Por Karina de O. Noçais, texto (*)
Exclusivo para In Vino Viajas - Uma das vantagens
de se visitar um pais estrangeiro dominando o idioma nativo é que as janelas se
abrem de maneira mais fácil e rápida. Quando fiz Letras em São Paulo e optei pela língua francesa, não tinha idéia de que ganharia junto com uma
profissão, um hobby que me traria, além de uma nova cultura, uma série de
oportunidades de crescimento. (Estou falando de crescimento cultural, mas tenho
que ficar atenta para não ter crescimento físico comendo as delicias dos doces
franceses, como os da foto abaixo...)
E para me aperfeiçoar, em 2013 tive a oportunidade de estudar em uma das
melhores universidades do mundo, a Sorbonne, um lugar onde estudaram pessoas
ilustres como o Cardeal Richelieu, São Tomas de Aquino, Simone de Beauvoir,
Claude Levi-Strauss e brasileiros como Fernando Henrique Cardoso e Celso Furtado
- e onde Dante Alighieri foi professor (a foto abaixo do brazão resume a
história de Alighieri na Sorbonne). Fundada em 1257 por um padre na época confessor
de Louis IX, um dos reis mais importantes da França e que foi canonizado como
São Louis, a Sorbonne tem uma história belissima, e fica em uma ilha que leva
seu nome e que tem um dos melhores sorvetes de Paris.
Em julho a Sorbonne tem os cursos de Língua e Civilização Francesa que
tem a duração de 30 a 60 dias para todos os níveis, e assim tive a oportunidade
de estudar em frente ao Jardim de Luxemburgo, no coração de Paris e no primeiro
albergue para meninas da Universidade (veja foto abaixo), onde tudo parece ter
uma história.
Conhecendo o idioma é possível fazer melhores escolhas em feiras livre
de rua e aprender as diferenças entre os tipos queijos, embutidos, azeites e
outros alimentos - e até mesmo escolher em supermercados para depois fazer como
muitos franceses, fazer um almoço simples e barato sentado à beira de uma
maravilhosa fonte.
Estudar na Sorbonne (abaixo) foi uma experiência única, pois durante
o mês do curso pude vivenciar o dia a dia de um parisiense e assim todos os
dias tomava bons vinhos e provava da culinária que é patrimônio mundial imaterial da UNESCO.
Paris é uma cidade na qual podemos comer muito bem em qualquer esquina
desde um saboroso sanduiche de queijo brie por 4 euros, como bistrots, cafés,
brasseries por todo o lado. E assim se pode apreciar um confit de canard, meu
predileto, por 15 euros com entrada e sobremesa ou para quem quer algo único
pode se presentear com um jantar em um dos restaurantes mais requintados do
mundo como o La Tour d’Argent (foto abaixo, com vista para o rio), o Le
Bristol, ou o Plaza Athène, entre outros.
Nos fins de semana viajava com amigos e fui conhecendo lugares incríveis
como regiões produtoras de vinho. Aliás, viajar e falar o francês me permitiu
curtir outra paixão que já existia que é o vinho e como professora de francês
eu pude aprofundar meus conhecimentos nesse mundo que é muito amplo e rico em
cultura. Um dos lugares que recomendo é Avignon (foto da catedral abaixo) onde acontece
todos os anos, no mês de Julho, o maior festival de teatro do mundo.
Lá existe uma
famosa ponte, a Ponte d’Avignon que é um ponto conhecido por meio
do folclore francês. O Festival de Avignon é a principal atração festiva da
cidade, mas outra atração é a culinária e os vinhos Rio Rhone (abaixo), região do meu
vinho rosé predileto, o Tavel, sem falar nos vinhos Côte du Rhone maravilhosos
e dos passeios para conhecer os campos de lavanda e de girassol que temos por
tudo.
Quando cheguei a essa região fiquei encantada com as paisagens, os
vinhos sem falar na história que tem impregnada em tudo que vimos e tocamos, é
uma cidade medieval que foi construída para o Papa Clemente V em 1309 e onde
entre 1378 e 1417 podemos dizer que houve dois Papas um na França e outro em
Roma. Há quinze minutos de Avignon, de carro, chegamos em Châteauneuf-du-Pape
(foto abaixo), o chateau de verão do morador ilustre, em ruinas. Alguém me
disse quando fui lá pela primeira vez, que o Papa trouxe da Itália uma muda da
videira do vinho que bebia em Roma e plantou, iniciando as vindimas em Châteauneuf;
como o terroir muda a planta, dessa forma, teoricamente, a videira ficou muito
melhor na França.
Outro lugar maravilhoso na França que deve estar no seu roteiro de
apreciador de vinhos é Bordeaux, a capital mundial do vinho (foto abaixo), uma
região que mesmo indo pra lá várias vezes não é possível dizer que se conhece
intimamente, mas que temos vontade de voltar. Mas isso exige outro post, que prometo
escrever outro dia.
A língua francesa me presenteou não
só com uma profissão, mas também com uma
cultura do vinho, da comida e de cultura extremamente vasta. E por causa
disso descobri, ainda na universidade, que ensinar passaria ao aluno uma nova
forma de ver o mundo pela língua francesa, razão pela qual hoje sou professora
particular de Francês em São Paulo, de alunos que querem
se especializar em vinhos, ou simplesmente melhorar sua qualidade de
vida - santé!
(*) Karina de O
Noçais (na foto acima, e-mail karina.nocais@yahoo.com.br) nasceu em
Santos-SP, é professora formada em Letras pela pela PUC-SP e professora de
Francês; formada em um curso de
Sommelier pela ABS, trabalha com vinhos de Bordeaux.
Belíssimo texto Karina, Rogério! Fiz um roteiro enoturîstico pelo Rhône há dois meses - vindo da Provence, a caminho da Bourgogne - e conhecemos lugares como Avignon, Châteauneuf-du-Pape, Tain l'Hermitage, Cornas, Condrieu... E foram mesmo momentos inesquecíveis, alguns dos quais também tentei transcrever em meu blog www.conservadonovinho.blogspot.com.br (sem a habilidade de uma professora de Letras, contudo... Sou engenheiro!) rsrsrs
ResponderExcluirAbraços!
Obrigado, Carlos Eduardo. a França é mesmo muito bonita e sempre tem algum lugarzinho especial para descobrir, o que vamos fazer aqui no In Vino Viajas. Abs
ExcluirOlá Carlos Eduardo,
ResponderExcluirEspero que agregue para todos os nossos posts, agora vi o seu e achei incrível o da Borgonha, é um lugar que não conheço ainda.
Abraços
Muito interessante o post. Espero voltar a França mais uma vez para conhecer Bordeaux e Avignon.
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