Passo Pisciaro, Mojo Alcântara e Rocella Valdemola. Uma viagem de menos de 120 Km ao todo, repleta de oportunidades de bem viver e bem comer – e sem ter que trocar cotoveladas com outros turistas.
Castiglione di Sicilia
Com histórias de mais de 1.000 anos os vilarejos têm atrações arquitetônicas interessantes de origem fenícia, grega, romana, normanda ou árabe – como abadias, ruínas de castelos, monumentos, igrejas, palácios e outros. E vielas surpreendentes, é claro.
Surpresas em vielas como esta em Linguaglossa
Mas como em boa parte da Toscana, aqui também a principal motivação turística está na simplicidade dos vilarejos e moradores, nas belezas cênicas e na comida e bebida.
 Você pode enfrentar problemas de trânsito como esse em Linguaglossa
 
A economia da região está baseada na agricultura e as pessoas têm forte ligação com a terra. No vale são produzidas hortaliças, frutas e temperos como nozes, azeite de oliva, orégano, figos, cerejas, pêssegos, morangos, cítricos – e o maravilhoso lemoncello, um licor de limão siciliano, uma das mais interessantes contribuições da ilha ao bom gosto.
Plantio de nozes disputa espaço com olivais e vinhedos
E também licores de frutas, “prodotti sott’olio”, cerâmicas, mel, chocolate, bois, ovelhas, porcos, massas típicas e uvas que enchem os cinco sentidos, meu caro leitor.
Temperos, azeites, licores, doces e outros quitutes satisfazem os cinco sentidos

A região também oferece fazendas agrituristicas, nas quais você pode se hospedar e conviver com atividades rurais – além de comer de maneira maravilhosamente simples, fazendo parte da família dos proprietários. 
Agriturismo: hospedagem com vista para o vulcão Etna, ao fundo
A gastronomia regional inclui “maccaruni di casa”, massa com molho de ovelha; “sfinci”, um doce à base de ovos e farinha com limão e açúcar; “i frittui”, carnes de todos os tipos com especiarias; saladas com carnes e repolho roxo; “agnelo al forno ripieto di pasta mastrazzoli, ovelha assada com uma massa que contém mel e “cassatelle”, uma massa cozida com requeijão. (Também fiquei com água na boca, caro leitor!)

 Produtos típicos em locais típicos: um brinde ao sabor

Cada pequeno restaurante tem sua própria receita – e todas combinam com sucos de frutas, lemoncello ou um vinho siciliano como Alcano, Faro, Marsala, Moscato di Noto, Sambuca di Sicilia ou um Nero D’Ávila, conhecido dos brasileiros, que embora ainda não seja um DOC siciliano, é muito popular e tem sido comparado aos melhores syrahs do mundo.
  Frantoio: fábrica familiar de azeite de oliva


Em toda a região (como de maneira geral em toda a Itália), no Vale do Alcântara são preservadas muitas festas e tradições baseadas no calendário agrícola, na memória histórica milenar e na religião, eminentemente católica cristã. Durante todo o ano pipocam festas de santos – Biaggio, Giuseppe, della Madonna, Michele Archangelo, Santa Narbara, Adollorata, festa das frutas, Sant’Anna e assim por diante.
 Você vira uma esquina e dá de cara com uma procissão e e pode comemorar com fé, comida e bebida!
Enfim, reserve pelo menos dois dias para um passeio pelo Vale do Alcântara e faça um brinde a isso, caro leitor.



Um joguinho de truco no fim da tarde: a "balada" dos sicilianos aposentados 


Veja mais sobre a Sicilia:


Lenguaglossa, Moio Alcântara, Castiglione e Malvagnia:



Tindari e as montanhas Peloritani:




Pesquisa da Universidade de Catania:




(*) Rogério Ruschel - rogerio@ruscheleassociados.com.br  - editor deste blog é turista inveterado, jornalista e consultor especializado em sustentabilidade - http://www.ruscheleassociados.com.br/. Ruschel esteve na Sicília durante 30 dias, em 2005, pesquisando roteiros turísticos turísticos.




segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Taormina, Don Corleone e o vinho de Plínio, o Velho


Por Rogério Ruschel (*)
Construída pelo menos 400 anos antes de Cristo sobre o monte Tauro, na beira do mar Jônico, Taormina é uma das cidades mais encantadoras da Sicília – e olha que esta frase é difícil de dizer, caro leitor! Fundada por antigos siculianos, refundada pelos gregos e adotada por romanos poderosos e ricos, a cidade fica entre Messina (52 Km) e Catania (85 km), um dos roteiros mais freqüentados por turistas. 

Na verdade Taormina tem sido um dos mais badalados destinos “resort” desde tempos imemoriais, atraindo artistas e intelectuais bon-vivants como o escritor inglês D.H. Lawrence, que escreveu aqui o romance "O Amante de Lady Chatterley" em 1928, que sacudiu as estruturas do socialmente correto na época. Também fizeram de Taormina sua "casa" escritores como Goethe, Nietzsche e Oscar Wilde e o compositor Wagner.
  
As razões são óbvias, basta caminhar pela cidade. Com menos de 10.000 habitantes, Taormina está quase sempre lotada de turistas encantados com suas ruas medievais, vielas estreitas e charmosas, cafés, hotéis e restaurantes de alto padrão, cerâmicas e seu riquíssimo acervo arquitetônico e artístico. 
Lá estão residências romanas como o Palazzo Santo Stefano e o Pallazo Corvaia; o pequeno teatro romano Odeon (um pouco obscurecido pela Igreja de Santa Caterina, sua vizinha); a Igreja de Santo Pancras (líder católico dos sicilianos no século II); a Badia Vecchia e a Porta Messina. E fora dos muros medievais da cidade estão ruínas de um templo dedicado a Zeus. Tudo pertinho, tudo bem cuidado, tudo sensacional!
 
Mas talvez a principal atração de Taormina seja um anfi-teatro construído pelos gregos e ampliado pelos romanos, com cerca de 2.300 anos, no qual ainda se pode ver um assento reservado para a madame Philistide, esposa do rei Hieron II de Siracusa – um sinal do discreto charme da bruguesia da época... A moça era filha de Leptines, o cidadão mais rico de Siracusa na época. Aliás, foi no tempo de Hieron II que viveu em Siracusa o sábio grego Arquimedes, e segundo informam pesquisadores, foi nestas ruas que Arquimedes descobriu a força do impulso da água e saiu gritando pelado  "Eureka" (descobri)! Talvez tenha ido pelado até o anfi-teatro (veja abaixo) que está muito bem preservado e é utilizado para espetáculos durante o verão, alternando-se com o anfi-teatro de Segesta que você vai ver em outro post, em breve.
 
Se durante o dia é agradabilíssimo caminhar pelas ruas encantadoras e charmosas, conhecendo maravilhas da história e arquitetura, quando cai a noite Taromina se transforma em espetacular. A cidade oferece hotéis, cafés e restaurantes debruçados sobre o mar, nos quais, enquanto você saboreia frutos do mar com vinhos DOCs italianos ou os melhores dos franceses, se dá conta de que viver é uma coisa maravilhosa.
 
Assim já pensava o poeta romano Ovídio, contemporâneo de Jesus Cristo, quando escreveu que adorava as “doces sardinhas e ternas enguias” que se podia comer em Taormina. Infelizmente comi apenas lagostas e peixes comuns...
Outra coisa que não tive chance de ver: dizem que o cenário é simplesmente espetacular quando da janela do restaurante você tem a sorte de ver o vulcão Etna, a uns 40 quilômetros de distancia, despejar lavas vermelhas na noite estrelada – o que é frequente. Dizem que é realmente uma das maravilhas da Europa. E esta sensação é antiga: no primeiro século depois de Cristo, Plínio, o Velho – talvez o maior erudito da história imperial romana - descreveu esta cena acima e elogiou o vinho “local”. 
 
  Taormina fica bem pertinho de Naxos ou Giardini-Naxos, vilarejo grego na beira da praia, fundada por povos Chalcidensios em 735 Antes de Cristo e considerada a mais antiga cidade grega da Sicília.

Pertinho também está Castelmola, outro vilarejo charmoso, cuja população de cerca de 1.100 habitantes protege um castelo normando do século XIII, que por usa vez protege (ou protegia) o litoral de Taormina. 

 
Poucos turistas vão até lá, porque ficam encantados com Taormina, mas vale a visita se você tiver tempo: os restaurantes são simples, mas ótimos. E se tiver força poderá encarar uma grande escadaria para chegar na igreja Madonna della Rocca, que fica no alto da montanha, de onde a vista é simplesmente espetacular – veja na foto abaixo.
 
Também bem pertinho de Taormina (uns 20 Km), fica Forza D’Agró, outro local da minha “coleção” de vilarejos mais simpáticos do mundo, com suas ruas, praças e prédios antigos.
 
Optei por passar o dia em Forza D’Agró, que tem uma atração - digamos assim - um pouco mais moderna no meio de tantas artes e história esculpidas em pedras, e que me ajudaria na formatação do roteiro turístico: a sétima arte.
 
É que em Forza D’Agró fica a Chiesa della Trinitá (veja abaixo), a igreja onde em 1972 Francis Ford Coppola filmou a cena de casamento da filha do “Poderoso Chefão”, com a presença de Marlon Brando, Al Pacino, James Caan e a noiva, Tália “Connie Corleone” Shira. O livro do italiano Mario Puzo registrou também a saga de outra instituição tipicamente Sicíliana – a Máfia – e a música foi composta e arranjada pelo também italiano Nino Rota. A música, aliás, recebeu uma das 11 indicações ao Oscar, mas o filme ganhou “apenas” três Oscars (e 5 Globos de Ouro)...
 
No dia seguinte, saindo de Taormina com meu Fiat Panda em direção ao Vale do Alcântara, ainda na Província de Messina, achei que já tinha visto o melhor da Sicília, mas estava redondamente enganado. E você vai saber porque nos próximos posts. Um brinde a isso, à ilimitada capacidade da Sicília de surpreender os visitantes, meu caro leitor!


Veja mais sobre a Sicilia:


Lenguaglossa, Moio Alcântara, Castiglione e Malvagnia:



Tindari e as montanhas Peloritani:




Pesquisa da Universidade de Catania:



(*) Rogério Ruschel - rogerio@ruscheleassociados.com.br  - editor deste blog é turista inveterado, jornalista e consultor especializado em sustentabilidade - http://www.ruscheleassociados.com.br/. Ruschel esteve na Sicília durante 30 dias, em 2005, pesquisando roteiros turísticos turísticos.