Por Rogério Ruschel (*)
Provavelmente você já ouviu falar do queijo Gruyère, um dos mais conhecidos e consumidos queijos suiços, ao lado do
Emmental, Raclette, Sbrinz, Tilsit e Vacherin Mont’d’Or. E queijo suíço obviamente é fabricado com leite
de vacas suíças (como as que aparecem nesta fazenda, abaixo) – o mesmo leite
com o qual os suíços fazem chocolate – o que já funciona como certificação de
origem.
Os queijos mais maduros apresentam até um certa sensação de que têm pequenos
grãos de areia (desculpe) no meio da massa. A casca é dura, seca e de cor
castanho-escuro, tipo assim, ferruginosa, e o sabor no primeiro contato com a
boca é levemente frutado, mas permanece na boca com um leve sabor de nozes.
Enfim, uma delícia. Mas para chegar a esta delícia, eles ficam descansando (amadurecendo) em câmaras com temperatura controlada, como na foto abaixo.
Pode-se comer o queijo Gruyère normalmente, aos pedaços, escolhendo a
idade do mesmo, ou, como a especialidade da La Maison de Gruyères, o maior
restaurante da comunidade, flambado, com ou sem incrementos ou acessórios como
pães, nozes, carnes, embutidos de qualidade (na foto abaixo uma receita com
bacalhau...)
Visitamos uma fábrica, minha filha Renata e eu, e degustamos todos os
tipos, com todos os acompanhamentos possíveis – incluindo pequenas provas com
vinhos tintos e brancos de quase todas as denominações suíças: Chardonne, Saint-Saphorin,
Calamin Grand Cru, Epesses, Dézaley Grand Cru, Vevey-Montreaux, Villette e
Lutry. Mas isto foi depois de visitar o vilarejo que fica no alto de uma colina
encimada por um castelo – o Castelo de Gruyères, claro.
A cidadezinha de Gruyères é uma aldeia medieval encantadora com mais de
1.000 anos e atrai milhares de turistas baseado em duas atrações (além do
queijo): o cenário lindo e tranqüilo e a obra do artista gráfico suíço Hans
Rueder Giger, nascido em Chur, naquela região. Vamos começar pelo cenário:
imagine pequenas casas simpáticas
centenárias transformadas em bares, restaurantes e lojinhas em uma rua com forte apelo turístico, aos pés de um castelo com mais de 800
anos e tendo ao fundo montanhas suíças com neve eterna - tudo verde (pelo menos na época do
ano que visitei, porque em outras é tudo branco...). As fotos abaixo dão uma ideia do que estou querendo dizer.
A outra atração é a obra do
artista gráfico suíço Hans Rueder Giger. Sim, você o conhece: tido como um dos
expoentes modernos do surrealismo e da arte fantástica, HR Giger tem obras
badaladas de ultra-realismo como “Birthmachine”, dos anos 70, toda de alumínio
e com 2 metros de altura (veja na foto abaixo, com o autor), que está na
fachada do Museu (foto mais abaixo). Mas passou a ser cultuado (e copiado) globalmente
como artista pop quando criou cenários e personagens de um dos mais conhecidos filmes de terror da história de Hollywood, para o filme “Alien” que lhe rendeu um
Oscar de Melhores Efeitos Especiais.
O criador dos aliens tem
um museu na cidade e um bar muuuuuito louco, onde tudo é desenhado e construído
com seu inegável talento: paredes, mesas, luminárias, o balcão, caixa do
telefone, a roupa dos garçons e até mesmo alguns equipamentos típicos de um
bar. Veja nas fotos abaixo parte da obra neste bar, com minha filha Renata para
dar a dimensão de uma das paredes, detalhes originais nos pés de uma mesa e o bar.
Infelizmente não deu para
visitar o Museu HR Giger (veja fachada, na foto abaixo) porque estava em manutenção
enquanto suas obras estavam em museus do mundo inteiro.
Vale a pena visitar também o Castelo de Gruyères, que domina a
aldeia medieval. Com mais de 800 anos de história, foi a residencia de 19
Condes de Gruyères até que em 1938 o estado de Friburgo o adquiriu e transformou
em Museu.
O edifício principal foi modificado por volta do século XVI
no estilo renascentista e o interior ainda mantém estilos barrocos dos séculos
XVII e XVIII decorados por paisagens românticas e cenas históricas pintadas por
J.B. Corot, Barthélemy, Menn e outros artistas menos famosos. No castelo também
são montadas exposições de obras de arte fantástica e espetáculos mais
modernos.
Enfim, caro leitor, aí está um pedaço insuspeito da Suiça que imaginamos. Gruyères fica a cerca de 120 quilometros de Genebra e a estrada - pelo menos na primavera ou verão - é simplesmente maravilhosa. Um brinde a isso, caro leitor!
(*)
Rogério Ruschel - rogerio@ruscheleassociados.com.br - é turista inveterado,
jornalista e consultor especializado em sustentabilidade - http://www.ruscheleassociados.com.br/
. Ruschel viajou a Gruyères com a filha Renata por conta dele mesmo.
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