sábado, 6 de fevereiro de 2016

O milagre da multiplicação das uvas: pesquisadores de Israel querem recriar o vinho da Santa Ceia de Jesus Cristo com os Apóstolos

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Por Rogerio Ruschel (*)
O vinho faz parte da liturgia cristã representando o sangue de Jesus Cristo – na verdade o próprio Cristo, na Ceia Pascal (ou Santa Ceia), que disse que “este é o meu sangue”. Mais do que isso, o vinho aparece frequentemente na Biblia Sagrada, as vezes como parte de uma festas e banquetes (como na imagem abaixo) e as vezes prejudicando as pessoas, como na história de Noé embriagado e nos tempos de Abraão, quando o vinho contribuiu para o incesto que resultou em gravi­dez das filhas de Ló. Na Biblia o vinho e pão são citados como o sustento essencial do corpo.  
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Segundo especialistas, as palavras encontradas nas Sagradas Escrituras que representam vinho são yayin e tirosh, termos do hebraico, utilizado para escrever quase todo o Antigo Testamento e oinos, termo grego, idioma usado predominantemente para escrever o Novo Testamento. “Yayin” é a palavra mais comum, um termo usado 141 vezes no Antigo Testamento e “tirosh” ocorre 38 vezes no Antigo Testamento se referindo ao produto não-fermentado da videira, algo como um suco de uvas.
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Se o vinho tinha esta importância cultural, histórica e religiosa, não seria interessante saber que tipo de vinho era bebido pelos antigos cristãos? Pois cientistas israelenses da Universidade de Ariel, na Cisjordânia, estão tentando recriar este vinho da época de Cristo, de 2.000 anos atrás. “É uma questão de orgulho nacional para Israel”, explicou ao jornal New York Times o Dr. Eliyashiv Drori, o enólogo que conduz a pesquisa, na foto abaixo protegendo uma videira.
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Para descobrir o sabor deste vinho, especialistas estão analisando uma série de sementes de uvas da época e traços em fragmentos de potes de barro utilizados para o armazenamento de vinhos, materiais encontrados em templos judeus antigos. No momento, com base em testes prévios já realizados foram identificados 120 tipos diferentes de uvas do antigo Israel. Desse total, em colaboração com vários produtores de vinho, os cientistas determinaram que 20 delas seriam adequadas para a produção de vinho.
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Agora eles trabalham sobre esses tipos de uvas para a obtenção de material genético das sementes e transferir isso para uma variedade de uva existente para conseguir uvas similares para então produzirem o vinho, o que ainda deve levar vários anos. De qualquer maneira sabe-se que em 2014 a empresa Recanati Winery anunciou a venda do primeiro vinho produzido comercialmente com cepas de Israel: 2.480 garrafas de vinho branco marawi feito com uvas jandali, cepa existente no ano 220 AC resgatada por pesquisas de arqueólogos e enólogos baseadas em referência feita no Talmude da Babilônia.
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Espero que consigam produzir um bom vinho – e mais do que isso, espero que resolvam a provável questão de disputa de propriedade sobre essas uvas que poderá ser travada com palestinos, porque os vinhos estão sendo feitos na Cisjordânia e nas Colinas do Golã. Quem sabe não é este o vinho que finalmente vai brindar a paz? 

(*) Rogerio Ruschel é editor de In Vino Viajas e acredita que o vinho produz o milagre de fazer novos amigos

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