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segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Entregue em Santa Catarina o primeiro Selo Arte, que valoriza a autenticidade e a origem de queijos artesanais

 

Por Rogerio Ruschel

Prezado leitor ou leitora, no dia 16 de setembro, em plena pandemia econômica e de saúde, o casal Air e Jacinta Zanelato, do Sítio Santo Antônio, em Bom Retiro, recebeu uma boa notícia: foram os primeiros produtores de queijo artesanal Serrano de Santa Catarina a receber o Selo Arte, criado para valorizar produtos saudáveis e artesanais. Para ser considerado artesanal, o produto deve ser individualizado, genuíno e manter as características tradicionais, culturais ou regionais. Além disso deverá ser regulamentado e reconhecido como artesanal pelo Estado de Santa Catarina. O Selo Arte para produtos artesanais representa o reconhecimento de um Tesouro no Fundo do Quintal pelo governo de Santa Catarina e pode funcionar como um selo de marketing para ajudar a reduzir a penúria de pequenos produtores rurais.

O Selo Arte dos Zanelato foi um momento importante para o casal - pequenos produtores de queijos com cerca de apenas 2 Kgs de produtos por dia -  porque vai permitir que o produto agora seja comercializado em todo o país. Mas foi também importante políticamente falando, porque o casal recebeu o Selo do secretário de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural de Santa Catarina, Ricardo de Gouvêa, e do secretário de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, o catarinense Fernando Henrique Kohlmann Schwanke, além é claro de autoridades municipais e dirigentes setoriais.

Aliás, o Secretário de Agricultura Familiar e Cooperativismo do MAPA, Fernando Schwanke, é um especialista em certificação e marcas coletivas com experiência internacional, inclusive na ONU (FAO) e tem percepção da importância das regras do mercado e certamente encontrará apoios para esta mobilização. O MAPA já havia criado em novembro de 2018, um selo próprio, o Selo Nacional da Agricultura Familiar (Senaf), para rastrear, identificar e promover produtos da agricultura familiar. Trata-se de uma espécie de IG – Identificação Geográfica; serão 6 tipos de Selos (Mulher, Juventude, Quilombola, Indígena, Sociobiodiversidade e Empresas) emitidos para cooperativas, associações agrícolas, agricultores e empresas com forte produção familiar, estabelecendo diferenciais.

 
Esse tipo de iniciativa está brotando em todo o Brasil nos últimos meses, muito por causa da crise financeira gerada pela pandemia de saúde que impactou fortemente pequenos produtores rurais com suspensão temporária de fornecimento para escolas públicas via PNAE; perdas de produção e quebras na estrutura de logística e distribuição; fechamento ou redução de muitas feiras livres nas cidades; quebra da entrega de produtos frescos em comércios ligados à gastronomia, restaurantes e bares e até mesmo a redução de compras de produtos não-alimentícios pelo setor de varejo e outros considerados “não-essenciais”.

Ao que parece produtores, sindicatos e entidades representativas de produtores se deram conta de que é preciso investir em marketing para diminuir a distância entre o produtor e o consumidor – e distâzncia não apenas física de logistica. Isso requer investir na qualidade, na origem e na rastreabilidade do produto, para que queijos artesanais com identificação de origem possam competir com queijos europeus certificados como IGs ou DOs, que tem longas histórias de tradição e origem para contar. A qualidade está sendo ampliada gracas ao esforço de organizações como a Embrapa, Epamig, Epagro e tantas outras – o que falta mesmo é percepção de marketing, do ciclo inteiro de marketing, da concepção à promoção nos mercados de destino, passando pela apresentação e embalagem, posicionamento, marca e conceitos e serviços pós-venda.  

As autoridades dos municípios, estados e do governo federal também se deram conta de que ficar constrangendo métodos produtivos com exigências excessivas para os produtores, só atrapalha a vida deles. É claro que questões de sanidade e saúde pública precisam ser seguidas e monitoradas, mas exigir instalacões caras para a produção de leite e queijo, por exemplo, pode ser um exagero – até porque os concorrentes europeus de queijos de leite cru também tem um pouco de “liberdade” para produzir seus produtos.

A história do Sítio Santo Antônio teve início em 2006, quando o casal Air e Jacinta Zanelato encerrou suas atividades no funcionalismo público e adquiriu uma área de 48 hectares no município de Bom Retiro. Os planos eram produzir vinhos e trabalhar com a criação de gado. A produção do queijo, trazida da cultura de seus antepassados, era um hobby para aproveitar o leite produzido, mas aos poucos foi se sobressaindo às demais atividades e se tornou um objetivo de vida.

“Somos pequenos, mas trabalhamos com muita qualidade. O Queijo Artesanal Serrano é feito com poucos ingredientes, mas tem muito da história e da tradição dos nossos antepassados. Eles nos deram de presente o bem fazer de um produto que atravessa gerações e é único para a nossa região. Apresentá-lo a mais pessoas e regiões é motivo de orgulho”, comemora o produtor Air Zanelato.

Todos ganham com a existência deste tipo de iniciativa como o Selo Arte catarinense, além do casal Zanelato que vai poder vender seu queijo fora da porteira sem correr o risco de ser preso por estar fora da lei. A chamada grande imprensa poderia ajudar valorizando isso – mas creio que não vai fazê-lo porque não é um big-business do agronegócio, daqueles que envolvem soja, carne e bilhões de dólares.  

Mas os leitores de canais inteligentes e sintonizados na realidade, como In Vino Viajas sabem que entendemos como arte do nosso trabaho aproximar este tipo de produto de valor artesanal do consumidor urbano, para que ele conheça nosso produtos – porque até hoje, por preconceito, falta de informação, falta de confiança ou esnobismo mesmo, continua preferindo produtos estrangeiros.

É por isso que escrevo aqui e gravo meus videos para a série Tesouros no Fundo do Quintal – TNFDQ (#tnfdq), onde mais de 25 vídeos contam historias de sucesso de pessoas que tem talento e investem em produtos e serviços saudáveis, com qualidade e com uma historia para contar.

Que sãoTesouros do Fundo do Quintal – como o queijo artesanal do casal Air e Jacinta Zanelato.

Fotos: Julio Cavalheiro / Secom; textooriginal: Assessoria de Comunicação – Cidasc
 

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