Por Rogerio Ruschel
Prezado leitor ou leitora, o mundo
vitivinícola está cada vez mais atuante em relação ao
aquecimento global e as mudanças climáticas. Escrevo sobre esse assunto aqui no In Vino
Viajas desde 2012 e recentemente apresentei a iniciativa The Porto Protocol, movimento global pró-sustentabilidade da indústria
vinícola nascido em Portugal – veja aqui:
http://www.invinoviajas.com/2019/02/the-porto-protocol/
Agora conheça outra mobilização,
nascida na Espanha, a iniciativa “Vinícolas Internacionais para Ação
Climática", que tem como objetivo mobilizar vinícolas para que se comprometam a
alcançar uma redução de 80% de suas emissões totais de carbono até 2045.
As poderosas empresas espanholas Familia Torres e Jackson Family Wines, que já vem realizando um esforço individual com reduções de até 25% de suas emissões, anunciaram em Barcelona no começo de março de 2019, o esforço de colaboração de um grupo de trabalho, sob o nome de “Wineries Internacional para a Ação Climática”. A mobilização inclui três elementos fundamentais: estabelecer um ponto de referência das atuais emissões de carbono nos escopos 1, 2 e 3, através do balanço de emissões de gases de efeito estufa, auditado por uma empresa externa internacionalmente reconhecida (linha de base); adotar as diretrizes estabelecidas em 2015 pela Conferência COP21 e pelo Acordo de Paris para empregar uma abordagem científica na redução de emissões; e finalmente usar pelo menos 20% da energia renovável gerada por suas próprias instalações para cobrir o consumo de energia da vinícola.
As poderosas empresas espanholas Familia Torres e Jackson Family Wines, que já vem realizando um esforço individual com reduções de até 25% de suas emissões, anunciaram em Barcelona no começo de março de 2019, o esforço de colaboração de um grupo de trabalho, sob o nome de “Wineries Internacional para a Ação Climática”. A mobilização inclui três elementos fundamentais: estabelecer um ponto de referência das atuais emissões de carbono nos escopos 1, 2 e 3, através do balanço de emissões de gases de efeito estufa, auditado por uma empresa externa internacionalmente reconhecida (linha de base); adotar as diretrizes estabelecidas em 2015 pela Conferência COP21 e pelo Acordo de Paris para empregar uma abordagem científica na redução de emissões; e finalmente usar pelo menos 20% da energia renovável gerada por suas próprias instalações para cobrir o consumo de energia da vinícola.
Este movimento está se
intensificando no mundo da vitivinicultura responsável por causa também de um
estudo publicado por um pesquisador da
Universidade da Califórnia em Davis, mostrando que as emissões de carbono
emitidas durante o processo de fermentação do vinho são até cinco vezes mais
elevadas do que de aviões e carros. Roger Boulton, professor da UC Davis,
demonstrou que durante a fermentação o vinho emite grande quantidade de CO2,
como nunca havia sido medido.
Outra pesquisa - da Escola Superior
Técnica de Estradas, Canais e Portos e da Escola Superior Técnica de Engenharia
Agronômica, de Alimentos e Biossistemas (ETSIAAB) da Universidade Politécnica
de Madri - indica que a Peninsula Ibérica será a região vinícola afetada com mais
gravidade pelo aquecimento global, provocando perdas especialmente para
Portugal, Espanha, França e Itália na forma de incêndios, tempestades, frentes
frias e quentes e problemas de doenças de uvas e produtividade.
Talvez esta seja uma das razões
pelas quais durante o ano de 2018, a Administração Pública espanhola investiu
tanto no assunto: aprovou um total de 13 projetos de Pesquisa e Desenvolvimento sobre Alterações Climáticas apoiados
pela Plataforma Tecnológica de Vinhos (PTV) no âmbito do acordo com a
Organização Interprofissional do Vinho da Espanha (OIVE). Destes 13 projectos,
3 são enquadrados a nível internacional, 8 são nacionais e 2 projectos estão
sendo implementados a nível regional.
Um argumento que pode
ajudar a convencer produtores menos sensibilizados vem de uma pesquisa da
Universidades Politécnica de Madri (UPM) e da Universidade de Castilla la
Mancha (UCLM) com resíduos e co-produtos da indústria do vinho. Eles chegaram à
conclusão que a produção de biocombustível a partir de óleo de semente de uvas
e bioetanol, ambos materiais obtidos durante o processo de produção de vinho,
pode chegar a cerca de 20 kilotoneladas, cerca de 2% do biocombustível
atualmente consumido na Espanha. Quer dizer: o lixo vira energia, o passivo
vira ativo. Veja o esquema abaixo, publicado pelo portal Vinetur.
Enfim meu caro leitor ou leitora, como se costuma dizer, “o bicho está
pegando” - mas em certas regiões do planeta parece que nada está acontecendo,
os produtores não estão nem ai, só querem falar de pagar menos impostos e pedir mais ajuda.
Estou exagerando?
Veja algumas matérias que
In Vino Viajas já publicou sobre sustentabilidade no mundo do vinho:- Duas ideias sustentáveis em vilarejos de Rhone-Alpes, França: leite fresco 24 horas em caixas automáticas e hortas orgânicas na creche comunitária – http://migre.me/wkv38
- Vinhedos e vinhos biológicos, orgânicos, biodinâmicos e naturais: preservando a vida do terroir – http://www.invinoviajas.com/2014/02/vinhedos-e-vinhos-biologicos-organicos
- Uma conversa de amigos sobre os dois Encontros Franco-Brasileiros do Vinho Natural, vinhos natureba e os desafios para os produtores independentes – http://www.invinoviajas.com/2016/07/uma-conversa-de-amigos-sobre-os-dois/
- Conheça o Plano de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo que está melhorando o produto, preservando o terroir e atraindo turistas – http://www.invinoviajas.com/2016/06/conheca-o-plano-de-sustentabilidade-dos/
- Conheça Daniel Martins, produtor de azeite de oliva biológico, surfista que limpa a praia e empreendedor sustentável premiado em Portugal – http://www.invinoviajas.com/2015/12/conheca-daniel-martins-produtor-de/
- Patos adubadores, morcegos protetores e vinhedos energizadores: tres pequenas grandes ideias para a produção de vinhos mais sustentáveis – http://www.invinoviajas.com/2016/05/patos-adubadores-morcegos-protetores-e/
- Turismo e sustentabilidade: como beber desta fonte harmonizando benefícios – http://www.invinoviajas.com/2012/11/turismo-e-sustentabilidade-como-beber/
- Microvinhas: curso inovador na Espanha sobre vinicultura sustentável e de alta qualidade em minifúndios tem participação de especialista brasileiro – http://www.invinoviajas.com/2014/10/microvinhas-curso-inovador-na-espanha/
- Microvinhas: os benefícios de produzir vinhos que são eco, micro, top e show – http://www.invinoviajas.com/2014/11/oportunidades-e-dificuldades-para-o/
- MicroVinya: a revolução dos minifúndios sustentáveis de Alicante, Espanha, com vinhedos centenários recuperados e vinhos com poderosa identidade social – http://www.invinoviajas.com/2014/05/microvinya-revolucao-dos-minifundios/
- Os impactos do Réchauffement de la Planète (a versão francesa do Aquecimento Global) no mundo do vinho – http://www.invinoviajas.com/2014/01/os-impactos-do-rechauffement-de-la/
- Jovens empreendedores espanhóis e portugueses fazem sucesso produzindo pranchas de surf com rolhas de cortiça recicladas – http://www.invinoviajas.com/2014/07/jovens-empreendedores-da-espanha/
- Saiba como a rolha de cortiça preserva os aromas do seu vinho e os recursos do nosso planeta – http://www.invinoviajas.com/2014/08/fique-esperto-saiba-como-rolha-de/
- Bird&Wine: degustar vinhos e observar aves, a inteligente proposta de enoturismo da Rota do Vinho Utiel-Requena, Espanha – http://www.invinoviajas.com/2014/02/bird-degustar-vinhos-e-observar-aves/
- Enoturismo inteligente na Andaluzia, Espanha, propõe “paternidade responsável” de vinhas com “sigue tu cepa” – http://www.invinoviajas.com/2013/09/enoturismo-inteligente-na-andaluzia/
- Associazione Vino Libero: um manifesto italiano pela produção de vinhos com identidade, honestidade e sustentabilidade – http://www.invinoviajas.com/2014/02/associazione-vino-libero-um-manifesto/
- O Vinho do Futuro: Estudo Sobre Mudanças Climáticas Desenha um Novo Mapa da Produção Mundial de Vinhos no Ano de 2050 – http://www.invinoviajas.com/2016/05/o-vinho-do-futuro-estudo-sobre-mudancas/
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