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sexta-feira, 28 de março de 2014

Cantábria, Provença e Uruguai: conheça mais três dos 10 melhores hotéis para quem gosta de vinho, segundo a revista Wine Enthusiast

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Por Rogerio Ruschel (*)

O turismo relacionado à cultura do vinho, a cultura local das comunidades produtoras e à gastronomia é cada vez mais importante em termos económicos, culturais e sociais, especialmente na Espanha, França, Portugal, Itália e Alemanha e também em regiões do Novo Mundo do vinho, como na Argentina, Chile, África do Sul e no Napa Valley da Califórnia. No Brasil temos boas iniciativas, mas infelizmente o enoturismo ainda não é considerado prioritário.

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A recepção aos turistas vem sendo feita em hospedarias e hotéis convencionais, propriedades históricas adaptadas, prédios com arquitetura futurista (como o Hotel Marqués de Riscal na sede da vinícola do mesmo nome, veja na foto acima) e casas rurais pequenas e atenciosas, tocadas pelos próprios donos. Alguns desses exemplos você pode ver nesta segunda parte da lista da revista Wine Enthusiast de 10 hotéis encantadores para apreciadores de vinhos – a primeira parte você pode ver em http://invinoviajas.blogspot.com.br/2014/03/toscana-mendoza-e-cotes-du-rhone.html.

Hotel Marqués de Riscal - Elciego, Espanha


Este hotel futurista (veja foto na abertura deste post e abaixo) foi projetado pelo arquiteto de renome mundial Frank O Gehry e fica no meio dos vinhedos da empresa Vinos de los Herederos de Marqués de Riscal. Os vinhedos remontam ao ano de 1858, o que torna a vinícola a mais antiga da região
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Desde que foi inaugurado em Setembro de 2006 o hotel se transformou em uma referência de modernidade e uma atração turística internacional não só pela arquitetura extraordinária, mas também por causa da culinária de qualidade de seus dois restaurantes, o Restaurante Hotel Marqués de Riscal (que tem uma estrela Michelin) e o elegante Bistro 1860. 
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Outros fatores importantes são a adega disponível ao hóspede, com cerca de oito milhões de garrafas de vinhos - incluindo safras que datam de 1862 - e o spa vinico que deixa qualquer estressado bastante zen – veja na foto acima, o corredor de vidro que liga o hotel ao spa.
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Os hóspedes das 43 suites (algumas charmosas como a da foto abaixo) podem dispor de uma sala de estar muito charmosa com sofás de couro, lareira, biblioteca e um terraço com vista para os vinhedos da região, para a cidade medieval de Elciego (foto abaixo).

 

L’Auberge du Vin, Vale do Rhône, Provença, França

 

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Auberge du Vin é uma casa rural francesa do século 18 que foi transformada em uma hospedaria há cinco anos, rodeada por vinhedos (foto abaixo) na base do Mont Ventoux, área rural da Provença, 30 minutos de Avignon.
--> É a casa da inglesa expatriada Linda Field e de Christopher Hunt, que recebem os hóspedes durante todo o ano. Nos feriados o Auberge du Vin realiza cursos de conhecimento e degustação de vinhos e ajuda os hóspedes a explorarem os vinhos da região (Vale do Rhône), bem como fazer passeios a pé, de bicicleta ou automóvel a Avignon (foto abaixo) ou às pitorescas aldeias nas encostas e restaurantes charmosos do Mont Ventoux e região de Vaucluse. 
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Linda Field é professora qualificada em vinicultura (com Certificado WSET de Educador) e tem muitos anos de experiência no ensino e como participante de concursos de vinhos em Londres, como jurada. 
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A hospedagem no Auberge du Vin é simples (quartos Bed & Breakfast) mas a propriedade tem duas casas que podem ser alugadas por períodos semanai; Linda também aluga toda a propriedade para eventos particulares como casamentos e aniversários.

Posada Campotinto, Carmelo, Uruguai


A Posada Campotinto está localizada em Carmelo, na zona rural de San Roque, no Uruguai, e é cercada por fazendas de gado, vinhedos e adegas (foto abaixo). Na verdade está bem pertinho de Buenos Aires, na Argentina, bastando atravessar o Río de la Plata que faz divisa entre os dois países. 
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A pousada está localizada dentro de uma área própria de 25 hectares com vista para seus vinhedos e para a Capela de São Roque. Carmelo é um local tranquilo que oferece isolamento e uma simplicidade sofisticada, aliada a vinhos de qualidade e comida requintada em seu restaurante Campotinto.
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A região é considerada uma das áreas de viticultura mais tradicionais do Uruguai, e a Campotinto oferece passeios regulares a vinícolas da região, em diversos formatos e preços aos turistas e hóspedes. E nunca é demais lembrar que o Uruguai é considerado um excelente produtor de vinhos com a uva Tannat, originária do sul da França, que se deu muito bem no Uruguai.
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Vinhedos e árvores frutíferas convivem e completam a paisagem onde está localizada a pousada e até um agradável piquenique nos vinhas podem ser feitos. A oferta se completa com um restaurante com cozinha toscana com pratos semanais de acordo com a disponibilidade de alimentos sazonais e produtos de sua própria horta orgânica. Vinhos uruguaios também têm um papel de destaque e podem ser conhecidos, degustados e adquiridos.

(*) Rogerio Ruschel  é jornalista, enófilo e gosta de hotéis que gostam de tratar bem os hóspedes.


 


 




 


segunda-feira, 24 de março de 2014

Pastor religioso produtor de vinho na África do Sul atende as “Revelações” da Bíblia e faz a vindima completamente nu


Por  Rogerio Ruschel (*)
O Vale Elgin é um planalto bonito e fértil rodeada por montanhas na região de Overberg, na África do Sul, cerca de 70 Km ao sudeste de Cidade do Cabo (45 minutos de carro), um pouco além das montanhas de Hottentots Holland. A principal cidade é Grabouw, que tem fama de ter bons restaurantes. O Vale Elgin (fotos abaixo) é um grande produtor de alimentos frescos e é internacionalmente conhecido como o lugar na África do Sul de onde vêm as maçãs – cerca de 60% da safra nacional.

Mas neste vale exuberante e rodeado por montanhas também se produzem outras frutas, azeite de oliva e vinhos. Quando você for até lá vai poder conhecer a rota de enoturismo chamada “Elengantly Elgin Wine Route”, criada por 18 vinicultores que produzem vinhos especialmente com a uva tinta Pinotage e as uvas brancas Sauvignon Blanc, Chardonnay,  Chenin, Riesling, Viognier e Gewurtztraminer. O enólogo e pequeno produtor Bertus Osbloed van Niekerk (foto abaixo amassando as uvas), de franca ascendência holandesa que também é um pastor em tempo parcial nnao participa da rota do vinho Elgin; ele compra uvas na região e produz anualmente cerca de 240 garrafas de vinho branco Riesling com a marca Openbaring (que no idioma Africâner significa “Revelações”, o último livro da Bíblia) em sua garagem, no vilarejo de Somerset West. Veja abaixo o detalhe do rótulo do vinho do pastor harmonizando com salsichões brancos.
Pois não se sabe se esta foi uma das “revelações” da Bíblia que o pastor estuda, mas na colheita 2014 (realizada há 15 dias, no começo de março), o pastor pediu ajuda da Associação de Nudistas de Cidade do Cabo para colher as uvas. Conseguiu: no dia da colheita oito pessoas completamente peladas passaram o dia todo colherando uvas e festejando efusivamente a vindima. O pastor-produtor disse que a ideia lhe ocorreu para demonstrar que seus vinhos são naturais, sem produtos químicos...

Van Niekerk diz que não é um naturista, mas que ele e sua esposa poderiam visitar a praia de nudismo Sandy Bay, na Cidade do Cabo, pelo menos uma vez por ano para ele nadar "peladão". Sua esposa é uma artista que desenha os rótulos de vinho e quando soube do evento disse que não participaria, mas lá no dia da colheita, um sábado, estava com o marido vestindo apenas chapéu, sandálias e protetor solar. Rob Semple, o proprietário da fazenda onde Van Niekerk colheu as uvas não se convenceu e acompanhou a colheita completamento vestido. 

O pastor conseguiu visibilidade, porque até o In Vino Viajas, este blog feito no Brasil vai contar a história dele para leitores em 87 países. Fica a pergunta, meu caro leitor: será que os tradicionais produtores de vinho do Vale Elgin (todos muito sérios) ficaram felizes com a publicidade desnuda conseguida pelo pastor Van Niekerk? Vamos saber na colheita de 2015...

Fontes: reportagem de Bianca Capazorio no jornal Times Live, da África do Sul em 17/03/2014 e site do Elgin Valley Wine Route (fotos com o logotipo)
(*) Rogerio Ruschel mora e trabalha em São Paulo, Brasil, é jornalista, enófilo e gosta de participar de vindimas – mas usando roupas.




sexta-feira, 21 de março de 2014

Sting convida: deguste vinhos e faça sua festa na Villa Il Palagio, sua propriedade de 350 anos no coração da Toscana


Por Rogerio Ruschel (*)
O cantor ingles Sting pode dizer que já fez de tudo na vida. E com sucesso. No começo dos anos 1980 com sua banda Police já estava nas paradas de sucesso – e a música “Every Breath You Take”, de 1983, até hoje é lembrada com carinho. Compôs centenas de canções, gravou 15 discos, foi ator em16 filmes e em outros 14 filmes interpretou ele mesmo; foi ativista e ambientalista e filantropo. E desde o começo dos anos 2000, entre iniciativas beneficientes, Sting relaxa com sua familia (é casado com a atriz e  produtora Trudie Styler desde 1992 e tem quatro filhos - veja abaixo) na Villa Il Palagio, uma propriedade magnifica no coração da Toscana, onde produz vinhos, mel, geléias, frutas e outras delicias.

A Villa Il Palagio fica a 37 Km de Florença, na região da cidade medieval de Figline Valdarno (a 4 Km) que era conhecida na Idade Média como “o celeiro de Florença" porque produzia muito milho, grãos, vinho, óleo, açúcar de beterraba, pêssegos, damascos e cerejas. E veja só como é linda nos detalhes!

A propriedade tem cerca de 350 hectares, com grandes lagos e grande parte ocupada por florestas mantidas por Sting. A Villa foi da família Martelli desde o século XVI, no começo dos anos 1700; em 1819 eles a venderam para a Condessa Carlotta Barbolani de Montauto, que a manteve na família por cerca de 150 anos e aos poucos a foi incrementando com novos edifícios, um silo para grãos, uma fábrica de óleo e uma área de produção de vinho – veja abaixo uma foto aérea de parte da vila.

Quando Sting e sua mulher visitaram a propriedade em 1999, ela estava em estado de abandono. Não se sabe quanto Sting investiu na restauração, mas milhões de Libras Esterlinas e muitos anos depois a casa principal, os anexos e as terras voltaram à sua antiga glória.

Terras boas, uma horta com cinco hectares e muitas colmeias de abelhas permitiram a propriedade do século XVI voltar a ser uma fazenda produtora de mel, azeites e vinhos, entre os quais um respeitado vinho "biodinâmico" muito difícil de encontrar. Abaixo, Sting divulga seus vinhos em uma entrevista na televisão inglesa.

E por falar nisso, o primeiro vinho do cantor é de qualidade média (para vinhos toscanos): um blend de uvas sangiovese, cabernet sauvignon e merlot que recebeu o nome de uma de suas músicas, “Sister Moon”. Mas o grande rótulo de Sting, que custa perto de 40 Euros a garrafa, é o “When we Dance” (Quando nós Dançamos), feito com uvas Sangiovese e descrito por especialistas como "muito elegante e frutado”.

Investindo e curtindo, Sting e Trudie foram evoluindo: abriram uma loja de fazenda para vender os produtos cultivados na propriedade, incluindo vegetais, frutas frescas, queijos e salames. E a partir de 2013 esses produtos começaram a ficar disponíveis para encomenda pela internet com o mote “direto do coração da Toscana para sua porta”.

Pois no segundo semestre de 2013 Sting se rendeu: dizem que pressionado pelo afã tributário do governo italiano em crise, o cantor decidiu abrir mão de parte de sua privacidade e colocou seis casas da propriedade para alugar por valores na faixa de 7 mil Euros por semana, cada. (Abaixo, uma das casas onde os hóspedes ficarão).

Como informa a imobiliária contratada, os hóspedes também poderão utilizar a piscina grande, a área que tem um tabuleiro de xadrez gigante no jardim e poderão jantar na adega do Sting, forrada com "enormes barris antigos" (veja abaixo).

Além disso se você quiser fazer uma festa na Villa Il Palagio, poderá alugar por uma semana dependências que acomodam 50 pessoas para dormir, varandas com mesas e um salão para o evento por módicos 42 mil Euros – que dá cerca de 150 Mil Reais, o que é uma mixaria perto do valor que é cobrado aqui no Brasil. Mas se você tiver até 400 convidados não tem problema, porque a Villa pode recebê-los. Veja abaixo algumas das dependências.

Os brasileiros conhecem Sting por suas canções e pelo envolvimento com a luta ambientalista na Amazônia. Em 1988 Sting conheceu o cacique caiapó Raoni e o levou em seus shows mundo afora divulgando a campanha contra a construção da barragem de Kararaô (hoje, conhecida como Belo Monte); em 1989 fundou com sua mulher Trudie Styler e o cineasta belga Jean-Pierre Dutilleux a Rainforest Foundation, organização criada para sustentar os projetos de Raoni que até hoje apoia projetos no Parque do Xingu em parceria com o Instituto Sócio Ambiental (ISA). Na foto abaixo ele se re-encontra com Raoni em 2008. Quem planta, colhe – e no caso de Sting, literalmente. Um brinde a isso.

Para agendar ou comprar os produtos do Sting: http://www.palagioproducts.com/ 
(*) Rogerio Ruschel é jornalista, enófilo e ainda vai beber um vinho do Sting nesta propriedade restaurada no coração das Toscana.


quinta-feira, 20 de março de 2014

As 10 mega-tendências no mundo do vinho para 2014, pela revista inglesa The Drink Business


Por Rogerio Ruschel (*)
A principal publicação europeia sobre bebidas alcoólicas, The Drink Business, da Inglaterra, publicou recentemente um artigo sobre dez grandes mega-tendências do mundo do vinho em 2014. Acompanhe a seguir.

• 2014 será um ano de descoberta, com os amantes do vinho na Inglaterra prontos para se encantarem por vinhos de regiões pouco conhecidas atualmente, como Bierzo da Espanha (foto acima, cacho de uvas Mencia, de Bierzo) e Campânia e Basilicata da Itália, passando por rótulos da Hungria e pelo Vinho Verde de Portugal (do Douro, foto abaixo), com participações também de vinhos diferenciados da Turquia e da China

• Teremos grande confiança na geração de Millennials

• O movimento de vinhos naturais continuará na crista da onda e sustentabilidade será um tema central de todos os níveis (abaixo, foto de Pilar Higuero, vinicultora orgânica espanhola)


• Um melhor equilíbrio entre a oferta e a demanda será acompanhado por uma mudança no consumo global

• 2014 será o ano da redescoberta de vinhos com a uva Chardonnay, tida como a rainha das uvas brancas (foto abaixo)
• A forma de fazer, os temas e enfoques de comunicação e marketing dos vinhos vão continuar mudando rapidamente, especialmente pela internet

• Vai cair o que na Grã-Bretanha é chamado "Wall of Wine", ou seja, a barreira invisível que divide o mundo do vinho da platéia de consumidores, que muitas vezes percebem o vinho como algo muito complexo e dificilmente acessível



• A China vai continuar a crescer como mercado consumidor (acima), a plantar uvas e a produzir vinhos (gráfico abaixo, dados de 2010)


• O limite entre o comércio direto dos fabricantes e as vendas no comércio retalhista convencional continuará a diluir-se

• Os principais problemas do vinho em 2014, nos principais mercados, virão do mundo da burocracia e da legislação com a pressão do lobby da defesa da saúde, e a necessidade de governos fazerem caixa taxando o “néctar de Baco”.
(*) Rogerio Ruschel é jornalista, enófilo e gosta de surpresas todos os dias, todos os anos