Por Rogerio Ruschel
Meu prezado leitor ou leitora, que tal provar um vinho
feito por Leonardo da Vinci? Depois de 11 anos de pesquisa uma vinícola da
Lombardia produziu a primeira safra com 338 garrafas safradas de 2018 do “vinho
de Leonardo” com as mesmas uvas e no mesmo local em que se acredita que
Leonardo da Vinci tenha tido videiras. E
algumas destas garrafas vão ser leioloadas.
Vou contar esta história. Mais famoso por pintar a Mona
Lisa, da Vinci também foi escultor, cientista, matemático, astrônomo, mestre
desenhista, cartógrafo e engenheiro. Uma mostra interativa em cartaz até o fim
de dezembro de 2019 em São Paulo mostra um pouco destes múltiplos talentos. Pois
agora já dá para dizer que Leonardo da Vinci também curtia uma de enólogo.
Pesquisadores já haviam identificado que no pouco tempo
livre que ele tinha, o mestre também gostava de mexer no cultivo de uvas Malvasia
de Candia – uva branca, adocicada, deliciosa - de um vinhedo com 16 fileirias
de vinhas em Milão que havia recebido de presente, em 1498, de Lodovico Sforza,
em troca ou como parte do pagamento de uma de suas obras-primas, “A Última
Ceia”. Sabia-se também que o local das vinhas, atualmente no centro de Milão
(foto abaixo), sobreviveu com as videiras por 444 anos até ser bombardeado
pelos aliados em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial.
O Vinhedo de Leonardo começou a renascer em 2015, por
ocasião da Expo 2015. A abertura ao público do Vinhedo foi possível graças à
boa vontade da Fundação Portaluppi e dos atuais proprietários da Casa Atellani,
em colaboração com o enólogo Luca Maroni e com a Universidade de Artes
Agrícolas, representada pela geneticista Serena Imazio e especialista em DNA de
videira, o Professor Attilio Scienza.
Esta equipe de pesquisadores levou 11 anos para localizar
o vinhedo de da Vinci, identificar os restos de videira descobertos durante a
escavação e, em seguida, encontrar um clone da uva Malvasia de Candia Aromatica
semelhante à sobrevivente, que foi localizado em Piacenza, a sudeste de Milão.
A partir daí o Castello di Luzzano, de Rovescala, província de Pavia, foi
escolhido para liderar o projeto porque trabalha há séculos com a casta
Malvasia di Candia.
Pois é: um vinho feito a partir da uva Malvasia di Candia
Aromatica, no mesmo terreno em Milão, onde da Vinci mantinha seu vinhedo, foi
recriada. E agora? Agora é esperar que um dia esta produção seja ampliada. Os
produtores envelheceram as 330 garrafas de vinho em ânforas de barro, antes de
engarrafar. Terão que pesquisar métodos e ampliar a produção. O vinho foi
lançado agora porque em 2019 é
o ano que se relembra os 500 anos da morte de Leonardo Da Vinci em Milão, dia
2 de maio de 1519.
De
qualquer maneira é possível visitar o vinhedo de da Vinci em
Milão que é aberto ao público e tem bistrô, museu, venda de produtos
relacionados e é muito bonito. Fica na
Vigna de Leonardo, uma entidade que cuida desta parte da herança de Leonardo da
Vinci em Milão. Anote aí: Corso
Magenta, 65,Milão. Você não vai encontrar o vinho do Mestre, mas qualquer vinho
que provar por lá vai ser bom. Saiba mais aqui: https://www.vignadileonardo.com/en
Mas como “In VIno Viajas” é cultura, anote aí dois
mestres da literatura que também gostavam muito do vinho da mesma uva Malvasia
de Candia: William Sheakespeare e José Saramago. Os dois curtiam muito o Malvasia
Vulcânico DO
Lanzarote, produzido há centenas de anos nas Ilhas Canárias por um processo
complicadíssimo. Veja aqui: http://www.invinoviajas.com/2014/01/conheca-o-vinho-malvasia-que-nasce-na/
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