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quarta-feira, 8 de junho de 2016

Inauguração da Cité du Vin, o maior museu do vinho do mundo em Bordeaux, França, é marcada por protestos de sindicalistas e ambientalistas


Por Rogerio Ruschel (*)
Meu prezado leitor ou leitora, o projeto é gigantesco: um museu do vinho na forma de um decanter com 55 m de altura e 14.000 m2 de área, com 19 salas de exposição, levou 3 anos para ser construído e custou 81 milhões de euros. Na verdade é mais do que um Museu: é um parque temático, uma cidade do vinho – ou, como o nome reafirma, uma Cité du Vin. O custo foi dividido entre o governo francês (2%), a cidade de Bordeaux (com 38%), a União Européia (com 40%); os restantes 20% vieram de doações privadas, incluindo os proprietários dos “Châteaux".
Mesmo com apenas 2% do investimento, o presidente francês François Hollande abriu dia 31 de maio oficialmente a "Cité du Vin" – que vem sendo chamada de  o “Guggenheim do Vinho” - ao lado do prefeito de Bordeaux, Alain Juppé (foto acima), candidato presidencial e portanto rival de Hollande nas próximas eleições.  Aliás, só para deixar claro, o projeto não é do Guggenheim, é do estudio XTU, imita um decantador de vinho e é recoberto por paineis de aluminio com vidro serigrafado.

Além da saia curta dos rivais lado a lado – cada um puxando “a sardinha” para seu assado – a inauguração e visita de Hollande também foi marcada pela presença de vários grupos de manifestantes que protestavam contra a situação econômica do país, grupos contrários á reforma trabalhista em processo e também por ambientalistas que vem reclamando de maneira consistente contra o grande volume de substâncias químicas utilizadas na viticultura francesa – especialmente em Bordeaux, uma das regiões com maior uso de defensivos agrícolas na França.

De qualquer maneira o presidente Hollande destacou a importância econômica do novo museu que espera receber 500.000 visitantes por ano e arrecadar uma receita de 38 milhões de Euros anuais. Para chegar a estes números, a "Cité du Vin" vai ter um amplo programa de eventos e mostras, oferecer visitas educacionais, restaurantes, bares e uma adega de vinhos com mais de 14.000 garrafas, além de se tornar o epicentro de feiras, seminários e congressos (veja abaixo o auditório).

O passeio mais comum, que custa 20 Euros, oferece uma jornada para descobrir a cultura do vinho, a mais antiga bebida ainda em uso (além da agua), em diferentes sociedades e regiões, com degustações e numerosas instalações multimídia. Atualmente Bordeaux, cidade declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO atrai seis milhões de visitantes por ano.

De uma coisa os franceses tem razão, e foi destacada pelo presidente francês: "O vinho representa a maneira que a França é visto pelo mundo: um país de cultura e um estilo de vida que todo mundo quer imitar e estamos muito orgulhosos", disse o presidente. O que pouca gente percebeu e foi muito pouco divulgado pela imprensa, mas In Vino Viajas destaca, é que o presidente Hollande recebeu, pouco antes da inauguração, o primeiro-ministro da Geórgia, Giorgi Kvirikashvili, porque a primeira exposição individual do novo centro de vinho será dedicada ao processo produtivo georgiano denominado “qvevri”, tombado como patrimônio imaterial da Humanidade pela Unesco: a mostra será em julho e agosto de 2017 e vai homenagear também o fato da Geórgia ser considerada o berço do vinho no mundo.

O Brasil vai estar presente da Cidade do Vinho com a exposição de 15 garrafas de produtores brasileiros, vinhos premiados em 2015, vinhos premium de suas respectivas regiões  e vinhos representativos da diversidade de terroirs. A participação basileira foi viabilizada pelo Wines of Brasil, projeto setorial realizado pelo Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) e pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). Brindo a isso!
(*) Rogerio Ruschel edita In Vino Viajas a partir de São Paulo, Brasil

 

4 comentários:

  1. Excelente artigo, sou certificado pela Sommelier Society of America e também pelo básico da Court of Master Sommelier (UK). O Brasil, em sua infância, está realmente progredindo muito no mundo vinícola porém, necessitam descobrir como diminuir custos para se tornarem mais competitivos nos dois mercados, interno e externo.

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    1. Obrigado, Ernani. Nosso problema com os vinhos nacionais é o mesmo do restante da indústria brasileira - falta de REAL interesse do Poder Público. mas vamos chegar lá. Grato pelo prestigio da leitura.

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  2. Lia a matéria postada no FB por um amigo, achei muitíssimo interessante, porém no comentário o Sr Rogerio Ruschel destacou o pouco interesse do poder público na questão do produto. Em minha modesta opinião, o problema seria exatamente o poder publico intervir, pois o quanto menos estado melhor é para a economia, acredito ser o preceito de sucesso que ocorre nos países liberais e capitalistas. Bom, de qualquer forma é uma questão complexa em que os mercados não devem depender do Estado e sim do livre comércio.

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