Texto Liana John, da Conexão Planeta (*),
edição Rogerio Ruschel
Meu caro leitor ou leitora, a premiada jornalista brasileira Liana John pesquisa há muitos anos os benefícios da biodiversidade dos pontos de vista social, econômico e cultural. Pois para alegria de quem gosta de experimentar bebidas diferentes, Liana publicou dia 17/11/2016, no portal Conexão Planeta, uma reportagem sobre cervejas especiais feitas com matérias-primas amazônicas pouco conhecidas, com o título “Sabores da Amazônia inundam cervejas especiais”. E para nossa alegria, Liana permitiu o compartilhamento com os leitores de In Vino Viajas. Com a palavra, Liana John.
“A
oportunidade de se diferenciar de outros estabelecimentos, na Estação das Docas, em Belém do Pará, na Amazônia, acabou se transformando
em uma premiada linha de cervejas especiais, com distribuição em todo o Brasil
e vendas até para o exterior. A Estação das Docas é um centro cultural e
comercial, na zona portuária revitalizada da capital paraense. Lojas de
artesanato regional dividem o espaço com bares e restaurantes, incluindo o bar
da Amazon Beer, uma cervejaria
100% artesanal, inaugurada em 2000. (Na foto acima, um dos bares da Estação das Docas).
No
início, as cervejas eram produzidas somente ali, à vista dos consumidores (foto acima). Mas
em 2011, a Amazon Beer abriu uma fábrica e também passou a engarrafar suas cervejas especiais. “E já multiplicamos
por 10 nossa produção”, conta Caio Guimarães, proprietário da empresa, em
sociedade com seu pai, Arlindo Guimarães. A distribuição hoje alcança sete
estados brasileiros e caminha para o exterior, com as primeiras exportações
para o Japão e o licenciamento de produção para uma cervejaria de Londres, na
Inglaterra.
Em
geral, as frutas adicionadas às cervejas artesanais são ácidas para conferir
frescor, sem arruinar a bebida com um sabor marcante demais. É o caso da
primeira cerveja desenvolvida pela Amazon Beer e lançada em 2002, a Forest Bacuri, considerada uma fruit beer, clara e leve. O aroma
frutado vem da adição de bacuri (Platonia insignis) - veja na foto abaixo - na fase de maturação.
É uma boa opção para acompanhar frutos do mar, carnes brancas e queijo brie. O
mesmo se dá com a Witbier Taperebá, o
sabor azedo da fruta facilita o trabalho do mestre cervejeiro. Também conhecido
como cajá, o taperebá (Spondias mombin) é consumido em sucos e
sorvetes há muito tempo, valorizado pelo alto teor em fibras, com vitaminas A,
B e C mais ferro, fósforo e cálcio traduzidos em poucas calorias. A cerveja
estilo belga é bem aromática e o fabricante a sugere com saladas, sushi, salmão
e lagosta.
No
caso do açaí (Euterpe oleracea), o mestre cervejeiro teve mais trabalho, por
causa do sabor marcante. Então a Stout
Açaí conta com café, chocolate e malte torrado para acompanhar o fruto
amazônico, equilibrando a mistura. Trata-se de uma cerveja escura, com espuma
cremosa, indicada pelo fabricante para acompanhar queijos duros, presunto cru e
sobremesas à base de chocolate e frutas vermelhas.A Cupulate Porter seguiu um caminho semelhante: café, chocolate ao
leite, cacau e amêndoas acompanham o sabor do cupuaçu (Theobroma
grandiflorum) – na foto abaixo - com o qual se faz o chocolate amazônico ou
cupulate. A cerveja adota o estilo tradicional inglês e o fabricante recomenda
consumir com sobremesas à base de chocolate, baunilha ou frutas vermelhas.
Mas
nem só os frutos compõem os sabores da Amazon Beer: também raízes e ervas dão
um toque de floresta às cervejas. É o caso da Red Ale Priprioca e da Imperial
IPA. A primeira é feita com a raiz de um capim aparentado com a tiririca,
muito usada nos banhos de cheiro e perfumes regionais, chamado priprioca (Cyperus articulatus). De estilo inglês, harmoniza com carne de porco,
carpaccio e aves. A segunda, lançada há apenas um ano, tem bastante malte e
lúpulo com a adição de erva chama,
uma planta usada por indígenas para atrair bons fluidos.
Aos
consumidores de outros lugares resta o consolo de encontrar um toque amazônico
em supermercados grandes, como Wal Mart, Pão de Açúcar, Zaffari (região Sul) e
Zona Sul (Rio de Janeiro) ou em bares e restaurantes gourmet. Tim-tim!”
(*)
Liana John é jornalista ambiental há mais de 30 anos. Já recebeu diversos
prêmios, entre eles, o Embrapa de Reportagem 2015 e o Reportagem sobre a Mata
Atlântica 2013, ambos por matérias publicadas na National Geographic Brasil.
Veja outros artigos de Liana John em http://conexaoplaneta.com.br/blog/author/ljohn/
Fonte:
Conexão Planeta -
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