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segunda-feira, 13 de abril de 2020

A evolução do Chianti: da tradição do século XII ao prestígio internacional no século XXI

Por Decanter, editado e comentado por Rogerio Ruschel
Meu caro amigo ou amiga, durante a Idade Média, Florença foi a mais poderosa das cidades italianas e epicentro da produção comercial de vinhos – e também das artes e da cultura, como sabemos. No século 14, a República Florentina identificou as colinas entre Florença e Siena como Chianti. Chianti foi a primeira área vinícola delimitada, quando em 1716 o Grão-Duque Cosimo III de Médici criou o que se acredita ser a primeira legislação que rege a produção de vinho no mundo.
Na década de 1870, a Barone Ricasoli (da família que produz Chianti desde  1141, quando adquiriu o lendário Castello di Brolio, onde atualmente produz Chianti Clássico) reduziu a fórmula de Chianti ao blend de três variedades da Toscana: Sangiovese por seus aromas; Canaiolo por seus frutos para equilibrar a acidez do Sangiovese e Malvasía para dar frescura. No século 20, uma série de eventos infelizes ocorreu em Chianti. Primeiro, em 1932, a zona original (agora conhecida como zona clássica) se expandiu para incluir grandes partes do centro da Toscana; então, em 1967, a fórmula de Ricasoli se tornou uma doutrina anárquica que permitiu misturar até 30% das variedades brancas. Veja no mapa acima. 


Finalmente, o êxodo em massa iniciado na década de 1950 do interior da Toscana levou ao governo italiano e ao financiamento do replantio em larga escala das vinhas da Toscana, com foco na produção em massa em detrimento da qualidade do vinho da Toscana.
Por causa destas mudanças, o Chianti não é o vinho que costumava ser. Passou por mudanças mais profundas nos últimos 30 anos do que qualquer outro vinho da Itália, e agora o Chianti Clássico é uma zona de vinho tinto de classe mundial. Em 1984, Chianti e Chianti Clasico foram atualizadas como denominações de origem DOCG, ajustando a fórmula com um mínimo de apenas 2% das variedades brancas e permitindo variedades estrangeiras como Cabernet Sauvignon e Merlot.
Em 1996, ocorreu outra mudança importante: um decreto eliminou o uso de uvas brancas e reduziu o uso de variedades estrangeiras em até 15%. Os rendimentos foram restritos e novas tecnologias foram implementadas nas adegas, como temperatura controlada em aço inoxidável e envelhecimento em barris menores, em vez dos grandes recipientes denominados botti. A área de Chianti Clássico foi restrita aos 7000 hectares originais, com rendimentos mais baixos e um mínimo de 80% de Sangiovese na composição dos vinhos. (Nota do editor: A tradição de Chianti diz que os vinhos locais são envelhecidos em botti, grandes recipientes de madeira. Os Chianti Clássico Riserva devem passar por pelo menos 24 meses de envelhecimento, sendo apenas três em garrafa. Já a recente classificação Chianti Clássico Gran Selezione prevê período de envelhecimento de 30 meses, com também três meses em garrafa.)


Com a chegada do novo século, a região de Chianti foi confrontada com uma maior concorrência de vizinhos poderosos, entre os quais o Brunello di Montalcino se destacou, e mais uma vez se levantou e começou a tomar uma série de medidas importantes para modificar e exaltar ainda mais sua categoria máxima de Chianti Clássico. O objetivo por trás desse movimento era remodelar a pirâmide de qualidade da denominação e dar a seus vinhos de primeira classe uma maior identidade territorial. (Nota do editor: Nos últimos anos, como registramos acima, tem havido um esforço para recolocar a região de Chianti Clássico no lugar de onde nunca deveria ter saído e a criação da categoria Gran Selezione faz parte dessa intenção; atualmente os melhores exemplares da zona tem qualidade equivalente aos vizinhos e rivais Brunello.)
Como consequência, uma nova categoria dentro do Chianti Clássico além da Chainti Clássico Riserva foi decretada em 2014, naquele ano nasceu o Chianti Clássico Gran Selezione, que foi desenvolvido para fazer referência a vinhos de qualidade superior. A nova designação exige que os melhores vinhos da região sejam feitos com uvas inteiramente de seus próprios vinhedos e entrem no mercado com pelo menos 30 meses de maturação em barricas de carvalho.
Hoje, o Chianti não é mais o vinho simples e desestruturado do passado.
Conheça a história do galo símbolo do Chianti: http://www.invinoviajas.com/2014/08/o-galo-negro-do-chianti-Clássico-agora/





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