segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Memórias da paixão pela terra e a tradição do Vinho Verde no Solar do Louredo, Alto Minho, Portugal, às portas de uma safra excepcional


Por Luís Pedro, texto (*) e Rogerio Ruschel, edição (*)

Meu prezado leitor ou leitora, entre os vinhos dos quais gosto muito estão os Vinhos Verdes de Portugal e Espanha. Estive na região em julho e fiz um verdadeiro curso intensivo para conhecer, entender e apreciar os Verdes (e acabei me apaixonando por tudo que vi...). Uma das visitas técnicas que fiz foi ao Solar do Louredo (fotos acima, abaixo e em toda a reportagem), que preserva uma vinha com 500 anos de idade e que já apresentei aos leitores aqui. Esta região do noroeste peninsular, em Viana do Castelo, Portugal, está colhendo uma safra excepcional este ano e fala-se - talvez com exagero - que 2015 poderia ser a “safra do século”. Pois então, para documentar um pouco a memória destas comunidades que resultam em vinhos tnao diferentes e exclusivos, convidei Luís Pedro, engenheiro pela Universidade do Minho e responsável pela comunicação do Solar do Louredo - e um apaixonado pelos Verdes, como eu – a nos revelar o porque de tanta alegria. Com a palavra meu amigo Luís Pedro.



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“São seculares as vindimas no Solar do Louredo e por séculos vem-se colhendo por aqui excelentes uvas para Vinhos Verdes de prestígio internacional. E este ano de 2015 revestem-se de uma enorme expectativa, pois tudo indica que será um ano de exceção, quer na qualidade, quer na quantidade. As fantásticas condições atmosféricas verificadas durante todo o ano fazem prever vinhos de uma qualidade impar. Há até quem fale na “Vindima do Século”.


Mas não é só o clima, a par das boas práticas agrícolas, que nos permitem especular sobre a qualidade dos próximos vinhos. É que no Vale do Lima, é ancestral a arte da vinificação dos Verdes, tendo sida apurada ao longo dos tempos. A Quinta do Solar do Louredo, data já do século XVII; ela espreguiça-se nas margens do Rio Lima, em pleno Alto Minho, em Geraz do Lima.

No passado aqui se instalaram reis e rainhas, trazendo as suas cortes, atraídos por estas terras ricas e férteis, fazendo assim frente a tempos adversos. Eram os “senhores”, geradores de trabalho, em troca de recompensas às gentes das Terras de Geraz. Dedicavam-se à produção de gado e à agricultura, iniciando-se também na produção de vinho para consumo próprio. 

É assim que nasce a tradição deste povo na produção de uvas e de vinhos. São vinhos únicos no mundo, exclusivos de Geraz do Lima, vinificados essencialmente a partir das castas Loureiro (acima), Trajadura e Vinhão (abaixo), que aqui crescem e abundam em condições muito peculiares de solo e de clima. Os solos apresentam uma diferenciação de perfil muito exclusiva, extremamente ricos em minerais, numa combinação aleatória de solos argilosos e de piçarra. Resultam das contribuição das chuvas que arrastam consigo os constituintes das montanhas, e das cheias que aqui fazem chegar o material dos rios.

Quanto ao clima, ele também assume caraterísticas de exceção. Resulta de um choque entre o clima do atlântico (muito frio e húmido) que vem do mar em direção ao interior, e do clima do interior (mais temperado e seco) que vai em direção ao mar, fazendo do rio a sua estrada. Este choque produz, aqui, um micro clima propício para o cultivo das castas brancas Loureiro e Trajadura que maduram a temperaturas suaves, fornecendo muito aroma aos vinhos e uma acidez rica e extremamente equilibrada. Esta combinação de solos e de clima confere aos vinhos produzidos na região e no Solar do Louredo características exclusivas, diferentes de todos os outros.

As gentes de Geraz conhecem as suas terras e o seu clima como ninguém. Especializaram-se na vinicultura ao longo dos séculos através da sua sabedoria empírica e os enólogos do Solar do Louredo respeitaram desde logo o conhecimento dos antepassados. Tiveram a preocupação de falar com as pessoas mais velhas, de perceber essa sabedoria ligada à plantação, à rega e à poda. A sua relação com as luas e com as marés. Coisas que as populações não sabiam explicar, mas que davam certo. Conhecimento acumulado e aperfeiçoado ao longo dos séculos que lhes permitiu obter as melhores uvas.

Hoje a ciência explica o porquê desses resultados… Então, se a essa sabedoria juntarmos a melhor tecnologia disponível para vinificar, conseguimos elevar o potencial da nossa matéria-prima que é a uva. Assim, não será necessário proceder a grandes correções enológicas na adega para conseguirmos grandes vinhos, tal qual um chefe de cozinha não precisa de grandes transformações se trabalhar com bons ingredientes.  Abaixo dois dos produtos da casa.


No Solar do Louredo alia-se tradição à inovação, o conhecimento empírico ao científico, somando a investigação universitária. E as uvas são provenientes de vinhas em modo de produção integrada, através da gestão racional dos recursos naturais e conservação do ecossistema agrário, contribuindo assim para uma agricultura sustentável – como na foto abaixo, um mini-aqueduto centenário. Se a tudo isto somarmos então as condições meteorológicas raras que marcaram o último ano agrícola, que agora estamos colhendo, estamos então a falar duma colheita de referência: a uva apresentou um excelente desenvolvimento ao longo de todo o ciclo vegetativo, resultando teores de açúcar que indicam a maturação óptima da colheita. Uma colheita notável!

O Solar do Louredo prevê com esta vindima duplicar a sua produção, reafirmando a sua missão em produzir os melhores Verdes do mundo. Até a colheita de 2015 estar disponível no mercado, o foco é o Vinho Verde Tinto Solar da Videira (abaixo), um tinto de fusão, de acidez totalmente controlada e final feliz a ameixas vermelhas maduras e notas de chocolate que é uma homenagem à Videira dos 500 anos, a mais antiga de Portugal, a tal que resistiu a Napoleão, às duas grandes guerras mundiais e ainda sobreviveu à Filoxera, praga que devastou a Europa a partir do ano de 1860. (na foto abaixo)".


--> Saiba mais sobre  o Solar do Louredo aqui: http://solardolouredo.com/
(*) Luís Pedro é licenciado em engenharia pela Universidade do Minho, em Portugal, trabalhou com franchising em Portugal, fez parte do corpo redatorial de revistas como a Franchising & New Business e Negócios e Franchising e participou nos programas de internacionalização de marcas. Desde 2014 é Dreamer no Solar do Louredo, respondendo pelos departamentos de Comunicação e Estratégia, desenvolvendo os programas de enoturismo, promoção da marca, imagem, eventos e novos mercados.   
(*) Rogerio Ruschel é editor de In Vino Viajas


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