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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Uma fonte de vinho no Caminho de Santiago

Por Rogerio Ruschel (*)


A espanhola Bodegas Irache conseguiu entrar nos guias de vinófilos e de turismo por conta de uma iniciativa muito interessante: construiu uma fonte de vinho em um de seus muros que é vizinho de um dos roteiros do Caminho de Santiago, para ajudar os peregrinos a enfrentar o cansaço e calor. A bebida é gratis.
Fundada em 1891, a Bodegas Irachetem sede perto de um antigo monastério na pequena localidade de Ayegui, nos vales de La Solana, San Esteban de La Solana y Condado de Lerin, na Provincia de Navarra, Espanha. O monastério de Ayegui foi o primeiro hospital para peregrinos do Caminho de Santiago e fica perto de uma antiga cidade romana chamada Estella, também de interesse turístico.
A fonte de vinho foi construida em 1991 e funciona 12 horas por dia. Junto com a fonte estão avisos sobre beber com moderação e palavras de incentivo aos peregrinos – além de uma webcam.
A Bodegas Irache tem cerca de 150 hectares de uvas dos tipos Tempranillo, Garnacha, Cabernet Sauvignon, Merlot, Graciano, and Mazuelo (tintos) e Viura, Chardonnay and Malvasía entre os brancos.
A empresa ainda mantém um Museu do Vinho onde, ao lado de cerca de 200 peças antigas relacionadas ao vinho, estão garrafas de colhetias formidáveis entre 1933 e 1987.
Para saber mais acesse http://www.irache.com/
(*) Rogério Ruschel é jornalista e consultor especializado em sustentabilidade e gosta de vinho tempranillo.


segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Internautas da TripAdvisor elegem os melhores destinos de enoturismo do mundo

Ponte Vecchia em Florença, Toscana

Por Rogerio Ruschel (*)

A TripAdvisor, um dos maiores sites de viagens do mundo, fez uma pesquisa e classificou, de acordo com opiniões de internautas, os melhores lugares para fazer enoturismo no mundo. A edição 2012 do prêmio Travellers’ Choice na categoria “Destinos de Vinho” foi feito com base em 32 locais indicados por internautas e viajantes amantes do vinho e depois avaliados de acordo com as vinícolas, restaurantes, atrações e acomodações que cada local oferece. 

Mundo

Consolidando todos os votos dados para qualquer destino no mundo, a italiana Toscana é a melhor região para enoturismo no planeta, seguida de Sonoma, na Califórnia; Hunter Valley, na Austrália vem em terceiro lugar; Stellenbosch, na África do Sul e Mendoza, na Argentina, completam a lista dos 5 melhores.

 Cape Town, Africa do Sul
 

O site pediu que os leitores votassem nos melhores destinos de enoturismo por regiões (Europa, Estados Unidos e Ásia). Veja a seguir os 10 melhores de cada votação:
Europa
Os melhores destinos turísticos relacionados a vinhos da Europa, do primeiro ao décimo mais votados são: Toscana (Itália), Aquitaine/Bordeaux (França), Provence (França), Umbria (Itália), Sicilia (Itália), Languedoc-Roussillon (França), Borgonha (França), Champagne-Ardene (França), Costa de la Luz (Espanha) e Porto (Portugal). 
Dijon, Borgonha

Estados Unidos
Os internautas do Tripadvisor escolherem como melhores destinos turísticos relacionados a vinhos nos Estados Unidos, do primeiro ao décimo lugar: Sonoma Cunty (California), Napa Valley (California), Willamette Valley (Oregon), Finger Lakes (Nova Iorque), Long Island (Nova Iorque), Paso Robles (California), Temecula (California), Walla Walla (Washington), Palisade (Colorado) e Plymouth (California). 
Vinhedo em Mendoza, Argentina

Em 2012 você pode conhecer 5 destas regiões aqui no In Vino Viajas. A Toscana foi alvo de um post publicado em junho de 2012 sobre Parma, Lucca e San Geminiano; o australiano Hunter Valley foi apresentado aos leitores em um post de novembro de 2012; e Stellenbosch foi apresentado aos leitores na série de posts sobre a Africa do Sul publicados em julho. Já a Sicilia mereceu 8 posts publicados entre agosto d outubro, e a a charmosa Borgonha francesa foi lembrada aos visitantes do In Vino Viajas no mes de maio.
Para ver detalhes em cada um dos destinos acesse http://www.tripadvisor.com/TravelersChoice-Wine

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Gruyère: queijos, um vilarejo encantado e um museu de arte com alienígenas

 
Por Rogério Ruschel (*)
Provavelmente você já ouviu falar do queijo Gruyère, um dos mais conhecidos e consumidos queijos suiços, ao lado do Emmental, Raclette, Sbrinz, Tilsit e Vacherin Mont’d’Or. E queijo suíço obviamente é fabricado com leite de vacas suíças (como as que aparecem nesta fazenda, abaixo) – o mesmo leite com o qual os suíços fazem chocolate – o que já funciona como certificação de origem.
Pois este queijo é fabricado especialmente em Gruyères, minúsculo vilarejo de fala predominante francesa no Cantão de Friburgo, com cerca de 1.700 moradores - e também nos cantões de Vaud, Neuchâttel, Jura e Berna. O Gruyère é um  queijo duro, com sabor forte (especialmente os mais maduros, que podem descansar durante até 18 meses), com textura granulosa, densa e compacta, podendo ser mais cremosos nos produtos mais jovens, com até 8 meses de descanso. Veja a tabela de amadurecimento na foto abaixo.
 
Os queijos mais maduros apresentam até um certa sensação de que têm pequenos grãos de areia (desculpe) no meio da massa. A casca é dura, seca e de cor castanho-escuro, tipo assim, ferruginosa, e o sabor no primeiro contato com a boca é levemente frutado, mas permanece na boca com um leve sabor de nozes. Enfim, uma delícia. Mas para chegar a esta delícia, eles ficam descansando (amadurecendo) em câmaras com temperatura controlada, como na foto abaixo.
 
Pode-se comer o queijo Gruyère normalmente, aos pedaços, escolhendo a idade do mesmo, ou, como a especialidade da La Maison de Gruyères, o maior restaurante da comunidade, flambado, com ou sem incrementos ou acessórios como pães, nozes, carnes, embutidos de qualidade (na foto abaixo uma receita com bacalhau...)
 
Visitamos uma fábrica, minha filha Renata e eu, e degustamos todos os tipos, com todos os acompanhamentos possíveis – incluindo pequenas provas com vinhos tintos e brancos de quase todas as denominações suíças: Chardonne, Saint-Saphorin, Calamin Grand Cru, Epesses, Dézaley Grand Cru, Vevey-Montreaux, Villette e Lutry. Mas isto foi depois de visitar o vilarejo que fica no alto de uma colina encimada por um castelo – o Castelo de Gruyères, claro.
 
A cidadezinha de Gruyères é uma aldeia medieval encantadora com mais de 1.000 anos e atrai milhares de turistas baseado em duas atrações (além do queijo): o cenário lindo e tranqüilo e a obra do artista gráfico suíço Hans Rueder Giger, nascido em Chur, naquela região. Vamos começar pelo cenário: imagine pequenas casas simpáticas centenárias transformadas em bares, restaurantes e lojinhas em uma rua com forte apelo turístico, aos pés de um castelo com mais de 800 anos e tendo ao fundo montanhas suíças com neve eterna - tudo verde (pelo menos na época do ano que visitei, porque em outras é tudo branco...). As fotos abaixo dão uma ideia do que estou querendo dizer.
A outra atração é a obra do artista gráfico suíço Hans Rueder Giger. Sim, você o conhece: tido como um dos expoentes modernos do surrealismo e da arte fantástica, HR Giger tem obras badaladas de ultra-realismo como “Birthmachine”, dos anos 70, toda de alumínio e com 2 metros de altura (veja na foto abaixo, com o autor), que está na fachada do Museu (foto mais abaixo). Mas passou a ser cultuado (e copiado) globalmente como artista pop quando criou cenários e personagens de um dos mais conhecidos filmes de terror da história de Hollywood, para o filme “Alien” que lhe rendeu um Oscar de Melhores Efeitos Especiais.
 
O criador dos aliens tem um museu na cidade e um bar muuuuuito louco, onde tudo é desenhado e construído com seu inegável talento: paredes, mesas, luminárias, o balcão, caixa do telefone, a roupa dos garçons e até mesmo alguns equipamentos típicos de um bar. Veja nas fotos abaixo parte da obra neste bar, com minha filha Renata para dar a dimensão de uma das paredes,  detalhes originais nos pés de uma mesa e o bar.
 
Infelizmente não deu para visitar o Museu HR Giger (veja fachada, na foto abaixo) porque estava em manutenção enquanto suas obras estavam em museus do mundo inteiro.
 
Vale a pena visitar também o Castelo de Gruyères, que domina a aldeia medieval. Com mais de 800 anos de história, foi a residencia de 19 Condes de Gruyères até que em 1938 o estado de Friburgo o adquiriu e transformou em Museu. 
 
O edifício principal foi modificado por volta do século XVI no estilo renascentista e o interior ainda mantém estilos barrocos dos séculos XVII e XVIII decorados por paisagens românticas e cenas históricas pintadas por J.B. Corot, Barthélemy, Menn e outros artistas menos famosos. No castelo também são montadas exposições de obras de arte fantástica e espetáculos mais modernos.

 
Enfim, caro leitor, aí está um pedaço insuspeito da Suiça que imaginamos. Gruyères fica a cerca de 120 quilometros de Genebra e a estrada - pelo menos na primavera ou verão - é simplesmente maravilhosa. Um brinde a isso, caro leitor!

(*) Rogério Ruschel - rogerio@ruscheleassociados.com.br  - é turista inveterado, jornalista e consultor especializado em sustentabilidade - http://www.ruscheleassociados.com.br/ . Ruschel viajou a Gruyères com a filha Renata por conta dele mesmo.











quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Um guia para escolher o melhor do enoturismo mundial - ou quase!

Por Rogerio Ruschel (*)

Os melhores do enoturismo mundial em 9 grandes regiões vinícolas estão ao alcance do seu clique.

A Great Wines Capitals Global Network (Rede Global de Capitais Produtoras de Grandes Vinhos, em livre tradução), associação que promove nove polos produtores de vinho de qualidade (Bilbao, Bordeaux, CapeTown, Christchurch, Florença, Rheinhessen, Mendoza, Porto e San Francisco) acaba de lançar a Edição 2013 do tradicional Guia “Best of Wine Tourism”.

O guia apresenta as 55 propriedades (produtores, hotéis, operadores de turismo) vencedoras do prêmio "Best of Wine Tourism 2012” realizado pela organização, em suas diversas categorias.


O guia Best Of Wine Tourism é publicado anualmente desde 2004; todos os vencedores estão disponíveis no site http://greatwinecapitals.com/


(*) Rogério Ruschel é turista, jornalista e consultor especializado em sustentabilidade.


segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

No teto do trem, no topo dos Andes: uma viagem maluca no Equador


Por Rogerio Ruschel (*)
O Equador é um país pequeno, mas surpreendente, com muitos atrativos turísticos baseados em rica herança arqueológica, arquitetura histórica, atrativos urbanos, parques naturais, vulcões,  cultura típica tradicional, o tesouro do arquipélago de Galápagos – e estradas de ferro sensacionais.

Ingapirca, um "mini-Cuzco" no Peru

Como parte do Equador fica no litoral do Oceano Pacífico (como a capital econômica e super-porto, Guayaquil) e a outra parte está no alto da Cordilheira dos Andes (inclusive a capital, Quito), chegando a mais de 6.100 metros no pico mais elevado, a linha férrea Ferrocarril Transandino Nacional se tornou uma espécie de símbolo da unidade nacional ao ligar as duas partes do país separadas por grandes montanhas de difícil superação. 

Cotopaxi, o vulcão mais alto do mundo em atividade

Primeira obra modernizadora do Equador, a estrada de ferro que une o litoral com a serra equatoriana é considerada até hoje a de construção mais dificil e uma das mais perigosas viagens de trem do mundo – e, acredite, caro leitor, até 2010 as pessoas podiam viajar no teto dos trens, literalmente no teto do mundo.

Olhe bem: centenas de jovens aboletados no teto do trem

Em 2009 um acidente pavoroso com dezenas de mortos (o terceiro ou quarto na história da ferrovia) fez o governo suspender as viagens no teto do trem, mas mesmo sem isto, a viagem ainda está no livro “1.000 coisas para fazer antes de morrer.” Com novos investimentos em segurança, atualmente a linha liga Alausi até Riobamba, passando por Guamote e pelo famoso Nariz do Diabo, para chegar à capital, Quito. Pois em 2005 eu fiz esta viagem – e no teto do trem – veja a foto abaixo.
 
 
A construção foi iniciada em 1861 e os primeiros 91 quilometros foram inaugurados em 1873, ligando Yaguachi a Milagro, ainda ao longo da costa. Cerca de 4.000 operários morrreram durante a construção (muitos deles trabalhadores jamaicanos trazidos pela empresa de engenharia norte-americana) a maioria de malária, mas muitos despencando Andes abaixo; no quilometro 106 no povoado de Naranjapato foi construido um cemitério para os mais de 150 trabalhadores que morreram só para poder construir o trecho do Nariz do Diabo.
 
Fiz o roteiro de Guayaquil até Alausi em outro trem, o Chiva Express, criado pela Metropolitan, a maior agencia de turismo do Equador, para receptivo de turistas internacionais. Similar ao Transandino, mas mais confortável, o Chiva Express é um vagão compropulsão própria a diesel e faz paradas em parques ecológicos e estações menores com algum valor turístico ou para refeições, como em Machicho – mas isto voce vai ver aqui no In Vino Viajas, em outro post.
Chiva Express: uma tentativa de viajar no teto do mundo de maneira mais "civilizada"

Como integrante de um grupo de jornalistas convidados pelo Ministério do Turismo do Equador, nosso programa incluia uma visita a Ingapirca – um sitio arqueológico muito interessante, um “mini-cuzco”, que voce tambem vai ver aqui em outro post.
O embarque em Alausi

Alausi é uma pequena cidade em média altitude (uns 2.300 metros, o que é médio para o Equador), geralmente utilizada como ponto de embarque do trem que vai fazer a famosa Rota do Nariz do Diabo, o trecho do Transandino mais perigoso e desejado por turistas, inaugurado em 1901. Cidade simples, sem muitos atrativos, Alausi pode ser um bom local para fotografar famílias de equatorianos, especialmente agricultores com suas roupas coloridas – como as das fotos - e comprar recuerdos que serão úteis como toucas de lã e malhas mais quentes para encarar o frio andino…
 
Quando o trem encosta em Alausi, centenas de pessoas – especialmente jovens aventureiros falando idiomas estranhos – se aboletam no trem, tentando ocupar as janelas do lado direito, as que permitem uma visão melhor do assustador trecho até Riobamba, incluindo a passagem do Nariz do Diabo. Até 2 anos atrás, a correria era para ocupar o teto do trem, como você pode ver nestas fotos de 2005.

Salve-se quem puder

O Nariz do Diabo é uma rocha perpendicular pendurada na montanha a 1.900 metros do nível do mar, em uma região da Cordilheira dos Andes com o sugestivo apelido de Ninho do Condor. Para permitir que o trem pudesse descer (ou subir) por esta pedra perpendicular, foram construídas estruturas de aço literalmente enfiadas na montanha com bandejas suportando trilhos. O trem anda para a frente vagarosamente, para, um ou dois funcionários descem e controlam uma uma ré por um trilho auxiliar para pegar outro trilho e descer mais um pedaço, repetindo este ziguezague por cerca de 2 quilometros, dos quais 800 metros fica literalmente pendurado no espaço. 
 Funcionários verificam os trilhos antes de chegar no Nariz do Diabo
 
A viagem é lenta e cuidadosa, e dura cerca de 2 horas e meia. Para meu azar – e agora dos meus leitores – o trecho mais delicado e bonito do Nariz do Diabo estava coberto por neblina quando paqssei por lá – alias, o que acontece quase sempre, porque os Andes mantém vários picos com neves e nuvens eternas.
Um brinde a isso com uma taça do vinho local produzido com a uva Nacional Branca, tomado em um restaurante em Alausi, enquanto esperamos o trem da morte!

(*) Rogério Ruschel é jornalista e consultor especializado em sustentabilidade e esteve no Equador a convite do Ministério do Turismo daquele país.
 








segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Guayaquil, Equador: história, cultura e muita animação no Malecón 2000

 
Por Rogério Ruschel (*)
Fundada com o titulo de “Muy Noble y Muy Leal Ciudad de Santiago de Guayaquil" em 1547 pelos espanhóis como um estaleiro e porto comercial para escoar as riquezas do Novo Mundo para a Coroa Espanhola, Guayaquil é a maior cidade do Equador com mais de 2,5 milhões de habitantes (a Grande Guayaquil chega a 4,5 milhões). 
Monumento aos Libertadores da América do Sul, Simon Bolívar e San Martín
E é uma das mais atraentes cidades do Equador, porque reúne negócios e turismo globalizados, razão pela qual quase sempre é incluída com destaque em roteiros latino-americanos imperdíveis para gringos. 


Pólo econômico mais importante do Equador por causa do porto e da concentração industrial, Guayaquil fica às margens do rio Guayas a cerca de 20 quilometros do Oceano Pacífico – e literalmente aos pés da Cordilheira Chongón-Colonche, uma cadeia de montanhas de média altitude – se comparada a outras cadeias repletas de vulcões que você vai conhecer em outro post aqui no In Vino Viajas.
 
A principal atração da cidade é o Malecón 2000 (Malecón del Salado), mas arranje tempo para fotografar os parques urbanos e museus. Se você estiver com  crianças, visite o Parque Histórico de Guayaquil, um pouco fora do perímetro urbano, mas que vale a pena porque vai proporcionar um pouco de aventura para os pequenos por causa do mini-zoológico, do passeio em manguezais por decks de madeira e por causa da réplica da Guayaquil antiga, que inclui bondes para tirar fotos (veja abaixo, este repórter voltando à infância)
 
Os museus são muito enriquecedores. Se você quiser conhecer um pouco da história do Equador e de Guayaquil, priorize uma visita ao MMAC – Museu Anbtropológico e de Arte Contemporânea, talvez o mais rico acervo equatoriano de culturas pré-hispânicas do país. Mas se tiver tempo visite também o Museu Municipal de Guayaquil, o Museu Nahim Isaías e o Museu da Casa de Cultura.

Mas o Malecón 2000 é mesmo a grande atração de Guayaquil e você não pode perder. É um mega-projeto de reurbanização do antigo porto iniciado no ano 2000, considerado modelo mundial de urbanismo, comparado ao Coconut Walk de Miami e ao Puerto Madero na Argentina – e que me lembra um pouco a Estação das Docas em Belém do Pará, na orla da Baía do rio Guajará. 
 
O Malecón foi restaurado com grande ajuda financeira popular, e inclui também a renovação de antigas favelas na região, como a do Cerro Sant’Ana (Morro Santa Ana) – veja abaixo. Na verdade, o projeto de restauração continua, atingindo outras regiões da cidade, o que torna Guayaquil uma cidade diferente a cada visita.
O Malecón se estende por uma área de 2,5 quilometros de extensão ao longo do cais e também para “dentro” da cidade, no qual você pode passar o dia inteiro (na verdade, mais de um dia!) vendo grandes monumentos da história de Guayaquil, alguns museus como o badalado MAAC e o Museu Naval.
 
As surpresas continuam:  são dezenas de jardins, fontes e monumentos diversos dividindo espaço com galerias de arte, cibercafés, dezenas de simpáticas lojas e muitos espaços gastronômicos com restaurantes, bares e lojas de produtos enogastronômicos: prove a típica chicha de mandioca fermentada, ou uma naranjilla, um delicioso suco de frutas cítricas. Uma beleza!
 
E, é claro, como Guayaquil é uma cidade globalizada, as cartas de vinhos incluem rótulos internacionais, além dos moscatéis Castell Real e dos Mesón branco e tinto produzidos localmente. O Equador já teve mais de 60.000 hectares plantados no século XVI, introduzidos pelos espanhóis, mas atualmente a vitivinicultura tem cerca de 200 hectares de vinhedos nas montanhas do interior (nos vales de Patate, na província de Tungurahua e Yaruqui, perto de Quito) e outros 50 hectares na província de Manabi, na costa.
Jardins do Malecón
 
Os vinhos equatorianos são feitos com as variedades locais Nacional Branca e Nacional Negra, com as cepas crioulas Isabella, Niágara e Concord e com algumas variedades européias como Barbera, Cabernet, Merlot, Moscatel, Povorella e Sangiovese. Provei um Chardonnay cortado com Viognier da Chaupi Estancia Winery, plantado a 2.400 metros do nivel do mar, com frutos do mar num restaurante do Malecón. Aliás, por falar em gastronomia, experimente pratos com sabor equatoriano “de exportação” como o lombo bovino assado com traços de rapadura e canela andina, ceviche à moda equatoriana e bombom à base de quinua.
 
No Malecón você pode fazer passeios noturnos e diurnos de barco pela orla do rio Guayas – quem sabe jantando a bordo para degustar um bom moscatel Castell Real? E para completar o dia lá está o primeiro cinema IMAX da America Latina e o início de animadas baladas - no Malecón e na cidade. A fina flor da elite do Equador já comprou ou está comprando apartamentos de luxo no Malecón, o que garante também a boa oferta de serviços de qualidade na região. Um brinde ao Malecón.


(*) Rogério Ruschel é jornalista e consultor especializado em sustentabilidade e esteve no Equador a convite do Ministério do Turismo daquele país.