terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Italianos recriam o vinho que Leonardo da Vinci produzia em 1498 em Milão


Por Rogerio Ruschel

Meu prezado leitor ou leitora, que tal provar um vinho feito por Leonardo da Vinci? Depois de 11 anos de pesquisa uma vinícola da Lombardia produziu a primeira safra com 338 garrafas safradas de 2018 do “vinho de Leonardo” com as mesmas uvas e no mesmo local em que se acredita que Leonardo da Vinci tenha tido  videiras. E algumas destas garrafas vão ser leioloadas.

Vou contar esta história. Mais famoso por pintar a Mona Lisa, da Vinci também foi escultor, cientista, matemático, astrônomo, mestre desenhista, cartógrafo e engenheiro. Uma mostra interativa em cartaz até o fim de dezembro de 2019 em São Paulo mostra um pouco destes múltiplos talentos. Pois agora já dá para dizer que Leonardo da Vinci também curtia uma de enólogo.

Pesquisadores já haviam identificado que no pouco tempo livre que ele tinha, o mestre também gostava de mexer no cultivo de uvas Malvasia de Candia – uva branca, adocicada, deliciosa - de um vinhedo com 16 fileirias de vinhas em Milão que havia recebido de presente, em 1498, de Lodovico Sforza, em troca ou como parte do pagamento de uma de suas obras-primas, “A Última Ceia”. Sabia-se também que o local das vinhas, atualmente no centro de Milão (foto abaixo), sobreviveu com as videiras por 444 anos até ser bombardeado pelos aliados em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial.

 
O Vinhedo de Leonardo começou a renascer em 2015, por ocasião da Expo 2015. A abertura ao público do Vinhedo foi possível graças à boa vontade da Fundação Portaluppi e dos atuais proprietários da Casa Atellani, em colaboração com o enólogo Luca Maroni e com a Universidade de Artes Agrícolas, representada pela geneticista Serena Imazio e especialista em DNA de videira, o Professor Attilio Scienza.

Esta equipe de pesquisadores levou 11 anos para localizar o vinhedo de da Vinci, identificar os restos de videira descobertos durante a escavação e, em seguida, encontrar um clone da uva Malvasia de Candia Aromatica semelhante à sobrevivente, que foi localizado em Piacenza, a sudeste de Milão. A partir daí o Castello di Luzzano, de Rovescala, província de Pavia, foi escolhido para liderar o projeto porque trabalha há séculos com a casta Malvasia di Candia. 


Pois é: um vinho feito a partir da uva Malvasia di Candia Aromatica, no mesmo terreno em Milão, onde da Vinci mantinha seu vinhedo, foi recriada. E agora? Agora é esperar que um dia esta produção seja ampliada. Os produtores envelheceram as 330 garrafas de vinho em ânforas de barro, antes de engarrafar. Terão que pesquisar métodos e ampliar a produção. O vinho foi lançado agora porque em 2019 é o ano que se relembra os  500 anos da morte de Leonardo Da Vinci em Milão, dia 2 de maio de 1519.

De qualquer maneira é possível visitar o vinhedo de da Vinci em Milão que é aberto ao público e tem bistrô, museu, venda de produtos relacionados e é muito bonito.  Fica na Vigna de Leonardo, uma entidade que cuida desta parte da herança de Leonardo da Vinci em Milão. Anote aí: Corso Magenta, 65,Milão. Você não vai encontrar o vinho do Mestre, mas qualquer vinho que provar por lá vai ser bom. Saiba mais aqui: https://www.vignadileonardo.com/en


Mas como “In VIno Viajas” é cultura, anote aí dois mestres da literatura que também gostavam muito do vinho da mesma uva Malvasia de Candia: William Sheakespeare e José Saramago. Os dois curtiam muito o Malvasia Vulcânico DO Lanzarote, produzido há centenas de anos nas Ilhas Canárias por um processo complicadíssimo. Veja aqui: http://www.invinoviajas.com/2014/01/conheca-o-vinho-malvasia-que-nasce-na/
 

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